Instrumento foi doado para o Conservatório de Tatuí por Alfredo Egydio Setúbal
Cristina Ortiz: uma das maiores pianistas do mundo Teatro Procópio Ferreira (R. São Bento, 415, Tatuí. 9 de setembro, 20h30).
Foto: Artematriz, divulgação
Após vencer o disputadíssimo Concurso Internacional Van Cliburn, sua carreira internacional teve grande impulso. Desde então, foi solista com as mais famosas orquestras: Filarmônica de Berlim, Viena, Londres e Nova Iorque, e Sinfônicas como as de Cleveland e Praga. Cristina Ortiz já se apresentou sob a batuta de Ashkenazy, Chailly, Foster, Jansons, Järvi, Kondrashin, Leinsdorf, Kurt Masur, Zubin Mehta, André Previn e Zinman, e se apresenta ao lado de artistas como Antônio Meneses, Uto Ughi, Emanuel Pahud, Lynn Harrell e o Quinteto de Sopros de Praga.
Fez a estreia do “Choro” de Camargo Guarnieri no Carnegie Hall de New York e gravou os 5 Concertos de Villa-Lobos para a Decca, entre inúmeros discos, Cristina tem atuado também como solista/regente: no Musikverein de Viena, com a Orquestra de Câmara de Praga e com o Consort of London, em gravação para Collins Classics. Sua discografia inclui mais de 35 álbuns para os selos EMI, DECCA, BIS, Classical Record etc.
Ao me mudar para os EUA, fui inicialmente morar em Brighton, uma daquelas pacatas vilazinhas do entorno de Boston. Como precisava economizar, e queria me ver longe do ‘gueto’ brasileiro – pretendia dominar a língua inglesa -, parti para a região central da cidade, mais precisamente para a Rua Gainsborough, a mesma da universidade (New England) na qual estudava. Essa rua dá para os fundos do afamado Boston Symphony Hall (palco de uma das mais importantes orquestras do mundo) e faz esquina com a Huntington Avenue (foto acima, do Blog), lateral da mesma sala de concertos.
Desde o início, ouvia de colegas piadas que eu não entendia, como “cuidado com o estrangulador”, “mataram mais uma hoje?” Quando pedi explicação para aquele ‘bullying’, contaram-me algo em que não podia acreditar: no prédio 77, geminado ao meu (no 79), 17 anos antes, residira e cometera o primeiro assassinato o famoso ‘estrangulador de Boston’.
(Leia o texto completo em ‘O Progresso’ deste fim de semana, ou no Blog na próxima semana).
No dia 21 de agosto, foram celebrados com cantoria os 30 anos em que o Cururu foi recebido pelo Teatro Procópio Ferreira. Pois foi exatamente no dia 30 de agosto de 1981 que o Prof. Coelho, então diretor da instituição, trouxe violeiros e cantadores ao palco. (Veja este vídeo de 2010, abaixo). O ‘Esquenta Cururu’ do dia 21 trouxe de volta, três décadas depois, cururueiros, aficcionados e ‘novos cururueiros’ ao Teatro, com a presença do Prefeito Gonzaga.
Para quem não sabe, o Cururu é uma das mais fortes tradições do Médio Tietê, no Estado de São Paulo, e é encontrado em Tatuí, Tietê, Pardinho, Piracicaba, Cesário Lange e outras cidades da região. Diferentemente do desafio nordestino, meio falado e improvisado sobre apenas um acorde, a disputa musical do Cururu suporta melodias e harmonia mais complexas, além de requerer do cantador grande habilidade no uso das rimas, denominadas ‘carreiras’. As principais carreiras são a do ‘A’ (casá, namorá, cajá), a de São João (satisfação, oração), indo até as mais intricadas, como a de Santa Inês (vocês, fez, vez). Em outubro tem novo “Esquenta Cururu” no Teatro, e em novembro as duas semifinais e final. Venha! Você vai ajudar a manter viva a tradição, para que o temor de Abel Bueno não se concretize:
“O Cururu está em extinção, por falta de incentivo do Poder Público e até da nova geração, não por culpa deles, mas de falta de divulgação. Como eles vão valorizar o que não conhecem? Acontece que aqueles que sabiam da tradição do Cururu morreram todos e não deixaram herdeiros”
Resultado é o somatório do endereço anterior (UOL) e do atual (Blogspot). Desde 4 de junho no atual endereço, foram 95 postagens, sem contar as de hoje. O texto mais procurado é “Conduzindo miss Deise”, sobre o casamento de Deise Juliana, ex-Gerente de Comunicação do Conservatório de Tatuí, hoje residindo na Alemanha. A mais lida das últimas postagens, semana passada, foi “O Conformista e o perigo de nos acostumarmos”, sobre a corrupção endêmica do país. Bom sinal.
