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domingo, 23 de dezembro de 2012

O MESSIAS DE HÄNDEL. ALELUIA!!! (Parte 1)



É sabido que muitas das grandes descobertas científicas, obras de arte e ideias de grande envergadura da mente humana foram concebidas, em sua maior parte, sob intenso sofrimento e angústia, o de se estar chegando a uma grande conclusão, uma grande criação, momento em que o criador, artista, filósofo ou cientista leva sua neurose à ebulição, ao final de um trabalho exaustivo e desgastante. Se foi assim com Einstein e a Teoria da Relatividade, também o foi com a 1ª Sinfonia de Brahms, a 9ª Sinfonia de Beethoven e, especialmente, com o Réquiem de Mozart.
Bíblia do Rei James
Assim também foi com a monumental obra Messias, de Georg Friedrich Händel (1685-1759), composta sobre um texto de Jennens sobre a Bíblia do Rei James, acrescido dos salmos do livro de pequenas orações (não constantes da tradução oficial). Com texto em inglês, a obra estreou em 1742, um ano depois de composta e também um ano antes de Händel deixar a Inglaterra, após 40 longe de sua Alemanha natal. A première se deu em Dublin, capital da Irlanda, e acomodou 700 pessoas na plateia, um público recorde. A imprensa do Reino Unido assim saudou a obra: “... de longe, ultrapassa qualquer coisa que tenha sido apresentada neste e em qualquer outro Reino”. Ao final da partitura, Händel faz a dedicatória-símbolo da obra: SDG, Soli Deo Gloria (“A Deus toda a Gloria”, em tradução livre).
Requiem: autórgadfo
O texto passa da Profecia de Isaías sobre a Salvação (Parte 1, Cena 1), à Paixão de Cristo (Parte II, cena 1), Morte e Ressurreição de Cristo (Cena 2), Ascensão e, na Cena 44 da Parte II, o popularíssimo coral Alleluia, de que falaremos adiante. Gloriosa, com trompetes e tímpanos casados (juntos), como era costume na época, este coral passou a ser mundialmente utilizado nas celebrações de Natal, dado o espírito de glória e alegria que evoca. Para o Reino Onipotente do Senhor Deus é cantada pelo coro em uma só voz, potente hino ao Salvador.
A parte final, Rei dos Reis, para todo o sempre, é entrecortada por intermissões de fortes conclamações à alegria, Aleluia!!! O último texto do coral bem exclama: Aleluia! Para o Reino Onipotente do Senhor Deus! O reino deste mundo será o reino do Senhor e Seu Cristo, e Ele deverá reinar para todo o sempre! Rei dos reis, Senhor dos senhores, Aleluia! Quem quiser ver e ouvir o trecho mais conhecido do Messias, o Aleluia!, com duração de apenas 4 minutos: pode clicar abaixo. A apresentação está a cargo da excelente Academy of Ancient Music, sob a regência de Stephen Cleobury:

Interessante lembrar que um grande astro do Rock, George Harrison, dos Beatles, que sempre se envolveu no mundo espiritual, como em sua descoberta do sitarista indiano Ravi Shankar (recém-falecido), também se inspirou na alegria do Coral Aleluia, de Händel, em uma de suas obras primas: My Sweet Lord (Meu Doce Senhor): “Meu doce Senhor / hummm, meu Senhor / (...) Eu quero muito te ver / quero muito estar convosco / eu quero realmente estar convosco / realmente quero vê-lo, Senhor / mas demora tanto, Senhor / (...) Oh, meu doce Senhor / (coro) Aleluia! / humm meu Senhor / (coro) Aleluia! / humm, meu Senhor / (coro) Aleluia! / meu doce Senhor / Aleluia!”. Harrison morreu em 2011, e em sua homenagem uma constelação de músicos se reuniu em show espetacular, contando com o filho de George, jovem guitarrista, o incrível Billy Preston, fabuloso no comando, na voz e nos teclados, Paul McCartney, Ringo Starr, Tom Petty e coro, uma apresentação simplesmente emocionante. Recomendo a audição:

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