Outros cantaram um exílio mais contemplativo, melancólico, como Caetano Veloso em “London, London” (trad. livre do A. - o original de Caetano é em inglês): “Eu estou solitário em Londres / Londres é tão amável / eu atravesso as ruas sem medo / todos parecem abrir caminho / eu sei, eu sei, ninguém aqui / vai me dizer olá (...)”. Parece que a quietude de Londres incomodava o cantor, uma cidade tão bela, tão aprazível – e isso ia de encontro, claro, às lembranças da perseguição, dos dias sombrios do cantor na prisão e da partida para a Inglaterra – durante a qual ele certamente deve ter rememorado uma de suas mais antigas canções, sobre a vinda da Bahia para o “Sul-maravilha” (como dizia o cartunista Henfil): “No dia em que eu vim-me embora / minha mãe chorava em ai / minha irmã chorava em ui / e eu nem olhava pra trás / no dia em que eu vim-me embora / não teve nada de mais”. Ouça e veja “London, London, com a banda Black Rio, em 1978:
Gilberto Gil preferiu cantar um exílio menos conformista, como é de seu estilo: extrovetido, alegre, ‘mutatis mutandi’. Após o retorno, Gil evocou seu desterro com um rock bem ‘raiz’ brasileiro, "Back in Bahia": “Lá em Londres, vez em quando me sentia longe daqui / vez em quando, quando me sentia longe, longe, dava por mim / (...) nervoso, querendo ouvir Cely Campello pra não cair / naquela fossa...”.
Veja e ouça, em 1972, logo após a volta de Gil ao país (no baixo elétrico, com certeza, Bruce Henry. Na guitarra, Lanny Gordin - ou você arrisca outro?):
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