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sábado, 13 de outubro de 2012

II – 1964: o ano que durou 21. O golpe de 1964 e a prisão, que foi sem nunca ter sido.


Bem antes disso, após o golpe de 1964, escritores, intelectuais, músicos e políticos passaram anos de sobressaltos. Um certo dia, meu pai recebe um aviso da portaria do prédio para que descesse. Parecia alguma coisa oficial. Antes de sair, alertou minha mãe de que poderia ter chegado a vez dele de ser enquadrado pela repressão. 
Chegando na portaria, certamente suando frio, encontrou um sujeito com um “polícia” escrito em caixa alta na testa. A conversa foi mais ou menos assim: vim aqui para prendê-lo, mas o senhor se lembra de mim? Ante a negativa, o agente foi falando que o havia conhecido ainda no Palácio do Catete, onde meu pai trabalhava como secretário de imprensa de JK. E que um dia havia pedido um emprego para a filha dele, que estava desesperada. Meu pai, então, lembrou o agente, conseguiu uma vaga para ela no antigo Iapetec, encampado pelo INSS em 1960. Vim dizê-lo, prosseguiu o sujeito, que em retribuição àquele gesto não vou prendê-lo.

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