Projeto de Lei no 654/2011, do Deputado Estadual Samuel Moreira, tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo. Passadas as 5 sessões regimentais, Projeto se encontra na CCJR (Comissão de Constituição, Justiça e Redação), para análise. Encerrada a tramitação, segue para o Plenário.
A Lei de Fundação, do Deputado Narciso Pieroni, foi aprovada em 1951 e é o símbolo maior da legalidade da instituição. Citada em todos os documentos, sites, projetos e históricos do Conservatório, de Tatuí, da Secretaria de Cultura e do Governo, a Lei 997/51 foi revogada por iniciativa do então Deputado Cândido Vaccarezza (PT) em 2006. Descoberta a revogação em 2010, foi feito um trabalho de bastidores que culminou com a apresentação, com a devida sustentação formal e legal, à Assembleia Legislativa de São Paulo, de Projeto por parte do Deputado Samuel Moreira (PSDB) fazendo voltar a valer a Lei de criação da entidade. Os próximos desdobramentos serão sempre divulgados, para que esse caminho histórico seja compartilhado pelos que amam e trabalham pelo Conservatório de Tatuí.
“La Serva Padrona” de Pergolesi, será apresentada no dia 1º de setembro, às 20h30, e “Orfeu no Inferno”, de Offenbach, no dia 4, no mesmo horário, abrindo e fechando o ‘II Encontro Nacional de Canto’. Para quem mora em Tatuí, os eventos do mês estão no ‘outdoor’ externo (foto). Para quem reside fora, o link está em ‘Programação’, no site:
“O conformista” é o título de um filme de Bernardo Bertolucci, um sucesso da época (1970). É uma alegoria, quase uma parábola baseada no mundo político da era do ditador Benito Mussolini, na Itália. Marcello, o personagem principal, busca tornar-se ‘apenas um a mais’, quer ser um cidadão comum, mas acaba ingressando na Polícia Secreta fascista. Ele, em tempos difíceis, recusa-se a tomar decisões em qualquer missão. Manganielo, também da Polícia Secreta, resume no filme quem é Marcello: “um covarde”. Daí o título “O conformista”. Se você compreende um pouco o idioma italiano, vale ver a cena ao lado, disponibilizada pelo Youtube, em que Manganielo confunde Marcello com sua 'normalidade'. Se você não entende italiano, nem aquele do Brás paulistano, vale pelos atores (Marcello é interpretado por Jean-Louis Trintignant) e pelo famoso trecho do filme. Uma jóia de trama psicológica da história do cinema.
Mas não é o filme o prato principal desta postagem. Usei a obra para refletir sobre como ‘passou a ser normal’ políticos e Ministros usarem aviõezinhos e helicópteros particulares – a cartilha de respostas prontas para jornalistas, que deve ter sido impressa com nosso dinheiro, se existe, e distribuída aos nossos comandantes, deve incluir ‘pagarei do meu bolso’, ‘foi apenas uma carona’, ‘não me lembro’, ‘não conheço a empresa dona do avião’, 'foi minha assessoria', etc. Sarney, segundo o “Macaco Simão”, da Folha, pode se defender com uma melhor. Diz ele: “nada demais usar um helicóptero para ir ao Maranhão. O estado é ‘particular’”. Patético. Deve existir uma cartilha, ou ao menos alguma instrução por e-mail, pois as desculpas são sempre iguais. Veja matéria da Folha.com disponibilizada pelo Youtube (abaixo).
Do mesmo jeito, tudo o que foi feito com verbas do Ministério do Turismo foi ‘normal’. O articulista da Folha Elio Gaspari, de quem sou assíduo leitor, sempre evoca seu personagem ‘Eremildo, o idiota’. Eremildo não entende nada, nada. Após passar a ‘conformista’, o brasileiro corre o risco de virar ‘Eremildo’. Pelo menos, a ignorância é menos vil do que o conformismo.
