O que existe para ser ouvido em todos os gêneros
As emissoras de TV preparam os mesmos shows de sempre, as mesmas vinhetas e jingles, só mudam os atores sorridentes e artificialmente alegres (façamos justiça: há uma bonita canção de um anúncio da Varig). Você é obrigado a ouvir péssimas adaptações das chamadas Christmas carols (canções de Natal) americanas, muitas delas de uma pobreza de tradução claudicante. “Toca o sino, pequenino / sino de Belém...” (Jingle bells) e não dá para esquecer aquela história famosa em que um jogador de futebol desce no aeroporto da capital do Pará, declarando estar “muito contente por conhecer a terra onde Jesus (sic) nasceu”. Velhinhos de barba postiça sofrem com o calor do verão brasileiro, vestindo túnica e gorro vermelho e branco, esperando as renas que não existem por aqui, a neve que aqui não cai e a árvore chamada “maple”, que só cresce em clima temperado - mas aqui pode ser substituída por pinheirinhos).
Muitos esbanjam, competem na decoração da casa, esnobam roupas caras, comem gulosamente, empanturram-se e se embriagam, trocando presentes e ‘amigos secretos’ – que nada mais são do que uma invenção da classe média para baratear os custos dos antigos e generosos Natais. No meio da farra, que nada difere daquela do réveillon ou de um churrasco de fim de ano na empresa, não param um segundo sequer para pensar que a data comemora o nascimento do Salvador – para os que crêm ou não (o sofrimento do filho de Deus foi para todos), o símbolo, o anúncio da Paz que um dia virá.
Penso que a grande maioria não conhece, ou apenas acha familiar alguns dos grandes clássicos natalinos. Para quem gosta do ‘pop’ de bom gosto, há o Merry Christmas, CD com linda interpretação de Mariah Carey, os CDs de Elvis Presley, com a antológica Blue Christmas, ou ainda John Lennon, com Merry Christmas (com subtítulo “a guerra acabou”, celebrando o final do conflito do Vietnã): “Então é Natal / e o que você fez? / um ano a mais / e um ano novo / acabou de começar / Então é Natal / espero que você se alegre / e ao próximo e aos queridos / o velho e o novo / um feliz, feliz Natal / e um feliz ano novo / que seja um bom ano / sem medo algum” (trad. livre). Tem também um lindo álbum inteiro do Bob Dylan, Christmas in the heart (Natal no coração) – apesar de ser judeu, Dylan sempre comemorou o Natal.
(No link abaixo, Elvis canta Blue Christmas, de 1968)
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