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domingo, 21 de outubro de 2012

III – O PRÍNCIPE, NAPOLEÃO, A ASTÚCIA DA RAPOSA E AS ALIANÇAS.


Maquiavel ensinou como conquistar o poder, como mantê-lo, e, no caso de perdê-lo, o porquê de tê-lo perdido. Sobre o uso da força, ele preferia “a astúcia da raposa à violência do leão” – mas não descartava o uso da segunda, diante do insucesso da primeira. Talvez a mais famosa lição de Maquiavel seja: “ao tomar um Estado, deve-se fazer de uma vez todas as crueldades, evitando-se, assim, ter de fazê-las todos os dias”, o que o vulgo entende como “fazer o mal de uma vez e o bem aos poucos”. (Napoleão anotou que essa era uma norma de suma, especial excelência). O florentino sugere que se deve agir sempre com clemência, pois a imagem do príncipe deve ser a de um homem generoso, e não cruel.

Ainda quanto à imagem, Maquiavel entende que o príncipe deve evitar agir de modo a ser odiado ou desprezado, mas Napoleão, que via o florentino “de cima”, como seria natural ao arrogante general-imperador, anotou que não temia o menosprezo, pois “me admirarão, mesmo contra a vontade”. Segue Maquiavel: o príncipe deve delegar poderes, para que lhe sobrem os maiores de todos, a clemência e a concessão de favores. (No rodapé, Napoleão vibra: “às mil maravilhas!”). Pensa Maquiavel, ainda, que o príncipe deve tratar de fomentar com inteligência algumas inimizades, mostrando seu poder ao superá-las. (Napoleão, desta vez, agradece por ter, ele próprio, logrado sucesso com tal conselho). E que o príncipe deve ter amigos ou inimigos declarados, atitude que considera mais sábia e admirável do que a neutralidade.
Quanto às alianças, o pensador é muito claro ao entender que o príncipe nunca deve se aliar a alguém poderoso, a não ser quando se sentir ameaçado. No caso de vitória, poderá ele ficar refém de seu poderoso aliado. Ao contrário, aliando-se a alguém mais fraco do que si, o príncipe poderá deter o poder, mas torna-se mais frágil diante do povo. Como forma de manter-se no comando, o príncipe deve nomear sábios conselheiros, dando-lhes liberdade de ação e de dizer a verdade – mas apenas, claro, quando interrogados, e somente sobre o que for perguntado e nada além. (Napoleão anota que basta delegar esse poder a dois ou três, “e já é demais!”).

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