O fenômeno novela começou, desde
sempre, adentrando lares e mentes. É comum todas as classes sociais
condicionarem seus hábitos às diversas novelas diárias, muitas vezes deixando o
telejornal para o jantar, para não deixarem de viver a intensa realidade
virtual das tramas novelescas. Em muitos lares, a TV fica ligada até durante as
visitas: ela faz parte do cotidiano, aquele ruído permanente que criou um novo
tipo de dependência psicológica, essa presença viva do aparelho no ambiente.
Porém, a última de todas as novelas, a badaladíssima Avenida Brasil, de João
Emanuel Carneiro, pela minha visão, foi um míssil poderoso e sem precedentes.
(Curioso: o nome do autor traz, ao mesmo tempo, o do evangelista, o de Cristo e
o do Cordeiro de Deus, “Agnus Dei”).
Não sei muito bem quem foi
Carminha, mas pelo pouco que vi era uma bruxa maléfica, uma conquistadora vadia
e uma falastrona sem caráter. O tipo da vilã seduziu, pois reunia todos os
defeitos que o público queria enxergar na cunhada, na sogra, na chefe, na
patroa. Enfim, a presença da maldade atrai o povo, que cede ao desejo de
vingança, cada qual a seu jeito, contra as “Carminhas” de todos os tipos e
sexos que atazanam suas vidas. Muitas vezes, ao contrário, o canalha virtual
abre espaço para a realização de outro desejo, a fantasia oculta de ser como o
vilão da TV. [Veja abaixo a famosa surra de Max em Carminha].
Nenhum comentário:
Postar um comentário