O perigo não é a corrupção em si. Ela vem das Capitanias Hereditárias, passa pelo Império, pela República de Deodoro e continua, digamos que sempre haverá. O perigo é o povo se acostumar. Todos, ao lerem notícias nos jornais, ou assistirem aos noticiários da TV, dão de ombros ou riem, no máximo dizem algum palavrão. Triste país aquele que ri de sua desgraça. Corrupção, favores, influências, isso é o jogo de muitos políticos. Sempre esteve presente, sempre estará, cabe manter os olhos abertos, mas sem as portas das cadeias fechadas (com bandidos dentro) nada se consegue. O país vive para os milionários e banqueiros: vide o último episódio do “conformista” Salvatore Cacciola: ele agora só quer ser ‘normal’. Assim como Dantas, Edemar...
O Senador Lindberg ‘bonitão’ Farias (PT-RJ) abraça seu colega Collor de Mello (PTB-AL), a quem ajudou a derrubar durante o movimento pelo ‘impeachment já’, quando presidente da UNE. Nem UNE se faz mais como antigamente, pois no meu tempo a primeira palavra de ordem era coerência. Hoje, ela é apenas um instituto (tanto a palavra quanto a organização estudantil) em decadência. Essa coisa das menininhas de classe média alta com os rostos pintados de verde-e-amarelo, gritando “lindo, lindo”, não faziam parte de meu tempo. Verdade é que as ‘companheiras’ da época tinham certa quedinha pelos jovens Vladimir Palmeira e José Dirceu (este último, acreditem, já foi 'muso' das moçoilas do movimento estudantil. Já hoje...). Mas isso era coisa de mulher nos bastidores, pois a 'patrulha' machista veria nelas, abertamente, o pecado do ‘desvio ideológico’.
O Brasil é sempre o último a reconhecer a queda de regimes ditatoriais – pelo contrário: defende-os a priori. Parece que somente depois de consumado o golpe o país vai se somar aos Grandes, que apoiaram rebeldes. Isso vem acontecendo ‘lenta e gradualmente’ no caso Líbia. Deve ser a tal da Lei de Gerson”, que diz que “o brasileiro gosta de levar vantagem em tudo”. Morto Gadaffi (ou Kaddafi, etc.), o Brasil vai apoiar e declarar a 'legitimidade' do novo regime. É batata.
Ou a imprensa 'falada, escrita e televisada' de todo o país está ‘mancomunada’ e exagera na dose (como parece quererem alguns), ou “nunca antes nesse país” tantos corromperam e tantos foram corrompidos. E há quem os defenda até o limite do insuportável para a estabilidade política e financeira do país. Confunde-se a saúde da nação com a saúde de alguns interesses. Assina aqui um ‘inconformista’.
Frase atribuída a Osvaldo Cruz também aparece às vezes com o nome de Mário de Andrade, mas o que interessa é o efeito. No caso de Cruz, um alerta para a praga das saúvas. No de Mário, uma alegoria de alerta contra a impunidade. Aliás, por que não propor uma mudança de terminologia? "Impunidade parlamentar", "Liberdade de ofensa" e outros?
Já o sábio Stanislaw Ponte Preta, autor de “Tia Zulmira e eu”, e “O FEBEAPÁ: Festival de Besteiras que assola o país”, entre outros, sai-se com essa, que parece ter prosperado: “Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos”.
Perto da casa de meus pais, no bairro Botafogo, no Rio, fica a bela casa de Ruy Barbosa, uma espécie de museu e centro cultural. Ruy, todos sabem, foi Senador, escritor, jurista, filólogo, filósofo, tradutor, diplomata e tudo o mais que um sujeito com o cérebro desproporcional (no bom sentido) pode ser. Na frente do jardim, dando para a rua, uma estátua do ilustre baiano, em que havia uma mensagem impressa com uma das melhores e mais curtas mensagens de sua vida:
“De tanto ver triunfar a nulidade, de tanto ver crescerem as injustiças, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Na foto acima, uma faixa no jardim do Ruy lembra a frase famosa.
