Betto, ainda de batina |
“Só Deus é quem sabe por inteiro o
risco do bordado” foi a dedicatória que meu pai escreveu no exemplar de seu
livro “O Risco do Bordado” que encaminhou ao Presídio Tiradentes, onde estava
preso, desde 1969, meu primo Frei Betto. Mas o livro foi apreendido pela
direção presidiária. Já fiz elucubrações, digressões sobre a razão de a
repressão ter vetado o livro e sua dedicatória.
Quem sabe teria sido uma indicação de que um pano bordado chegaria às mãos dos
criminosos (sim, intelectuais e oposição eram criminosos à época, caro leitor),
com uma rota de fuga codificada?
Uma dos desenhos de Picasso para Stravinsky |
(Aliás, coisa parecida aconteceu
com um quadro de Picasso que o grande Stravinsky teve apreendido pela alfândega
da União Soviética: poderia ser o plano de um contragolpe, quem sabe?). Ou
seria um aviso de que o “Bordado”, ou seja, a revolução militar, corria risco?
Betto cumpriu quatro anos e o STF da época reduziu a pena para dois. Ficou com
dois anos em “haver”, como diz a dona da mercearia.
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