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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

“O CONFORMISTA” E O PERIGO
DE NOS ACOSTUMARMOS
Corrupção e desfaçatez já fazem parte
do cotidiano ‘normal’ do país

“O conformista” é o título de um filme de Bernardo Bertolucci, um sucesso da época (1970). É uma alegoria, quase uma parábola baseada no mundo político da era do ditador Benito Mussolini, na Itália. Marcello, o personagem principal, busca tornar-se ‘apenas um a mais’, quer ser um cidadão comum, mas acaba ingressando na Polícia Secreta fascista. Ele, em tempos difíceis, recusa-se a tomar decisões em qualquer missão. Manganielo, também da Polícia Secreta, resume no filme quem é Marcello: “um covarde”. Daí o título “O conformista”. Se você compreende um pouco o idioma italiano, vale ver a cena ao lado, disponibilizada pelo Youtube, em que Manganielo confunde Marcello com sua 'normalidade'. Se você não entende italiano, nem aquele do Brás paulistano, vale pelos atores (Marcello é interpretado por Jean-Louis Trintignant) e pelo famoso trecho do filme. Uma jóia de trama psicológica da história do cinema.



Mas não é o filme o prato principal desta postagem. Usei a obra para refletir sobre como ‘passou a ser normal’ políticos e Ministros usarem aviõezinhos e helicópteros particulares – a cartilha de respostas prontas para jornalistas, que deve ter sido impressa com nosso dinheiro, se existe, e distribuída aos nossos comandantes, deve incluir ‘pagarei do meu bolso’, ‘foi apenas uma carona’, ‘não me lembro’, ‘não conheço a empresa dona do avião’, 'foi minha assessoria', etc. Sarney, segundo o “Macaco Simão”, da Folha, pode se defender com uma melhor. Diz ele: “nada demais usar um helicóptero para ir ao Maranhão. O estado é ‘particular’”. Patético. Deve existir uma cartilha, ou ao menos alguma instrução por e-mail, pois as desculpas são sempre iguais. Veja matéria da Folha.com disponibilizada pelo Youtube (abaixo).



Do mesmo jeito, tudo o que foi feito com verbas do Ministério do Turismo foi ‘normal’. O articulista da Folha Elio Gaspari, de quem sou assíduo leitor, sempre evoca seu personagem ‘Eremildo, o idiota’. Eremildo não entende nada, nada. Após passar a ‘conformista’, o brasileiro corre o risco de virar ‘Eremildo’. Pelo menos, a ignorância é menos vil do que o conformismo.

O perigo não é a corrupção em si. Ela vem das Capitanias Hereditárias, passa pelo Império, pela República de Deodoro e continua, digamos que sempre haverá. O perigo é o povo se acostumar. Todos, ao lerem notícias nos jornais, ou assistirem aos noticiários da TV, dão de ombros ou riem, no máximo dizem algum palavrão. Triste país aquele que ri de sua desgraça. Corrupção, favores, influências, isso é o jogo de muitos políticos. Sempre esteve presente, sempre estará, cabe manter os olhos abertos, mas sem as portas das cadeias fechadas (com bandidos dentro) nada se consegue. O país vive para os milionários e banqueiros: vide o último episódio do “conformista” Salvatore Cacciola: ele agora só quer ser ‘normal’. Assim como Dantas, Edemar...

O Senador Lindberg ‘bonitão’ Farias (PT-RJ) abraça seu colega Collor de Mello (PTB-AL), a quem ajudou a derrubar durante o movimento pelo ‘impeachment já’, quando presidente da UNE. Nem UNE se faz mais como antigamente, pois no meu tempo a primeira palavra de ordem era coerência. Hoje, ela é apenas um instituto (tanto a palavra quanto a organização estudantil) em decadência. Essa coisa das menininhas de classe média alta com os rostos pintados de verde-e-amarelo, gritando “lindo, lindo”, não faziam parte de meu tempo. Verdade é que as ‘companheiras’ da época tinham certa quedinha pelos jovens Vladimir Palmeira e José Dirceu (este último, acreditem, já foi 'muso' das moçoilas do movimento estudantil. Já hoje...). Mas isso era coisa de mulher nos bastidores, pois a 'patrulha' machista veria nelas, abertamente, o pecado do ‘desvio ideológico’.

O Brasil é sempre o último a reconhecer a queda de regimes ditatoriais – pelo contrário: defende-os a priori. Parece que somente depois de consumado o golpe o país vai se somar aos Grandes, que apoiaram rebeldes. Isso vem acontecendo ‘lenta e gradualmente’ no caso Líbia. Deve ser a tal da Lei de Gerson”, que diz que “o brasileiro gosta de levar vantagem em tudo”. Morto Gadaffi (ou Kaddafi, etc.), o Brasil vai apoiar e declarar a 'legitimidade' do novo regime. É batata.

Ou a imprensa 'falada, escrita e televisada' de todo o país está ‘mancomunada’ e exagera na dose (como parece quererem alguns), ou “nunca antes nesse país” tantos corromperam e tantos foram corrompidos. E há quem os defenda até o limite do insuportável para a estabilidade política e financeira do país. Confunde-se a saúde da nação com a saúde de alguns interesses. Assina aqui um ‘inconformista’.

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