Na absoluta falta
de credibilidade das previsões maias sobre o fim do mundo – planeta que, a
contar por profecias diversas já deveria ter acabado várias vezes –, cabe
pensar sobre o final dos tempos. 21 de dezembro de 2012 é considerada a data
final do calendário mesoamericano, ou seja, o ciclo de 5.125 anos em que
acontecem vários alinhamentos astrológicos, interpretados magicamente por
certas fórmulas numerológicas e fundamentados em nada sobre coisa alguma. Há
quem ache que a data marcará a era em que os seres humanos enfrentarão uma nova
e positiva época de transformação física e espiritual (assim seja).
Ruínas maias de Eb Balam |
Outros, videntes
de carteirinha, amadores do oculto e do obscuro, previram para o dia uma enorme
catástrofe ou, ainda pior, o fim do mundo. Para isso, haveria uma interação
entre o planeta Terra e o “buraco negro” do centro de nossa galáxia, e
possivelmente a colisão do pequeníssimo astro em que vivemos com um planeta
chamado “Niburu”, ou “Nibiru”, termo que na astrologia babilônica se refere ao
mais alto ponto do solstício de verão. Porém, ao contrário, os grandes
pesquisadores da cultura maia garantem que nenhuma dessas supostas previsões
encontra amparo em qualquer tipo de registro, e, mais ainda, marcar 2012 como o
fim do calendário daquela civilização é uma alucinação sobre a rica cultura e
história do povo pré-colombiano.
Stalag VIII |
Olivier Messiaen (1908-1992),
organista e ornitólogo, foi um compositor francês da maior importância para a
música do século 20. Sua obra “Quarteto para o Final do Tempo” (Quatuor pour la
Fin du Temps) foi apresentada pela primeira vez em 1941, para os instrumentos
de que dispunha naquele momento: clarineta (Henri Akoka), violino (Jean Le
Boulaire), e um violoncelo com apenas 3
cordas (Étienne Pasquier) além do compositor ao piano. Aquele quarteto de
músicos era prisioneiro de guerra no Campo Stalag VIII-Görlitz da Alemanha (hoje Zgorzelec, Polônia, foto), e em 15 de
janeiro de 1941 estreou a obra em instrumentos velhos, quebrados, sob chuva
fria, ante uma plateia de 400 outros prisioneiros de guerra e sob a guarda de
soldados alemães. Messiaen escreveu que nunca havia sido ouvido com tanta
fervorosa atenção e compreensão.
No prefácio da partitura, o
compositor informa que o trabalho foi inspirado em texto do Livro da Revelação,
da Bíblia do Rei James (Ver 10:1-2, 5-7): “E eu vi outro anjo poderoso vir do
céu, envolto em uma nuvem, trazendo um arco-íris sobre a cabeça, e sua face era
como se fosse o sol. Seu pé direito se apoiava no mar, e o esquerdo na terra. E
este anjo que vi levantou suas mãos para o céu, e foi jurado por ele que não
existiria mais algo como o tempo, e que haveria vida para todo o sempre. Mas no
dia da voz do sétimo anjo, quando ele começar a soar, o mistério de Deus deverá
terminar” (trad. livre).
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