Entre outros autores, gosto do
Aguinaldo Silva, até mesmo por causa de suas relações com a literatura,
chegando a fazer sua professorinha chamar a atenção dos telespectadores para
essa arte primordial, essencial, que não pode ser esquecida, a da palavra
escrita. A mídia que traz essas tramas complicadíssimas e nada verossímeis aos
lares do país direciona a programação do futebol, adiando ou antecipando jogos,
para que uma emoção não ouse competir com a outra.
No caso de famílias pobres, à
frente de um único aparelho, há o benefício do efeito colateral dessa partilha
de horários – ela evita brigas domésticas, já que a TV é espaço do jogo de
futebol, mais afeito aos maridos, mas também das esposas com suas novelas
favoritas, muitas vezes a única diversão e distração nos entreatos do trabalho
do lar ou da jornada dupla. A novela também é peça de conversação
(conversation piece, como dizem os americanos) quando falta assunto: “como
ela está bem nesse papel”, “ele trabalha muito bem”, e por aí vai. (A crítica
das novelas é tão democratizada nos lares quanto os milhões de técnicos de
futebol dos bares, que têm palpites para tudo).
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