V – A “visita da velha senhora” e uma canhestra heresia
Por volta de 1995, durante a gestão Paulo Maluf na Prefeitura de São Paulo, uma senhora, conhecida da primeira-dama Da. Silvia, pediu-me uma reunião, já que eu na época tinha cargo de direção no Teatro Municipal de São Paulo, frente à sua Escola de Música. A ‘visita da velha senhora’ – com a devida licença por pegar emprestado um título do dramaturgo Dürrenmatt (ilustração da época) – era o pano de fundo para um pedido de contratação para o filho dela como professor. Sem quaisquer condições ou experiência, restou-me a negativa; insistente, a zelosa mãe escreveu diretamente ao Prefeito Maluf, o que, por sua vez, como de praxe na burocracia, gerou um expediente (processo), a cuja documentação foi juntado um poema da lavra de seu talentoso rebento, um texto que reproduzo fielmente a seguir: “Maluf nosso que estás no auge/ glorificado seja o teu nome/ (...) seja eleita a tua pessoa/ assim em São Paulo como em Brasília./ O pão nosso de cada dia barateai hoje/ (...) e não nos deixeis morar embaixo da ponte/ mas livrai-nos dos marajás/ amém”. Não colou, ainda mais com essa heresia absurda.
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