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sábado, 30 de março de 2019

MEU TIO DA AMÉRICA


Mon oncle d’Amérique é um filme (1980) do francês Alain Resnais, autor também do amargo Hiroshima, mon amour. Na trama, um fazendeiro é diretor de uma empresa em fase de cortes de empregados. Convivem Janine Garnier, atriz de ambições e amante de um senhor casado, e Jean Le Gall, ativista político e escritor em crise existencial. Pano de fundo, as ideias do neurocientista Henri Laborit, também narrador do filme.
Henri Laborit
Segundo Laborit, há quatro elementos que regulam a conduta das pessoas: o consumo, a recompensa, a punição e a inação. Revolucionou a psiquiatria em 1952 ao introduzir novas drogas em alguns tratamentos e teve sua participação no filme duramente criticada pela comunidade científica. Era adepto do chamado behaviorismo, teoria que analisa indivíduos e animais pelo seu comportamento e associa as atitudes das pessoas às suas neuroses e doenças. É o retrato de uma intensa disputa no trabalho que leva a alucinações. Eis a América de Resnais.
As 13 colônias: o início de tudo
Em busca dessa competição, do ‘fazer a América’, fui para os EUA em 1977, com chances para estudar nos melhores lugares e sonhando com trabalho. Mas já saindo do aeroporto de Boston veio o primeiro choque: um enorme outdoor parece que alertava para o que eu iria encontrar: Competition. That’s what makes America great! (Competição. É o que a faz a América grande!). Uma nação erguida por 13 colônias de culturas e Igrejas diversas disputando terras, cultivo, gado e dinheiro. Competia-se dentro de cada uma e todas entre si. Mais tarde, ciência, esportes, jogatina, ascensão na vida, busca pela excelência em todas as atividades, ser a maior nação.
Sly & the Family Stone
Em 1974, eu já havia estado em NY. Resolvi ir a um show do grupo de funk (nada daquilo que se ouve por aqui) Sly & the Family Stone, ritmo e balanço evocando o lema de George Clinton, shake your ass and your mind will follow (o ‘sacuda seu traseiro e sua mente seguirá’). Era no famoso Radio City Music Hall, e fui sozinho.
Lá, grupinhos e gangues davam medo. Recém-chegado, vi que tinha apenas uma nota de US$ 100 – o equivalente a coisa de R$ 1.900, em valores atuais. No caixa não havia troco, e um monte de pivetes cercou-me para ‘ajudar’. Salvou-me um contrabaixista de apelido Yinka, do Harlem, que veio ao meu encontro e foi logo se apresentando. Fomos ao show, um deslumbre, mas declinei do convite para ir ao gueto nova-iorquino ouvi-lo tocar. Seria às 2h da manhã, loucura.
Essa experiência de 1974 ajudou-me a lidar com a vida nos EUA a partir de 77. Ainda não estava em condições de competir para os bons cachês de orquestras, então fiz como muitos brasileiros, usei minha alma latina para ganhar algum dinheiro com música enquanto estudava. Surgiu um convite para tocar salsa com um violinista cubano de alcunha William Fox.
Roxbury, Boston
Metrô para Roxbury, saindo perto do New England Conservatory e cruzando a chamada limit zone (zona do limite). Basicamente, um bairro-gueto enorme, brancos, negros e latinos, brigas e sensação de insegurança à flor da pele. Mas precisava daquilo para me preparar para o ingresso no curso superior dos meus sonhos. Em uma das viagens, um sujeito, de pé no vagão, calmamente enrolou seu baseado e começou a fuma-lo. Ninguém deu a mínima. Claro, fiquei preocupado, imaginei polícia invadindo, essas coisas. Fui discreto, perguntei se ele não tinha medo de ser preso. Pronto: abriu a torneira, dizendo-se herói da guerra do Vietnã, vítima de uma bomba, puxou a barra da calça mostrando a prótese de madeira. E gritava salvei a América, ninguém manda em mim, coisas do gênero.
Veteranos, os vets
Muito comum ver esses ex-veteranos de guerra – e ex-presidiários – de todas as origens pelas ruas, alguns dóceis e outros nada, praguejando em voz alta para si mesmos. Ou com camisetas de recordação: visit fascinating Vietnam. Quando quietos, e não surtados, não incomodavam, mas não se sabia no que poderiam se transformar de repente. Mas ou eu tocava o barco ou terminaria por desconfiar e ter medo de todo mundo. A América já não era tão ‘Disneyworld e Hollywood’ assim (conforme vou ilustrando neste espaço), mas o intento de estudar cada vez mais, seguindo os conselhos do professor, era ouro – nunca aceite menos do que primeiro, disse.
Consulado dos EUA em SP: fila para vistos
Nós aqui temos bandidos e psicóticos. Americanos também (e têm terroristas de sobra, brotam da noite para o dia). Aqui, por um visto de turista ou estudante nos EUA vive-se uma odisseia. Meu permanente obtive lá mesmo, depois de anos, e só após interrogado sob juramento, o passado remexido. Nas filas dos consulados no Brasil é frequente candidatos a turista nos EUA terem o visto negado de pronto, às vezes sem saberem o porquê.  Há muito tempo existe um rígido controle de entrada e o atual presidente americano ainda quer apertar mais e mais, vide o muro na fronteira com o México. Há um cuidado policialesco com quem quer entrar no país, mesmo que por via legal.
Pero Vaz de Caminha
O Brasil é terra onde se plantando tudo dá, disse Vaz de Caminha. Do bom e do ruim, ‘banana pra dar e vender’. É positivo turistas injetarem recursos aqui, mas não dá para ‘fazer o bem sem olhar a quem’. Enquanto isso, nossos marginais de estimação sequer viajam para os EUA. E não apenas os turistas americanos – jovens, casais de idosos, recém-casados e yuppies - terão aqui as portas abertas, o perigo também terá. A massa entrando livremente não terá rosto nem passado, e pode haver consequências. Enquanto isso, nossos pivetes, punguistas, organizações criminosas e 'arrastões' também estarão ávidos por fazer a festa que nos dá péssima fama. Haverá competição.


