Walter Smetak (bateia.com.br) |
Dulcimer |
Instrumentos de Smetak (Sec. Cult. Bahia) |
Ravanastron |
Joe Maneri: outra lenda |
Monocórdio |
Uákti (Foto Jefferson Oliveira) |
Este último assumiu de vez o experimentalismo no LP Araçá
Azul, incursão que veio não para fazer sucesso, claro, era biscoito fino, mas foi
marco do limite a que havia chegado aquilo que Augusto de Campos, em seu livro
“Balanço da Bossa” (SP: Ed. Perspectiva, 1968), chamou “linha evolutiva da MPB”.
No Rio, seduziu e foi seduzido pela bela cantora Diana
Strella, filha de um dos integrantes do Bando da Lua de Carmen Miranda nos EUA,
que despontara em um dos Festivais da Canção no Maracanãzinho, com “Campos de
Arroz” (“My name is Mary K., noiva da América / ruiva de Robin-Holywood / a
ruiva noitenoiva de Mary Pickford / a pic-nic noiva de Mary Pickford”)
MAM: Miguel Oniga, e eu, violões. Ao centro, Regina Casé (foto Jornal do Brasil) |
Musicalmente, ele “organizava o caos” segundo sua ótica
particular. Na peça, havia cinco bailarinas seminuas e cinco músicos: além de
mim, lembro-me do violonista ítalo-argentino Gaetano Galifi e do percussionista
Joca Moraes. O diretor Jesus Chediak, paralelamente aos ensaios musicais, fazia
diariamente preleções sobre ocultismo, cabala, orixás, óvnis e tudo o mais que
pudesse sincretizar em nossas cabeças – naqueles tempos já bem feitas, aliás. A
direção do MAM não permitiu uma das ideias mirabolantes do Smetak, potes com
maconha ardendo em cada canto do teatro, por mais que o gênio tentasse explicar
com aquele seu sotaque inconfundível que “ninguém iria fumar”.
Terminou aceitando incenso no lugar da erva. Depois, quis que
os músicos raspassem a cabeça, mas eram tempos de longas melenas, o símbolo da
força contestatória dos nossos tempos, que estavam para nossa filosofia como os
cachos que davam força para Sansão. Já com a estreia próxima, acabou aceitando toucas
cor da pele, como os collants com que nos vestimos.
Caverna em São Tomé das Letras (MG) |
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