Já incorporado ao calendário da instituição, o segundo Encontro bienal acontecerá de 1 a 4 de setembro, com duas óperas, o que é no mínimo incomum: “La serva padrone”(1733), de Pergolesi (1 de setembro, 20h30, no Teatro Procópio Ferreira), e “Orfeu no inferno”, primeira opereta parisiense de Offenbach (1819-1880). Também no mesmo Teatro, dia 4 de setembro, às 20h30. (Foto: Kazuo Watanabe. Masterclass de Martha Herr no I Encontro, em 2009)
Masterclasses, oficinas, recitais, palestras, debates, tudo sobre canto. É preciso valorizar esta arte em um país onde o canto lírico e dramático é desvalorizado cada vez mais. Em 1941, Belardi apresentou nada menos do que 16 títulos de óperas, com 4 récitas cada, no Teatro Municipal de São Paulo. Isso dá algo como uma récita a cada pouco mais de 5 dias durante todo o ano. Tudo bem que eram obras curtas ou médias, nada de muito pesado. O último (e dos raros) Wagner que aconteceu por lá foi há uns bons anos, sob a batuta de Ira Levin: “Lohengrin”. Ou não foi? Antes dele, nos idos dos anos 90, só mesmo “O navio fantasma”, com Karabtchevsky. Ou não?
A presença do maestro é um marco para o Conservatório de Tatuí, pois Battisti será uma das mais importantes personalidades que já recebeu desde sua criação. Além disso, será a estreia de Battisti no Brasil; o regente também participará de uma série de eventos gratuitos nas dependências da instituição tatuiana, nos dias que antecedem o concerto.
No dia 24 de outubro, ele fará um ensaio aberto com a Banda Sinfônica do Conservatório de Tatuí a partir das 9h, no Procópio Ferreira. Nos dias 26 e 27, estão marcados outros ensaios abertos, no mesmo local e horário. No dia 30 de outubro, acontece o “Encontro com Regentes de Bandas” e a “Palestra sobre livros”, também no Teatro Procópio Ferreira. Os horários desses eventos ainda não foram definidos, mas as inscrições são gratuitas e poderão ser feitas a partir do final de setembro (http://www.conservatoriodetatui.org.br/). Battisti é considerado o maior regente de Bandas Sinfônicas de todos os tempos.
Comprado em 1971 por módicos R$ 220.000,00, o violino pertenceu a (Lady) Anne Blunt, neta do poeta inglês Lord Byron. (É costume apelidar o instrumento com o nome de seu possuidor mais famoso, como os Stradivarius chamados ‘Viotti’, ‘Hammer’, ‘Davidoff’, ‘Ole Bull’e ‘Servais’)
O 'Lady Blunt', em estado perfeito
Originalmente, o ‘Lady Blunt’ foi adquirido pelo luthier e colecionador Vuillaume (provavelmente do negociante Tarisio), depois por Richard Bennett, pelo Barão Knoop e por Sam Bloomfield. (E valorizou quase 12.000%, ou 400% ao ano nesses 30 passados). O recorde anterior de venda havia ficado com o leiloeiro Christie’s, pelo Stradivarius ‘Hammer’, por ‘meros’ R$ 5,57 milhões.
Há 600 ‘Strads’ em existência, dos pouco mais de mil feitos pelo mestre cremonense. Porém, se você tem um violino com etiqueta ‘Antonius Stradivarius fecit Cremona’, esqueça. Há alguns milhões desses no mundo, desde instrumentos chineses novos ou envelhecidos até excelentes cópias antigas, como as do Vuillaume. Os verdadeiros têm ‘pedigree’, ou seja, têm seus possuidores conhecidos, assim como sua origem. E essas listagens são oficiais.
Para ter um certificado válido para leilão ou venda particular (refiro-me apenas à Europa e EUA, o Brasil não faz parte desse ‘clube’), deve-se procurar um desses nomes: Wurlitzer, Hermann, Moenig, Français, Bein ou Beare. Só que apenas o último está vivo, em Londres, e um ‘papel’ de algum outro especialista vivo tem pouquíssimo ou nenhum valor como certificado. De preferência, como aconteceu com o violino ‘Hammer’, para ter segurança deve-se ter no mínimo 3 desses certificados (o ‘Hammer’ tinha 5).
Mais um problema: o custo de um bom certificado pode chegar a no mínimo 3% do valor atestado, ou seja, R$ 30.000,00 por cada milhão avaliado.