sábado, 23 de março de 2019

ALEXA NÃO É UMA MULHER DE VERDADE

Mário e Ataulfo

Era 1942. Ataulfo Alves e Mário Lago compuseram um samba-canção lamentoso, e como ninguém queria gravar fizeram-no eles mesmos, com enorme sucesso: Ai, que Saudade da Amélia, de letra (palavras do Mário Lago)  inspirada na lavadeira da cantora Aracy de Almeida. Surgiu então uma das joias eternas da música brasileira, o retrato da mulher submissa e perfeita, hoje coisa politicamente incorreta, dicionarizada no Houaiss como ‘mulher amorosa, passiva e serviçal’. “Você só pensa em luxo e riqueza / tudo o que você vê você quer / ai meu Deus, que saudade da Amélia / aquilo sim é que era mulher”.
Carmen e Aurora Miranda: sucesso com "Cantores de Rádio"
Alexa sim, é perfeita, mas não lava nem passa, sequer cozinha e tampouco limpa. Porém, é absolutamente fluente em inglês, seu idioma nativo, e corrige o patrão no mais exigente sotaque Britânico, of course. Só abre a boca quando perguntada ou a pedido. Ligar o som, alterar o volume, selecionar e trocar de música com rapidez, lembrar dos afazeres, ajudar na lista de compras, acender e apagar luzes, ligar e desligar aparelhos, cronometrar o tempo e acordar o patrão de manhãzinha, tal qual os Cantores do Rádio, da marcha de Lamartine Babo, João de Barro e Alberto Ribeiro: “Nós somos as cantoras do rádio / levamos a vida a cantar / de noite embalamos teu sono / de manhã nós vamos te acordar”.
Chegou a hora e a vez de Alexa! Não namora, não canta, mas coloca para tocar, a seu pedido, horas de Bach com Glenn Gould ou Swingle Singers, talvez Rolling Stones ou Carpenters. Você comanda, ela obedece (Alexa, abaixa o volume, aumenta, para (o telefone está tocando). Recomece ou continue de onde parou. Me acorde às 7h, mas antes de eu me deitar lembra do forno ligado, em exatos 15 minutos. Alexa nunca se cansa, até o último pedido, aliás, pode apagar as luzes? Que horas são, qual a previsão do tempo para hoje (ou o fim de semana), prepare a lista de compras da casa. Naquela noite de berço esplêndido, cansado, peça um romance ou poema de sua escolha, ela o lerá. Quais as notícias do dia? Alexa é perfeccionista incansável, por isso quando você der as ordens faça-o claramente, em inglês irrepreensível, ou ela não vai entender – ou vai corrigi-lo: Alexa, toque Joan Baez tem de soar algo como ‘play Djoán Baés’.

