Aposentos de Bach, hoje assim como há 4 séculos |
Necessitando de uma renda a mais,
Bach escrevia para qualquer ocasião, de casamentos a funerais. Mas deixou de
lado certos princípios da rígida doutrina luterana quando escreveu a um amigo,
Erdman, em 1730, queixando-se da saúde pública e do saneamento da cidade, que
lamentavelmente, segundo ele, haviam melhorado muito: por essa razão, começaram
a ficar mais escassas as encomendas para enterros solenes e obras fúnebres. Com
tamanha volúpia artística e facilidade absurda para compor, dizia que qualquer
um que trabalhasse o tanto que ele trabalhou obteria o resultado que ele
conquistou. Sobre as letras de seu nome - B (si bemol), A (lá), C (dó) e H (si
natural), compôs nada menos do que 37 obras).
O Duque de Sachsen-Weimar |
Apesar de sua enorme
religiosidade –“tudo o que fiz dedico a Deus”, disse ele-, Bach às vezes
esquecia os conselhos de paz divinos: era meio brigão. Não aceitava aquela
baguncinha de músicos-funcionários-públicos tão típicas de algumas orquestras
estatais. Certa vez, durante um ensaio, Bach travou uma discussão com um
fagotista, Geyersbach, e o repreendeu perante os colegas. Na praça, partiu para
cima do rapaz, brandindo sua espada no ar, enquanto o jovem músico tentava se
defender com um pedaço de pau, até que a briga fosse apartada. Fora isso, ia
para a cervejaria ou café de sua preferência, após os ensaios, e se esbaldava
bebendo e improvisando com os músicos. Em 1717, requereu uma licença para o
Duque de Sachsen-Weimar (ilustração), para quem trabalhava há 4 anos. Pedido
negado, Bach tentou exigir a regalia à força, razão pela qual foi expulso do
palácio e preso por um mês.
Bach com alguns de seus filhos |
O compositor morreu cego e
apoplético. Para tentar salvá-lo da morte, havia sido chamado às pressas um
famoso médico inglês, John Taylor, mas a cirurgia foi malsucedida (dois anos
depois, o mesmo cirurgião foi chamado para tentar salvar o compositor Händel,
que morava na Inglaterra, mas também falhou). Pouco antes de se encontrar com
Aquele a quem dedicara toda a obra, o Salvador, trouxeram-lhe o neto, filho de
Johann Christian Bach e Elizabeth, para que o conhecesse. Ao genro, Johann
Christoph, também músico, pediu que tomasse um papel de música e uma pena,
passando a ditar-lhe cada nota, cada figura rítmica das quatro vozes com que ia
construindo na cabeça o coral Com Isto me Apresento diante do Vosso Trono.
Antes de partir, pediu aos
presentes que cantassem, com ele, Todos os Homens Deverão Morrer, obra coral
composta sobre versos de Lutero. Finalmente, os olhos cegos brilhando, disse
que em breve conseguiria ver o Senhor. Bach estava bem preparado para aquele
momento, pois tempos antes, em seu livro de notas, havia escrito a seguinte
dedicatória à amada esposa: “Estando tu junto de mim, irei com alegria para a
morte e o descanso eterno. Como será lindo o meu fim, se tuas belas mãos me
cerrarem os olhos!”
A bela Anna Magdalena Bach |
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