Se você tem um violino com etiqueta ‘Strad’ no porão, mesmo que tenha vindo de navio da Itália com a ‘Nonna’, é melhor esquecer. Dê para algum parente aprender, venda ou doe para um estudante.
O cuidado no mercado internacional é tanto que nos catálogos de leilão há categorias: ‘etiquetado como’, ‘atribuído a’, ‘possivelmente’ ou ‘com certificado de fulano, mas possivelmente feito por sicrano’. Os leiloeiros são ‘escorregadios’, não se comprometem. Só ganham, e muito.
Muitos acham que ser prodígio é tocar rápido. A agilidade dos dedos é, muitas vezes, um feito mais para o atlético, aplaudido até, mas quase sempre sem muito conteúdo. Gavin, o do filme abaixo, aos 7 anos demonstra uma introspecção que muita gente madura não tem. Ah, e ele sabe tocar rápido, também. Mas escolheu esta Consolação No 3 de Liszt, serena, para mostrar seu talento.
O grande Horowitz, talvez o maior pianista do século 20, também usou o charme desta mesma obra para um simples ‘bis’. Optou por envolver, não por impressionar com sua técnica (mesmo porque ele não precisava disso!).
Veja Gavin tocando Liszt e, apesar da idade, como ele se envolve na música, como os gestos são elegantes, suaves, flutuantes como a música de não muitos adultos:
Gavin adora música romântica e gosta de tocar em audições beneficentes. Muito bom gosto, muito bom gesto.
Vemos promessas de virtuoses aqui e ali, mas alguns do passado são diferentes de todos eles. Pela sensibilidade, pela técnica, pela maturidade musical precoce, surgiram raros talentos como o de Yehudi Menuhin (Falecido em 1999).
Assisti a 3 masterclasses de Yehudi; ele já idoso, mas sábio como sempre. Repito Gonçalves dias: ‘Meninos, eu vi!’ Pouco ou nada falava de violino ou arco, gostava mais de tratar de movimentos corporais (eraaficcionado por Yoga e filosofias orientais, relaxamento, etc.). E como dava certo!
Yehudi estudou com o grande Louis Persinger, que disse que nunca lhe ensinou técnica, escalas, ‘essas coisas que todo mundo aprende’. Yehudi estreou aos 8 anos de idade nada menos do que no Carnegie Hall de NY, o ‘top’. Ele não precisou, apenas viveu a música. Na gravação abaixo (áudio com fotos), o menino Yehudi desfila seu talento no “Rondo” de Spore. Vale a pena.
“Das Kapital” é o título do livro mais importante de Karl Marx (1818-1883), filho de mãe judia de classe média, homem de inteligência fora do comum e cultura enciclopédica. Marx atropelou a então rígida ciência econômica com sua filosofia e sua visão política revolucionária. A ele, a economia deve a consolidação de conceitos como a ‘mais-valia’, o do controle do poder econômico sobre o poder político, a contraposição entre divisão social do trabalho (capitalista) e divisão técnica do trabalho (no regime socialista) e tantos outros que, pela sua importância, são parte do cotidiano de especialistas do mundo inteiro. O livro é um trabalho enorme, seco, cruel, que a maioria absoluta dos próprios economistas desconhece em pormenores – à exceção dos que, por ideologia ou necessidade de estudo, resolvem se aprofundar. O problema é que, como meu pai sempre disse (na época da União Soviética), “nem os russos aguentaram ler aquilo”.
O livro é insuportável (eu juro que tentei ler, em meus tempos de estudante, mas não consegui) é farinha de mandioca sem torrar, sem tempero e sem feijão. E para ser engolida sem água. E olhe que eu leio tudo o que passa pela frente – tirando ‘best-sellers’ e auto-ajuda, além da literatura de quilate rasteiro, todos fora de meu interesse. Melhor ler outros títulos da Marx, como “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”, em que ele se dedica a um dos seus melhores talentos, a análise histórica; “A ideologia alemã”, em que já esboça seus pensamentos revolucionários, e até o “Manifesto Comunista” (1848), que hoje parece divertida e adolescente cartilha panfletáriaescrita a quatro mãos com Engels, cujo texto termina com a célebre frase: “proletários de todo o mundo, uni-vos!”
