"Seja Marginal, seja herói" |
(Agora o subtítulo é uma citação de
um trabalho do artista plástico Hélio Oiticica). Infelizmente (ou felizmente,
pois não moro em metrópole), dura pouco o meu trajeto: de casa até o trabalho,
chego em coisa de seis, sete minutos. Para variar, talvez um pouco de Dave
Brubeck, um jazz inteligente com aqueles compassos que balançam a gente
confundindo o tempo forte, o nosso “chão”. Tendo ido a São Paulo ontem, para
uma gravação na TV UOL, poderia ter ouvido a integral daquelas 6 suítes, sendo
que as três primeiras na rodovia Castelo Branco até a Marginal e o restante...
até chegar na Av. Paulista! Mas isso não é exatamente o que eu posso chamar de
deliciosa fruição musical: o sofrimento na Marginal é de amargar.
Voltemos a Tatuí. Como minha sala fica a poucos metros do pessoal da técnica do
Teatro Procópio Ferreira, o som dos ensaios frequentemente “vaza”, o que me faz
levantar para ouvir a Banda Sinfônica executar ora um trecho de Petruchka, de Stravisnky, ora um ensaio
de tango, com direito à passagem de palco de dançarinos - essa dança sensual e
sinuosa de nossos hermanos
argentinos. Volto à sala, ao lado do computador está meu “Dicionário de Termos
e Expressões da Música” (Ed. 34); abro no verbete “tango” e lembro que o ritmo
deve sua origem a uma dança da província espanhola de Andaluzia, tendo chegado
à Argentina durante a Primeira Grande Guerra. Torno a olhar o ensaio de cima do
“aquário” (de onde os técnicos operam suas maravilhosas engenhocas de última
geração). Ouço um bandonéon, que é a cara do tango: um instrumento de fole, mas
sem as teclas com jeito de piano do nosso acordeão. Apenas botões, muitos
botões em ambos os lados, dificílimo para se dominar. Mas que lindo som! Veja e
ouça abaixo o “rei do bandonéon”, Astor Piazzolla, tocando “Fracanapa”:
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