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sábado, 5 de janeiro de 2013

MESSIAEN, O QUARTETO PARA O FINAL DO TEMPO E 2013 – Parte I


Na absoluta falta de credibilidade das previsões maias sobre o fim do mundo – planeta que, a contar por profecias diversas já deveria ter acabado várias vezes –, cabe pensar sobre o final dos tempos. 21 de dezembro de 2012 é considerada a data final do calendário mesoamericano, ou seja, o ciclo de 5.125 anos em que acontecem vários alinhamentos astrológicos, interpretados magicamente por certas fórmulas numerológicas e fundamentados em nada sobre coisa alguma. Há quem ache que a data marcará a era em que os seres humanos enfrentarão uma nova e positiva época de transformação física e espiritual (assim seja).
Ruínas maias de Eb Balam
Outros, videntes de carteirinha, amadores do oculto e do obscuro, previram para o dia uma enorme catástrofe ou, ainda pior, o fim do mundo. Para isso, haveria uma interação entre o planeta Terra e o “buraco negro” do centro de nossa galáxia, e possivelmente a colisão do pequeníssimo astro em que vivemos com um planeta chamado “Niburu”, ou “Nibiru”, termo que na astrologia babilônica se refere ao mais alto ponto do solstício de verão. Porém, ao contrário, os grandes pesquisadores da cultura maia garantem que nenhuma dessas supostas previsões encontra amparo em qualquer tipo de registro, e, mais ainda, marcar 2012 como o fim do calendário daquela civilização é uma alucinação sobre a rica cultura e história do povo pré-colombiano.
Stalag VIII
Olivier Messiaen (1908-1992), organista e ornitólogo, foi um compositor francês da maior importância para a música do século 20. Sua obra “Quarteto para o Final do Tempo” (Quatuor pour la Fin du Temps) foi apresentada pela primeira vez em 1941, para os instrumentos de que dispunha naquele momento: clarineta (Henri Akoka), violino (Jean Le Boulaire), e  um violoncelo com apenas 3 cordas (Étienne Pasquier) além do compositor ao piano. Aquele quarteto de músicos era prisioneiro de guerra no Campo Stalag VIII-Görlitz da Alemanha (hoje Zgorzelec, Polônia, foto), e em 15 de janeiro de 1941 estreou a obra em instrumentos velhos, quebrados, sob chuva fria, ante uma plateia de 400 outros prisioneiros de guerra e sob a guarda de soldados alemães. Messiaen escreveu que nunca havia sido ouvido com tanta fervorosa atenção e compreensão.
No prefácio da partitura, o compositor informa que o trabalho foi inspirado em texto do Livro da Revelação, da Bíblia do Rei James (Ver 10:1-2, 5-7): “E eu vi outro anjo poderoso vir do céu, envolto em uma nuvem, trazendo um arco-íris sobre a cabeça, e sua face era como se fosse o sol. Seu pé direito se apoiava no mar, e o esquerdo na terra. E este anjo que vi levantou suas mãos para o céu, e foi jurado por ele que não existiria mais algo como o tempo, e que haveria vida para todo o sempre. Mas no dia da voz do sétimo anjo, quando ele começar a soar, o mistério de Deus deverá terminar” (trad. livre).  

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