O grande Sergei Eisenstein, cineasta de obras-primas do realismo socialista como “Couraçado Potemkin", de1925 (foto ao lado), já havia pensado em fazer um filme sobre Marx e “O Capital”. Porém, Alexander Kluge, agora em pleno século 21, nos brinda com o sonho não realizado de Eisenstein a partir de material que o russo coletou em... nada menos do que 29 horas de filmagem. Em uma misturada sem fim, Kluge remete a Einsenstein, à revolução bolchevique, à vida de Marx e tenta embolar tudo isso com o “Ulisses”, de James Joyce.
Meu pai sempre disse que um grande livro não dá grande filme, e vice-versa. Um grande livro tem um conteúdo psicológico que o filme não reproduz no interior das pessoas, a escrita traz ‘imagens’ e uma ‘trilha sonora’ diversas na mente de cada indivíduo. Já o filme traz um impacto de menos de duas horas cujo conteúdo se mistura por igual, multiplicado pelo número de espectadores, com sua música e cenário prontos e imutáveis, e, cada vez mais, tecnologia de ponta que pode faz um gibi de terceira virar um fenômeno de bilheteria.
“O Capital” é um texto de suma importância para a história da humanidade, mas é um péssimo livro de se ler. O filme parece querer superar de longe essa chatice: leva ‘apenas’ 9 horas e meia. Isso mesmo. Vou repicar o célebre Oswald de Andrade: “não vi e não gostei”. Parece o absurdo dos absurdos, mas não me disponho a perder 9h30 nem para ver a Marilyn Monroe ‘viva’ em holografia.
Não que não existam obras longas maravilhosas. As grandes óperas de Wagner levam horas cada uma, porém são acontecimentos inesquecíveis entre solistas, coros, cenários, orquestra, música e histórias alucinantes. As “Paixões” de Bach (duas: segundo Mateus e segundo João) são composições longas, mas o conteúdo bíblico, a beleza da música, a variedade dos movimentos (são dezenas!) e a grandeza das obras absorvem e envolvem nesse contexto espiritual quem quer que esteja tocando ou assistindo. Há muitos anos, tendo como regente Lorna Cooke de Varon, toquei com orquestra, solistas, coros de incontáveis vozes, em alguns dos momentos mais inesquecíveis de minha vida: foram 4 horas, incluindo o bufê no intervalo. Um retiro espiritual profundo, uma terapia de encontro.
“O Capital” não tem nada disso. Seguindo o próprio tema do filme, com Marx e seus ‘entornos’, Eisenstein, a revolução de 1917, tudo isso junto à prolixidade ultra-complexa do irlandês Joyce, quase intraduzível do ‘celtic’ (que eles pronunciam ‘keltic’) do “Ulisses”, texto que é difícil até para os ingleses lerem. Se você assistir a esse atentado à paciência (o filme), e tiver a pachorra de provar-me que viu, conte-me. Mas não demore mais do que nove minutos e meio, por favor.
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal vem a público esclarecer que, após ser preso, qualquer criminoso tem como primeira providência tentar desqualificar o trabalho policial. Quando ele não pode fazê-lo pessoalmente, seus amigos ou padrinhos assumem a tarefa em seu lugar.
A entidade lamenta que no Brasil, a corrupção tenha atingido níveis inimagináveis; altos executivos do governo, quando não são presos por ordem judicial, são demitidos por envolvimento em falcatruas.
Milhões de reais – dinheiro pertencente ao povo- são desviados diariamente por aproveitadores travestidos de autoridades. E quando esses indivíduos são presos, por ordem judicial, os padrinhos vêm a publico e se dizem “ estarrecidos com a violência da operação da Polícia Federal”. Isto é apenas o início de uma estratégia usada por essas pessoas com o objetivo de desqualificar a correta atuação da polícia. Quando se prende um político ou alguém por ele protegido, é como mexer num vespeiro.
A providência logo adotada visa desviar o foco das investigações e investir contra o trabalho policial. Em tempos recentes, esse método deu tão certo que todo um trabalho investigatório foi anulado. Agora, a tática volta ao cenário.
Há de chegar o dia em que a história será contada em seus precisos tempos. De repente, o uso de algemas em criminosos passa a ser um delito muito maior que o desvio de milhões de reais dos cofres públicos.
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal colocará todo o seu empenho para esclarecer o povo brasileiro o que realmente se pretende com tais acusações ao trabalho policial e o que está por trás de toda essa tentativa de desqualificação da atuação da Polícia Federal.
