Elisa Lispector (Ucrânia, 1911, RJ, 1989) |
Belíssimo é o livro “No Exílio”, de Elisa Lispector (RJ: José Olympio, 2005). Elisa era irmã da consagradíssima e saudosa Clarice Lispector, e onze anos mais velha do que ela. Enquanto Clarice era intimista, com uma visão do mundo mais turva e da felicidade mais simbólica, Elisa sai da Rússia sob o medo dos tzares, dos bolcheviques e das perseguições aos judeus. O romance não é um devaneio literário, ele deixa entrever no véu da escrita imagens de um passado real.
Quem não conhece alguém que sofreu o exílio? Meu avô materno, militar, ficou um ano e meio na Europa, por ter participado da Revolução Constitucionalista. Sustentava-o e mandava uma ajuda mensal para a família de minha avó o clã Mesquita, de “O Estado de São Paulo”.
Revolucionários de 1932 |
Posso imaginar o que foram aqueles anos: a família – mulher e 8 filhos - não apenas privada do convívio e do bom sustento; as raríssimas notícias apenas aliviavam o medo do pior, tal qual aconteceu com as vítimas de tantas e quantas ditaduras. Mas não nos iludamos: o exílio é muito mais amplo, pode até extrapolar a questão do local onde se é desterrado: ele também é dos que aqui mesmo se esconderam nas cidades e nos campos, para sobreviver, e os que mudaram de nome e lugar, deixando sua identidade real em algum lugar perdido na saudade.
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