A ‘TRINDADE MUSICAL’ DE BEETHOVEN, WAGNER E BRUCKNER E A MORTE DO FÜHRER
Hitler e Goebbels, Ministro da Propaganda nazista, construíram uma espécie de ‘Trindade’ da ‘pura’ música alemã: Beethoven, Wagner e Bruckner. Hitler via em Beethoven um espelho de si mesmo, o olhar penetrante, o brio heroico, o espírito germânico. Porém, o lugar de favorito do Führer pertencia mesmo a Wagner. E essa admiração do ditador não foi apenas musical: na metade do século 19 o compositor havia publicado um agressivo libreto antissemita: Das Judebthum in die Musik (“O judaísmo na música”). Entre 1930 e 1940, Hitler fez do Festival de Bayreuth, inaugurado por Wagner em 1876, espaço de intensa campanha contra os judeus.
Bruckner considerava-se discípulo de Wagner, com quem estudou a partir de 1863; ele havia conhecido o gênio da ópera na estreia de ‘Tristão e Isolda’ uma das mais importantes obras de todos os tempos, marco revolucionário da liberação das amarras da música tradicional (veja um trecho orquestral do Prelude und Liebestod, desta ópera, abaixo, com a Orquestra West-Eastern Divan, formada por jovens judeus e muçulmanos, tendo à frente o criador do grupo, o Maestro Daniel Barenboim).
Existem evidências de que o Adagio da 7ª Sinfonia de Bruckner tenha sido composto após uma premonição terrível – a morte de Wagner. Escrita com o porte solene de uma obra funeral, logo após Bruckner terminar o Adagio, em 1883, Wagner faleceria. Essa associação tornou-se tão forte que, assim que ecoou no mundo a notícia da morte de Hitler, em 1945, a peça foi executada em sua homenagem. (Confira abaixo o Adagio com Karajan e a Filarmônica de Viena).
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