e o italiano, o espanhol, o brasileiro... Parte 3 de 4
O TEOREMA DE PASOLINI E A REPRESSÃO ITALIANA
Italiano também era Pier Paolo Pasolini, endeusado pela esquerda, cuja obra-prima talvez tenha sido “Teorema” (1968), com Terence Stamp e Silvana Mangano nos papeis principais. Um visitante (Stamp) hospeda-se na casa de uma típica família burguesa italiana. O ambiente, a família, representam a sociedade, campo livre para Pier ridicularizar a burguesia. O cineasta era homossexual assumido, comunista e meio louco: assaltou uma loja à mão armada, para se sentir um personagem bandido. O também italiano Antonioni foi o autor de Blow-up (“Depois daquele beijo”, 1967), filmado em Londres e logo tornado ‘cult’. Um fotógrafo, ao ampliar fotos clicadas por uma linda cliente (Jane Birkin), percebe no fundo de uma das ampliações uma cena de assassinato; daí flui a trama, entre o mistério do crime e a beleza de Jane. Elio Petri filmou “Investigação sobre um cidadão acima de qualquer suspeita”, com Gian-Maria Volonté no papel de um temido chefe da repressão italiana. O policial faz um jogo com pistas do assassinato de sua esposa (no papel, a atriz brasileira Florinda Bolkan), e ao final termina um discurso com uma frase de fazer arrepiar: “repressão é civilização!”
Abaixo, uma famosa cena de “Teorema”, de Pasolini, em que a coadjuvante Silvana Mangano não resiste à tentação e seduz o jovem visitante (Terence Stamp):
Espanha nos deu Luís Buñuel, cujo título que mais me marcou foi “O estranho caminho de Santiago” (La voie Lactée, 1969). Na fita, dois peregrinos vagabundos caminham rumo a uma ‘Meca’ católica, Santiago de Compostella. Buñuel expõe suas críticas ao que considera grandes contradições e heresias da Igreja Católica. Há um momento cruel: os dois peregrinos, mortos de cansaço, sentam-se sob uma árvore, desesperados, e chegam à conclusão de que “os dogmas de Deus são impenetráveis”. A cena simbolizaria o limite para a busca de explicações para tudo.
No vídeo abaixo, os peregrinos creem ter visto um milagre de Cristo – que, na realidade, não aconteceu:
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