Meu Echo Dot
Alexa trabalha 24h por dia, apesar de morar em uma nuvem, dessas dos novos tempos, lugar dos anjos onde milhões de informações são hospedadas em espaços virtuais. E mais, Alexa trabalha de graça, você só paga para adquirir, a preço bem módico, o aparelhinho para se comunicar com ela, o Echo Dot, que não ocupa espaço: tem apenas 8cm de diâmetro por 3,5cm de altura, cabe no bolso. Não precisa ligar na tomada, ele se alimenta por USB e funciona via Wi-Fi. Para um som de auditório sinfônico ou de um show de rock, plugue o cabo estéreo de seu equipamento no Echo Dot. Ah, Alexa pode ouvir seus comandos de qualquer canto, pois o aparelho tem oito microfones (sou toda ouvidos, diria ela).
Infelizmente, por enquanto Alexa só fala inglês, mas em pouco tempo deverá ser hábil no português e estará nas lojas. Meu Echo Dot ganhei de Natal, presente da minha filha que mora em Londres. Quando vi aquilo funcionando, fiquei meio bestificado, era algo com que não sonhava, a tecnologia anda na velocidade da luz e nossa cabeça na idade da pedra, imaginei. E meu netinho tranquilamente dando ordens e pedindo músicas para Alexa, parte do cotidiano dele. O fabricante do Echo Dot tem lojas no mundo inteiro, mas, pelo sotaque da Alexa, creio que a invenção deve ter nascido na Inglaterra. A empresa é uma grande distribuidora de todos os tipos de aparelhos, objetos, livros, roupas, móveis e parafernálias diversas, inclusive de outras lojas.
Supermercado virtual (criação FloorForce)
Há uns vinte anos, em São Paulo, ocorreu um episódio cômico com uma amiga, produtora artística, residente na Vila Mariana. Certo dia, ela fez um pedido de compras no site de um supermercado, via Internet. As gôndolas virtuais informavam na tela o estoque disponível do produto, preço, ao final pagava-se com cartão de crédito para receber em casa na hora marcada. Uma beleza para quem tem horror a supermercados, como eu. Logo chegaram as compras e a avó de Cecília, já bem avançada nos anos, atendeu a porta. Viemos entregar do supermercado tal, ela disse sim, e eles deixaram as caixas das compras. A velhinha gritou minha filha, as compras chegaram, mas onde está você? Aqui embaixo, vó. Mas não vi você entrar! disse a velhinha, perplexa. Não, vó, nem saí, fiz as compras pela Internet. Ao ouvi-la chorando, Cecília subiu preocupada, a avó entregue aos prantos. Onde vamos parar? Isso é troço ruim, coisa do capeta, só pode ser, resmungou inconformada. Depois de algum consolo, a velha senhora ficou mais calma. É que aquilo era demais para quem viveu a infância ouvindo rádio de ondas curtas e pulando amarelinha.

Ferro a brasa
Lembrava dos tempos sem geladeira, comida mais fresca dormia na janela, para pegar sereno. Carne, coisas assim, mergulhadas na banha. E o ferro de passar era um daqueles com chaminezinha, brasas de carvão lá dentro para esquentar. Claro que esse salto enorme no tempo deve ter sido um choque brutal. Eu pensei comigo que tudo aquilo que tem surgido, como agora a Alexa, é coisa do bem, para nos ajudar. Mas alguns desses avanços – Alexa nunca, aposto - podem ser usados para coisas ruins. Como sempre, há mal quando alguém utiliza essas traquitanas contra os outros, mas há bem pelo que elas podem trazer de qualidade de vida e conforto ao mundo.

