(Óleo ao lado: "boemia carioca": Museu Virtual Pintores do Rio) A associação entre músicos e boemia é sempre inevitável, embora o contingente de adeptos deste tipo de lazer exposto aos olhos do público, entre várias outras profissões- como diplomatas, pedreiros e peões, em geral -, nada fique a dever aos primeiros. O problema é a visibilidade, uma vez que, mais exposto, o músico se torna vulnerável à observação implacável dos outros.
Noel Rosa foi um que, apesar de médico, excedia-se no copo antes, durante e depois de compor ou cantar, e tornou famosas algumas cenas que protagonizou. Certa noite, tendo a mãe dele sido sepultada pela manhã, Noel foi visto em um bar, bebendo e vestido com uma camisa de cores berrantes, o copo apoiado naquele queixo caído por causa do fórceps de um parto mal feito. Alguém o repreendeu: “Noel, meu caro, você devia estar de luto!” Ao que o sambista respondeu, improvisando: “luto preto é vaidade/ nesse turbilhão de dor/ o meu luto é a saudade/ e saudade não tem cor”.
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