Os silêncios de Eleazar de Carvalho e de Hamlet
A melhor definição por mim ouvida para essa ‘materialização’ do silêncio, consubstanciado em pausa musical, veio de Eleazar de Carvalho, maestro de todos nós (que este ano também estaria completando seus 100 anos). Com sua sabedoria, em um ensaio, o maestro proferiu esta pérola - ou melhor, este puro diamante, com a voz potente e dramática de grande ator, pausada e com os olhos esbugalhados, como na peça “Hamlet” de Shakespeare: “O rei...está...morto!!!”.
Foi assim que o maestro resumiu sua definição de silêncio enquanto pausa, esbravejando as frases com largos intervalos entre si, ressaltando em ‘fortissimo’ os acentos tônicos de cada palavra: “o silêncio... é uma faca!... sem lâmina... e sem cabo!!!”. Pausa na orquestra. Depois, silêncio. "Intervalo!"
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