A decisão sobre se um preso deve ser conduzido algemado ou não é tomada pelo policial que o prende e não por quem desfruta do conforto e das mordomias dos gabinetes climatizados de Brasília.
É uma pena que aqueles que se dizem “estarrecidos” com a “violência pelo uso de algemas” não tenham o mesmo sentimento diante dos escândalos que acontecem diariamente no país, que fazem evaporar bilhões de reais dos cofres da nação, deixando milhares de pessoas na miséria, inclusive condenando-as a morte.
No Ministério dos Transportes, toda a cúpula foi afastada. Logo em seguida, estourou o escândalo na Conab e no próprio Ministério da Agricultura. Em decorrência das investigações no Ministério do Turismo, a Justiça Federal determinou a prisão de 38 pessoas de uma só tacada.
Mas a preocupação oficial é com o uso de algemas. Em todos os países do mundo, a doutrina policial ensina que todo preso deve ser conduzido algemado, porque a algema é um instrumento de proteção ao preso e ao policial que o prende.
Quanto às provas da culpabilidade dos envolvidos, cabe esclarecer que serão apresentadas no momento oportuno ao Juiz encarregado do feito, e somente a ele e a mais ninguém. Não cabe à Polícia exibir provas pela imprensa.
A ADPF aproveita para reproduzir o que disse o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos: “a Polícia Federal é republicana e não pertence ao governo nem a partidos políticos”.
Brasília, 12 de agosto de 2011
Bolivar Steinmetz
Vice-presidente, no exercício da presidência
(Mais um ‘hoax’ com cara de sério circula na Internet)
Veja o desmentido:
Anvisa esclarece e-mail que alerta sobre fenilpropalaminaPublicada: 08/11/2010 07:05| Atualizada: 08/11/2010 07:04
Rodrigo Lago
Circula na web um e-mail com título “Remédio suspenso – Risco de morte”, no qual o suposto médico do trabalho Maurici Aragão Tavares alerta para os riscos da ingestão da substância ativa usada principalmente em antigripais denominada fenilpropalamina, suspensa no Brasil em 2000, por meio da Resolução 96, do Ministério da Saúde, através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A medida de suspensão por parte da Anvisa foi tomada depois que a ‘Food and Drug Administration’, (FDA), dos Estados Unidos, constatou que a substância vinha provocando adversos fatais em usuários americanos (hemorragia cerebral). No Brasil, a suspensão foi preventiva, uma vez que não existiram casos relatados.
Sobre as informações difundidas via e-mail que têm causado confusão entre consumidores e levantado falso alarde sobre alguns medicamentos, a Anvisa informa que não há motivo para alarde e preocupação, uma vez que a Agência já tomou todas as providências necessárias e a substância já não faz mais parte do mercado farmacêutico brasileiro.
A mensagem lista uma série de medicamentos, como Naldecon, Bernadryl e Descon, amplamente utilizados pela população, inclusive por crianças. O e-mail também menciona o risco de morte por aqueles que estão usando a referida medicação. A Agência destaca que a divulgação de informações desse tipo deve ser cuidadosa e precisa para evitar preocupação desnecessária por parte da população.
Na época, os fabricantes tiveram 30 dias para recolher os medicamentos que continham a substância. Os laboratórios que optaram por manter a marca comercial de seus produtos foram obrigados a modificar a fórmula e, portanto, retiraram a substância dos medicamentos em questão. A Fenilpropanolamina que foi associada a reações adversas nos Estados Unidos, como derrame cerebral, não existe mais no Brasil há 3 anos e meio.
O Desembargador Fausto De Sanctis, conhecido nacionalmente por ter comandado a 6ª Vara da Justiça Federal em São Paulo até o final de 2010, esteve em Tatuí neste domingo, 14 de agosto, celebrando o dia dos pais com os filhos Teodoro e Tomás.
Pela manhã, no Salão Villa-Lobos do Conservatório, o Dr. Fausto abriu uma mesa-redonda sobre o tema “O magistrado e a Comunidade”, em que propôs atuações como a que resultou na aquisição de mais de 125 mil reais em instrumentos para jovens talentosos e carentes do Conservatório de Tatuí. Fato inédito, narrou a vida difícil como Juiz na atuação desses casos, vários deles conhecidos (ele não mencionou, mas foram, entre outros: Edemar Cid Ferreira, do Banco Santos, e Daniel Dantas, do Banco Opportunity, que terminaram condenados e presos - e invariavelmente soltos pelas chamadas ‘brechas da lei’ encontradas por advogados de causas milionárias).
