Hora
do almoço, no caminho talvez mais alguns compassos quebrados do Take Five do Dave Brubeck, o ar condicionado
ligado, pois os alto-falantes da campanha eleitoral passam zonzeando como
abelhas pela cidade. Em casa, almoçando, o precioso silêncio, pitadas de
conversa. Na volta, relaxando, alguma coisa bonita como o primeiro movimento do
Concerto para Violoncelo de Elgar - claro, com a insuperável Jacqueline Du
Pré. No trabalho, alguma pesquisa no Youtube, essa ferramenta maravilhosa da
Internet às vezes necessária, mesmo que com prejuízo da qualidade do som. Na
Rádio Cultura FM, ouço às 11h das terças minhas entrevistas com músicos como
Emmanuele Baldini e Pedro Gadelha, violino e contrabaixo solistas da OSESP,
Renato Bandel, um violista que é sinônimo de excelência no país, e André
Micheletti, violoncelista da última geração que considero uma grande promessa
de solista de ponta no Brasil. E toma música. Veja e ouça abaixo o Dave Brubeck
Quartet tocando “Take Five”, em uma lendária gravação de 1964:
Big Band do Conservatório de Tatuí - foto: Kazuo Watanabe |
Enfim, voltemos à rotina do
Conservatório. Vou ao banheiro, e para isso tenho de passar pela sala dos
técnicos, de onde eles operam spots e a mesa de som responsável pela
distribuição e mixagem de microfones e captadores. A Big Band do Conservatório
de Tatuí ensaia um belo standard, e
por alguns minutos me deixo cativar por uma inspirada improvisação ao piano de
um excelente aluno, aliás, um verdadeiro profissional chamado Oscar Alejandro.
(Explicando: standards, em inglês,
são as músicas consagradas do jazz). O jovem Oscar improvisou um chorus com um suingue que só os latinos
sabem levar. (Chorus, voltando ao
dicionário, é a estrutura harmônica - sequência de acordes, para simplificar
- de um tema qualquer, sobre a qual o
músico improvisa). Mais um pouco, e a Big Band ataca “Estamos Aí”, samba
corrido com jeito de bebop do grande gaitista Maurício Einhorn, belo convite a
improvisos rápidos. (Jackson do Pandeiro gravou um samba-xote corrido com jeito de bebop, “Chiclete com Banana”, de
Gordurinha e Almira Castilho: “Só ponho bebop no meu samba /quando o Tio Sam
pegar no tamborim / quando ele pegar no pandeiro / quando ele entender / que o
samba não é rumba / aí, eu vou misturar / Miami com Copacabana / chicletes eu
misturo com banana / e o meu samba vai ficar assim”). Veja e ouça abaixo
Jackson do Pandeiro cantando “Chiclete com Banana”, de Gordurinha e Almira
Castilho:
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