O FOLCLORE E A TRADIÇÃO BRASILEIRA
E as cançonetas populares como ‘Atirei o pau no gato’, ‘Boi da cara preta’? As versões feitas para apresentadoras de TV ‘politicamente corretas’ rasgam a tradição, ignoram a prosódia – que é a relação correta entre letra e melodia-, atropelam o ritmo e empobrecem a música. Ou alguma criança já atirou o pau no gato só por causa dessa música? Nunca ouvi falar de uma que seja. Puxávamos o rabo dos bichanos, mas era uma coisa que fazíamos quando bebês, sem pensar (foto). Fora isso, as crianças hoje estão mais ligadas nas novelas das mamães, nos games do irmão mais velho e nas redes sociais da Internet (quando podem dispor desses mimos, claro).
Para finalizar, é comum o povo referir-se ao patrão ou a pessoa ‘distinta’ como ‘dotô’. Mas é um gesto submisso, que vem desde a aristocracia e as oligarquias brasileiras. Nós continuamos a chamar médicos e advogados de ‘doutor’ por uso e costume. Mesmo que, a rigor, doutor seja aquele que fez o doutorado’ (também na medicina e no direito), assim como em outros idiomas. Por uso e costume, e não por submissão, continuarei a chamar esses profissionais a quem recorro de ‘doutores’. São coisas que a gente diz sem pensar, uso e costume. Que a palavra do povo nunca seja aprisionada: isso faria do nosso português uma língua morta, chata e pobre. (Veja e ouça abaixo ‘Café society’, de Miguel Gustavo, com Jorge Veiga, que começa com um “Doutor de anedota e de champanhota...” – letra feliz e muito divertida).
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