Ayres
Britto, sergipano presidente da Casa, traz no rosto a segurança do sertanejo,
pois, como bem lembrou Euclides da Cunha em seu “Os Sertões”, “o sertanejo é,
antes de tudo, um forte”. Ao dirigir a
mais alta corte do país, rege com a precisão e a determinação de Kurt Mazur,
gestos precisos e econômicos, conduzindo o ritmo com a rédea curta. Cantor, seria
talvez um Zé Ramalho, lembrando suas raízes nordestinas, mas com a argúcia sizuda
de um Renato Russo.
Stan Getz |
Já Dias
Toffoli, paulista, é um novato com menor domínio da partitura, um artista antes
desconhecido; talvez na MPB fosse o Silvio Silva Jr. Mas quem é Silvio? Ora,
você não sabia? Mas a música dele você conhece. Silvio foi parceiro de Aldir
Blanc em “Amigo é pra essas coisas”. “Muito obrigado, amigo / - não tem de quê
/ - por você ter me ouvido / - amigo é pra essas coisas (...) / - sua amizade
basta / - pode faltar / - o apreço não tem preço...” Ou seria um Stan Getz, aquele saxofonista
americano de improvisos econômicos, calculados, um “cool jazz” nada emocional.
Mas também tem suas surpresas, não é uma partitura 100% previsível. No solo de
clarineta meio monocórdico (monocórdio: instrumento de uma corda só criado na
Grécia antiga), tenta afinar com o violino spalla
(Lewandowski). [Veja e ouça abaixo “Amigo é pra essas coisas, de Silvio Silva
Jr. e Aldir Blanc, pelo MPB4]
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