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JK e Lott: garantia de posse em uniforme de gala |
Juscelino tomou posse em 1956 sob ameaças de todos os lados, dos lacerdistas a certas alas das Forças Armadas, e sobreviveu graças ao prestígio militar do Marechal Lott. Fora a insegurança da posse, duas grandes revoltas, em Aragarças e Jacareanga, sacudiram o Governo. JK tinha ojeriza a coletivas, por experiência própria, uma vez que uma pergunta aparentemente normal, mas cheia de veneno, poderia colocar o país de orelha em pé. Eis uma: “Presidente, haverá reforma ministerial?” Feita assim mesmo, surgida do nada. No dia seguinte, a começar pelos 27 jornais da Capital, começariam especulações maldosas e golpistas (sim, o Rio de Janeiro tinha na época meia dúzia de jornais diários, como o JB, O Globo, O Dia, Notícias Populares e Última hora, um outro tanto de semanários e pasquins diversos).
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JK em concorrido discurso |
JK cercou-se de escritores – todos mineiros, claro. Eram eles a eminência parda, o poeta Augusto Frederico Schmidt (mesmo sem cargo), Álvaro Lins, escritor e chefe da Casa Civil, Cristiano Martins, também literato e secretário particular, além de meu pai, entre outros.
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JK, Autran Dourado e o poeta Augusto Frederico Schmidt |
O modus operandi era simples: para coisas bombásticas, grandiosas, escrevia o Schmidt (com eventuais podas de meu pai em trechos extravagantes). Para um texto coeso, preciso, direto, escrevia meu pai, e para páginas belíssimas que tinham o condão de não dizer absolutamente nada, o mestre era Cristiano Martins. Também foi arte de meu pai um papelzinho enfiado no bolso de JK durante um grande comício, bilhete que o Presidente transformou em um brado que levantou a multidão e tornou-se histórico: “Deus poupou-me o sentimento do medo!”.
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