A CADENZA DO VIOLINO, A CADÊNCIA DO SAMBA
E O CURURU
Tanto ‘cadenza’ quanto ‘cadência’ são termos saídos do latim “cadentia”, do verbo “cadere”, que quer dizer ‘cair’. A cadenza do violino é o momento em que a orquestra para e o solista demonstra sua arte expondo seu virtuosismo, tanto musical quanto técnico; a cadenza é geralmente executada no que a disciplina harmonia chama ‘dominante’, ou seja, acorde em suspenso, em tensão, para enfim resolver (ou ‘cair’) na tônica, acorde que por sua vez traz a sensação de repouso. Assim, concluída a cadenza do solista, a orquestra retorna em ‘tutti’ (todos).
A ‘cadência’ do samba são outros quinhentos, diria o sambista. É a regularidade do ritmo, o balanço: “Quero morrer / numa batucada de bamba / na cadência bonita do samba”, melodia de Ataulfo Alves em parceria com Paulo Gesta. É, portanto, coisa inteiramente diferente de ‘cadenza’, e sabe-se lá quem vai explicar como o termo foi parar no samba. Mas é por aí que começamos a conversar.
(a ser publicado na íntegra em ‘O Progresso’ no sábado, dia 15 de outubro)
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