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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

O ÚLTIMO DEBATE

 


Quinta-feira, 22 de outubro. Segundo e último debate presidencial norte-americano na TV, após um encontro agendado anteriormente ser cancelado porque Donald Trump havia se recusado a discutir on-line. Simplesmente desistiu, sem insistir no “ao vivo” com a prepotência que lhe é peculiar. (Bom lembrar que ele ainda estava em fase de poder contaminar os presentes).


No primeiro debate, um Trump ensandecido se utilizava de todos os artifícios possíveis para monopolizar o encontro, uma verdadeira pirotecnia com que buscava perturbar o discurso do adversário. O mediador foi leniente quanto ao tempo sempre extrapolado de Trump. Resultado: um fracasso para o presidente. Uma pesquisa da rede CNN deu a Biden 57% das preferências e 41% a Trump, abalando as hostes republicanas.


Se ao primeiro debate assisti com tradução simultânea por uma TV brasileira – ideia sobre a qual já teci neste espaço minhas restrições -, no encontro vice-presidencial (VP) entre Kamala Harris e Mike Pence houve mais comedimento por parte do republicano, sem o estrelismo de Trump, e uma participação mais arrojada de Harris. Depois da tradução simultânea para o português do primeiro debate, para este encontro optei pela CNN americana, com letreiros em inglês – excelente, e acessível ao milhão de surdos funcionais e deficientes auditivos do país, fora os eleitores latinos, por exemplo.

Kristen Welker (El País)

Para o último debate, já entre os candidatos à presidência, optei pelo site do NY Times, sem tradução ou legendas, bem mais eficiente: era possível unir palavras e emoções dos contendores de maneira especial. A mediação, a cargo da excelente Kritsten Welker, trouxe como novidade o controle dos microfones para que certos rompantes estrelados por Trump no primeiro debate não se repetissem – ao menos não a ponto de conturbar toda a discussão. Cabe aqui lembrar um momento tragicômico: o velho Ronald Reagan, apagado da cena e como se surgido das cinzas, declarou à imprensa (sob o título “Dos anais da história dos microfones calados”), que estaria “pagando por este ‘momento microfone’”, tomando para si a novidade ao acatar a inovação, no passado. Kristen Welker permitiu algumas liberdades, sim, mas manteve tudo sob seu controle. O ambiente mais sereno, contudo, não aplacou algumas estocadas de ambas as partes.


Simbolicamente, Biden entra com sua máscara preta, e a retira antes de começar. Pouco depois, ao falar, ele a ergue, como fosse uma flâmula, lembrando a necessidade de proteção.

Houve troca de acusações, algumas infundadas, sobre ligações de ambos os lados ora com a Rússia, endereçadas a Trump, ora com a China, por parte de Biden. Inclusive sobre uma conta do primeiro em um banco chinês, maculando a assepsia do presidente em relação à sua escancarada ‘sinofobia’. Usando um velho mote republicano, insistiu que os democratas iriam aumentar impostos, ao que Biden respondeu que não os dos pobres, sua intenção seria criar uma medicina affordable - possível de ser paga pela maioria -, melhorando e ampliando o chamado Obamacare.

Crianças mexicanas retidas na fronteira

Perdi a conta de quantas vezes Trump repetiu que Biden esteve lá (no poder) durante oito anos “e não fez nada” em relação a isso ou aquilo, esquecendo-se de que seu vice, Pence, nada fez como vice-presidente nos últimos quatro anos (como se Trump lhe desse esse espaço). Biden, focando em um ponto nevrálgico, o emocional do eleitor – já não são tantos os indecisos de que ele precisa -, lembrou as crianças separadas dos pais na fronteira com o México, enquanto Trump, aparentando naturalidade, retrucou que elas “estão sendo muito bem tratadas”, como se bastasse alimentá-las e lhes dar teto.


Biden, mais uma vez, referiu-se a um certo racismo institucional, palavras que atingem em cheio Trump e seus apoiadores, entre eles os supremacistas brancos (como os Proud Boys e o Ku-Klux-Klan). Ao estilo de uma velha raposa brasileira, Trump se disse “a pessoa menos racista” do país e que, “à parte Abraham Lincoln, ninguém fez mais pela comunidade negra deste país do que eu”, sob irônicos sorrisos até de alguns republicanos na plateia, segundo o NYT. (Lincoln declarou a abolição em 22 de setembro de 1872).

Mina de carvão na Pennsylvania

No quesito clima e meio ambiente, um de seus pontos mais fracos, Trump saiu-se mal, tentou revertê-lo em seu proveito ao afirmar que Biden iria destruir a indústria carvoeria do país, entre outras poluidoras, jogando os poderosos industriais contra o democrata.

"Fact checker" da CNN: "Trump mentiu sem parar"

Uma das berlindas do debate, como era de se esperar, foi o Coronavírus. Mais uma bravata de Trump: “estamos vencendo esta luta!” Apontada como falsa pelos fact-checkers (verificadores de fatos) do New York Times, que afirmou: “na verdade, estamos em uma terceira onda”, e que os 70 mil novos casos diários são o maior número desde julho. Biden escorregou ao dizer que os estados republicanos do meio-oeste estavam tendo picos do vírus. Analistas da CNN acham que Trump esteve bem comportado, porém “mentiu mais”. Segundo a tradicional pesquisa da emissora, 53% acham que Biden venceu o debate, e Trump, 49%.

Em destaque, os "estados oscilantes"

Os próximos passos serão conquistar os indecisos, investir nos estados com mais votos no Colégio Eleitoral e cooptar os “oscilantes”: com Biden, estão Wisconsin (10 votos no Colégio Eleitoral), Michigan (16), Pennsylvania (20) e Florida (29), enquanto Trump tem, por escassa margem, Ohio (18) e Iowa (6). O resultado desta eleição será de grande impacto para o mundo e em especial o Brasil, seguidor incondicional da política trumpiana. A despeito da recente sobretaxa de 130% pelos EUA em nossa importação de alumínio.

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