sábado, 2 de março de 2019

ADEUS ÀS ARMAS


Preta, brilhosa, pesada. Cabo de madeira de lei. Quando eu a limpava, assobiava a música do Moraes Moreira, preta, preta, pretinha, lubrifica-la era mais do que um passatempo, coisa de arte. Puxar o carro, ver se desliza bem, limpar o pente, verificar as balas (um projétil pode atravessar duas pessoas, mas se a pólvora é velha o tiro pode ser escudado por um RG no bolso, ou na palma da mão, deu no jornal uma vez).
Após o disparo de uma 765/PT 158, o gás ejeta a cápsula deflagrada e num átimo a mola do pente faz subir outra bala, daí não haver coice. Pode-se disparar de um a uma sequência de até doze tiros. Quando o modelo foi lançado no Brasil, delegados de São Paulo receberam algumas para teste. Uma delas mais tarde passou para o nome do filho de um deles, vizinho conhecido meu. Pendurado em dívidas, ofereceu-me para comprar. Levei, e com ela fui na chácara de um hoje muito saudoso aluno, lá poderíamos treinar com um primo dele, militar e aficionado. Cheguei a andar com ela, coldre no sovaco, alcance da mão, não dava para ver sob o paletó.
Pente carregador
Nos fins de semana, costumava às vezes tomar um lauto café da manhã na padaria de uma esquina da Vila Mariana com meus dois filhos mais novos, então com coisa de seis e oito anos. Voltamos para casa, abri o portão automático, entrei, mas antes que a traquitana fechasse de vez um sujeito jogou-se por baixo, e, armado, anunciou o ganho, hoje talvez dissesse perdeu, caubói. Abri a casa, obedeci à ordem de acionar o portão elétrico, entraram mais três deles. Todos de ninja, menos um. Estava armada a festa. E bem armada.
A bela e tradicional padaria
O líder do grupo, dopado até o cocuruto, queria dólar, ouro e arma. Eu não tinha valores, só a pistola. Está no arquivo, eu disse, um dos bandidos foi buscar e só faltou beijá-la, dizendo-lhe uma gracinha. Mas foi sob a mira dela que manteve meus dois filhos pequenos, bem ao meu lado. Desmancharam os guarda-roupas, deitaram todos os quadros da casa no chão, e nada. Um deles pegou meu cartão de banco e levou a senha. O primeiro caixa eletrônico filmou, soube depois, mas estava quebrado; o contrário aconteceu no caixa de uma agência, câmera inoperante, vi depois. O cartão tinha sido bloqueado, eta senha danada! Tenso que só eu, devo ter passado o código errado.
Não tinham jeito de levar mais, meu carro na garagem já havia sido carregado com o ganho do dia: roupas, eletrônicos, TV, computadores, relógio, carteira. O que não os saciava, eles queriam mais. O líder ameaçou levar minha filha como refém, aí me deu gosto de fel na boca, longos momentos de ódio e sangue frio. Mudou de ideia, acertou de nos encontrarmos na segunda-feira na estação Tatuapé do metrô, eu levaria uma maleta com 50 mil reais. Combinado, trancaram-nos na cozinha (uma, duas ou mais horas? O tempo da angústia retarda até ponteiro de relógio). Peguei um telefone velho no fundo do gaveteiro da pia, descasquei o fio e liguei no cabo que  passava no canto, uma gambiarra. Liguei. Em pouco tempo, um amigo abriu a porta e nos livrou. Ver a casa naquele estado de guerra, foi deprimente, mas não haveria de ser nada, estávamos todos ali, e vivos.
Estação Tatuapé
Dia seguinte, segunda-feira, lá fui eu com a mala 007 cheia. De jornal picado, como a polícia instruíra. Desci na estação, a área cercada de policiais à paisana. Polícia Civil, DOE, até o DAS (Divisão Anti-Sequestro), que geralmente só atende em casos consumados. 
Esperei em frente à tal carrocinha de doces, ninguém. Encostei a maleta no meio-fio como chamariz, nada. Veio um rapaz e comprou um doce, falou baixinho para mim não há nada aqui, era só para você ficar com medo. Outro passou sussurrando que foi só para ganhar tempo, e veio um outro, baixando a ordem: vamos embora, é blefe.
16 DP - Vila Clementino
Fiz o BO no 16° DP. Ante a pergunta da simpática delegada sobre se eu tinha uma arma, se fora levada, se era fria, eu disse que sim, sim e não. Era registrada e com porte. Pois tanto pior, disse ela. Mas não se lembra onde estão porte e o registro? Vou bloquear este computador e o Sr. vá em casa encontra-los. Se a arma for usada em algum crime, o Sr. estará dentro. Corri, logo abria gaveta por gaveta, pasta por pasta, papel por papel do meu arquivo, e finalmente achei os documentos. Voltei ao DP, a delegada deu baixa na numeração, eu estava livre. Meses depois, recebi ligação de uma outra delegada, dessa vez do 3° DP, de que a pistola fora usada em um 157 (par. 3°: latrocínio). Mas a Justiça já custodiava a arma, eu havia dado baixa e agradecia por ter sido salvo de mais essa encrenca. Foram dias indescritíveis.
Saguão com lojas e elevadores
Passou algum tempo e minha filha mais velha pediu-me para ir buscar o violoncelo dela, que estava em uma luteria de um prédio tradicional da Av. Paulista. Fui no horário marcado, mas precisava comer algo antes, enganar a fome em um café ali embaixo. O elevador chegou ao térreo, dane-se, vou depois, fome também mata! Entrou um senhor com uma maleta, já estava filmado, diz o jargão. Logo entra mais outro, e mais um. A porta do elevador se fecha. O resto, já que saí do prédio ao ouvir barulho e ver uma confusão, vim a saber pela TV à noite e jornais do dia seguinte. Um dos sujeitos anunciou o assalto, pegou a maleta e o terceiro sacou de sua arma contra o bandido. Mas levou um tiro na cabeça, morte na hora. Detalhe: o sujeito assassinado era delegado de polícia recém-aposentado, com 30 anos de carreira. Isso, com a experiência dele no uso de armas, com a vivências de situações semelhantes, o que faria eu no lugar dele?
No plebiscito de 2005, votei com os 63,94% pelo não, que derrubou os 36,06% a favor das armas. Motivos de sobra eu tinha e tenho: este breve relato poderia ser um capítulo entre tantos que dariam um romance. De suspense e terror.
(Adeus às Armas é o título um romance de Ernest Hemingway, publicado em 1929. O escritor suicidou-se aos 61, com um tiro de seu próprio rifle. Fica a homenagem. Abaixo, Ernest Hemingway e seu cano duplo)