O semblante
da mineira Cármen Lúcia pode parecer amargurado, mas revela também a paciência
e sabedoria das boas avós. Prefere votar de cor, e com seus cabelos
naturalmente grisalhos, poderia ser um regente como Herbert Von Karajan:
controle absoluto da música na cabeça, e doce mesmo ao dar uma sentença amarga.
Quando escreve sobre servidores públicos, lembra Haydn e seus funcionários -
mas não obedece ao príncipe como o compositor.
Toscanini |
Schönberg |
O tatuiano
Celso de Mello, o mais antigo na corte, se fosse regente com certeza seria
Toscanini: fiel à letra da partitura, faz uma leitura distanciada, quase que
desprovida de emoção pessoal. A fidelidade ao texto era marca registrada do
maestro italiano, que comungava com o ministro grande erudição. Se cantor
popular, Mello seguramente seria um João Gilberto, aquela batida discreta no
violão, a voz sem grandes ondulações e alterações de volume. Como compositor,
talvez fosse Schönberg, pai do dodecafonismo, criando sobre regras bem
definidas e matematicamente calculadas.
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