O almoço foi na Cantina do Júlio, no Residencial Villa Monte Verde (ver foto abaixo), com meus filhos e os de Fausto, em ambiente familiar.
À tarde, diversas entrevistas para a TV Record e TV TEM (Globo), pois um fato inusitado desses (um Desembargador Federal visitando Tatuí no dia dos pais para entrega de instrumentos de música adquiridos com dinheiro de crime de 'colarinho branco') não poderia passar - também - em branco.
Todos os 11 alunos agraciados com os instrumentos, doados por competência, talento e carência, conforme decisão judicial em sentença da 6ª Vara, aguardaram a subida de Fausto ao palco, para lá homenageá-lo, e depois, um por vez, apresentarem movimentos de seu repertório em seus novos instrumentos.
ALUNOS SE APRESENTAM COM NOVOS INSTRUMENTOS NO PALCO DO TEATRO
PROCÓPIO FERREIRA
comprovando, assim, o mérito da escolha
de seus nomes com demonstração musical
Os 11 alunos contemplados e seus respectivos instrumentos são: Marcelo Pinto da Silva (contrabaixo), Cristiano Lourenço dos Santos (viola), Daniel Barbosa Soares (trombone), Diego Afonso Morales (saxofone), Jean Gerard (oboé), Paulo Roberto de Oliveira (tuba), Rafael Victor Frazzato Fernandes (violoncelo) e Renan da Silva Sena (trompete). Além de César Augusto Garcez (clarinete), Tiago Caires da Silva (bombardino) e Wesley Alexandre Martins de Oliveira (fagote).
Detalhe: nenhum dos instrumentos é amador, todos são muito bons e fundamentais para o prosseguimento da carreira após a formatura. Outro detalhe: os alunos agraciados têm a guarda provisória dos instrumentos, e só os receberão em definitivo se não tiverem reprovação e após concluírem o curso.
E pensar que houve ‘cornetada’ dizendo que a história da doação era ‘teatrinho’... Ao corneteiro, a recomendação do poeta francês Baudelaire: “Bebei o vinho. Embriagai-vos”.
Reportagem da TV TEM (Globo):
“O PODER DA FOFOCA”
Artigo de Fernando Reinach no Estadão trata do
hábito da fofocagem – aliás, motivo para a
criação deste blog, que surgiu inicialmente
com o nome “A surdina”
O articulista demonstra que até mesmo experimentos científicos foram realizados para reafirmar que o poder da fofoca é sempre 'do mal', criar fatos negativos. Eu penso que, após a destruição de seus argumentos pela realidade ou pela negativa de alguns, o ‘fofoqueiro’ (ou ‘corneteiro’) do mal sente-se destruído internamente, pois aqueles para quem ‘fofocou’ a inverdade passaram a desacreditá-lo – e, como novos ‘antifofoqueiros’, por sua vez passam a espalhar o descrédito das ‘verdades’ do fofoqueiro-mor.
O inventor de maldades incorre em pelo menos três pecados capitais - sem falar em leis terrenas, como os Códigos Civil e Penal: a ‘Avareza’, apego aos interesses pessoais e sinônimo de ‘ganância’ (pelo dinheiro, poder ou ambição política); a ‘Ira’, ligada à inveja e ganância, e a “Inveja’ propriamente dita, filha da frustração e da incompetência. Com frequência, também, o fofoqueiro se investe de arrogância, por sua também produto da fraqueza de espírito. Mas o ‘corneteiro do mal’ se revela por inteiro quando não se arrepende, não pede perdão (nem ao menos para os que ouviram seus desatinos): suas invencionces são a arma dos incompetentes soberbos, e assumidamente criações maliciosas – daí não caberem arrependimentos. Faz parte da natureza humana, está aqui e ali, mas, como diria Drummond, “como dói”.
"A parábola dos cegos". Óleo de Pietr Brueghel (1586)
Um cego puxa outros cegos. Ao cair, leva todos junto com ele
O blog ‘Conteúdo livre’ disponibiliza o ótimo artigo de Reinach na íntegra. Leia em: