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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

LOTTE & ZWEIG EM PETRÓPOLIS: O DUPLO SUICÍDIO DO CASAL DE JUDEUS

Livro de Deonísio da Silva descreve o duplo suicídio do casal de judeus na cidade serrana do Rio em 1942

Era 1940. Com a Áustria anexada a uma Alemanha nazista, o melhor lugar para um judeu se esconder era o mais distante possível, e o Brasil parecia longe o bastante. Depois de viajar por diversos lugares do mundo, o importante escritor austríaco Stefan Zweig e sua mulher, Charlotte Elizabeth, se instalaram em Petrópolis, mas a estada não durou muito tempo. Noite de 22 de fevereiro de 1942. Há um automóvel estacionado na quadra próxima ao bangalô onde vive o casal que vai morrer. O homem e a mulher estão com sono. Mas será que vão dormir? Nos últimos rádios ligados, já em volume mais baixo, predominam comentários sobre o carnaval que acabou há poucos dias”.
O que aconteceu naquela noite, pergunta Deonísio da Silva, autor de 34 ótimos livros, sobre o casal Stefan e Charlotte, que havia se estabelecido na cidade serrana de Petrópolis, estado do Rio de Janeiro? (Abro parênteses para lembrar que Itaipava, pequena cidade turística próxima a Petrópolis, já abrigou encontros de nazistas que vieram ao Brasil depois da II Grande Guerra. Coincidência?).

Deonísio da Silva escreveu 34 livros, diversos premiados, mas não é badalado pela imprensa nem incensado nos FLIPs da vida. “Lotte & Sweig em Petrópolis” estará nas livrarias em fevereiro. Quem gosta de ler, leia. Quem gosta de mistério, leia. Quem gosta de história, leia. Mais informações em: www.leya.com.br

GEOGRAFIA DO BRASIL: NORTE-NORDESTE. PARTE 1/5

Lá em cima o Oiapoque, cocuruto do Amapá. Lá embaixo, no Rio Grande, o Chuí divisa o Uruguai pra no oceano sem pressa ele poder desaguar. No Noroeste tem o Acre do peixe pirarucu regado com tucupi (ou se quiser tacacá). Nesse mesmo lado, bem pra baixo as cataratas, que ficam no Iguaçu, no Estado do Paraná - Curitiba é capital, mas também tem Apucarana, Araucária e Maringá.


E tem a foz do Iguaçu (do mesmo aguaceiro que cai), faz fronteira aqui e ali com Argentina e Paraguai. Já na ponta do Nordeste, Paraíba e Pernambuco (que é madeira de risco fino, parente do pau-brasil, das varetas em que os artesãos esticam as mechas de crina, nos arcos de violino). E tem Maranguape e Jaguarana, sertão de carcará e taturana, maracajá e iguana.

GEOGRAFIA DO BRASIL: RIO DE JANEIRO. PARTE 2/5

Mas é descendo que desenrolo o fio da nossa história: no Rio de Janeiro em que se aporta pela baía de Guanabara, onde o índio Araribóia, de nome “cobra feroz”, cacique e valoroso arqueiro de taba e caiçara, defendeu-nos desde a praia contra a invasão do estrangeiro (com garrucha e espadim), em lutas de muito sangue como foi em Uçurumim. Prosseguindo pelas praias, chegamos a Copacabana (que é “oceano no olhar”), a que Dick Farney deu fama tocando sua obra-prima, a “Princesinha do mar”. Logo na ponta do Forte, à direita se vê Ipanema, lugar onde se encontram as formosas garotas de lá: as jovens, cariocas da gema, saudáveis, de pele morena (vem daí “Kari oká”). Na outra ponta da praia, subindo o morro onde o pobre, caniço com samburá, de cima da rocha arrisca um peixe pra ele jantar, do meio do morro que abre a enorme saia de espuma, na Barra e indo até o Recreio como fosse renda branca se espalhando pelo mar. Dali mais para frente, e ralando um bocado de chão (no asfalto ou na areia pelando), avista-se a imensidão da Restinga da Marambaia, que também é dividida com Itaguaí e Mangaratiba (as três quase a mesma praia).

GEOGRAFIA DO BRASIL: SÃO PAULO (E SUAS PRAIAS). PARTE 3/5

Mas vou ainda mais longe – já que o caso é assuntar - cheguei em São Paulo da “estranja”, primeiro destino Campinas. Terra de Carlos Gomes (que se dizia “caipora”), da ópera “O Guarani”, história do Gonçalves Dias sobre um cacique valente e a linda virgem Ceci. Vindo pela Anhanguera (que lindo: “vida passada”), chegamos à Capital, São Paulo de Piratininga (de que guardo terno apreço), que era para ter sido o meu derradeiro endereço. E foi lá no Jabaquara, bairro da zona sul, onde um dia foi minha toca, numa ruazinha ali, quase esquina da Ipioca, por sua vez vielinha, travessa da Jurupari. Do outro lado o Jardim, Botânico por natureza, no vale formado em si nasce um riacho famoso: pra cima vira Ipiranga, que despeja as suas águas nas águas do Tamanduateí. Foram as margens desse córrego que gritaram o heróico brado, que foi forte e retumbante, para até em Portugal se ouvir. “Cadê a praia”, sarreiam os cariocas, malacos de bico e de prosa - mas não é por falta de praia que o paulista não glosa: tem Guarujá e Juquehy, Boiçucanga e Itanhaém, Monganguá e Ubatuba (e uma de nome comprido, que é Caraguatatuba).

GEOGRAFIA DO BRASIL: INTERIOR DE SÃO PAULO. PARTE 4/5

Neste Estado de São Paulo tem Poá e tem Itu, Sorocaba e Bauru, Boituva e Taquarituba, Iperó e Botucatu. E toma Piracicaba, terra de tantas missões, as catequeses contando a história do Nosso Senhor; e tem Pindamonhangaba (“onde o rio faz a curva”), de terra avermelhada, portanto com o pé da cor, onde nasceu e formou-se médico, na Faculdade de Taubaté, menino predestinado, já três vezes Governador. Rica é a região conhecida como médio Tietê (na nascente desse rio a água, entre arbustos nativos, dá até pra se beber!), depois o riacho se alarga, e a água que era macia vira o rio cujas margens fazem berço em pradaria onde dizem terem um dia inventado o cururu (que é tradição antiga de improviso e cantoria).

GEOGRAFIA DO BRASIL: TATUÍ. PARTE 5/5

Por fim, eu fui plantado logo que cheguei aqui, perto de outra Ipanema (“lugar onde o sol se esconde”) que antes foi sesmaria, e depois foi o lugar pra onde o Império levava à fornada o bruto minério, que o imigrante alemão na siderúrgica fundia. Foi nessa terra vermelha que vim afinal me plantar, lugar que no passado “Tatuhy” se escrevia, e onde por muito tempo se cunhou trabalho em barro, matéria de olaria: telha, telhado, tijolo, piso, vaso ou cumbuca; desde longe, acima de casa até lá embaixo descendo, onde o barro só estanca na beira onde se entrevendo se deita o riacho Manduca.

[Foto da direita: acervo Erasmo Peixoto]

[Nota: você que leu este texto, deve ter percebido – ou não? – coisa de 60 palavras em pura língua indígena. Assim, no dia a dia, nos esquecemos de que foram eles que forjaram as nossas puras raízes. Sem saber-lhes a origem remota, apenas a geografia, a comida, o canto, a dança e o jeito; por tudo o que eu disse e muito mais, aos índios devemos grande parte da Cultura e da identidade do nosso imenso Brasil].

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

POR QUE DETESTO CORRETORES E TRADUTORES AUTOMÁTICOS.

Uma simples brincadeira que fiz com essa engenhoca da Microsoft deu nisso:

Cá estava eu entre muitas mangas, matando o tempo, meio aperreado, quando súbito deu um tilt e resolvi mandar o gajo plantar batatas. E não é que o animal foi? E brotou pra mais de par, passei a comer batatas e tirar a camisa pra chupar manga sem me sujar. De repente, um comando armado, deu uma blitze tremenda e as batatas foram confiscadas por comércio ilegal da peãozada que vivia de vender saco. Foi um puta golpe no negócio que prosperava a mil, razão pela qual recomendo cuidado com as mangas para não sujar a camisa quando for plantar batatas. (Original)

Here I was among many mangoes, killing time, Middle aperreado, when suddenly gave a tilt and decided to send the dude planting potatoes. And isn't that the animal was? And sprouted pra over par, I started to eat potatoes and take the shirt to suck manga without me mess. Suddenly, a reinforced command, gave a tremendous blitze and potatoes were confiscated for illegal trade of peãozada who lived to sell bag. Was a bitch blow in business that prospered the thousand, which is why I recommend caution with sleeves not to smudge the shirt when planting potatoes. (Traduzido para o inglês)

Hier war ich unter vielen Mangos, töten Zeit, mittlere Aperreado, als plötzlich gab eine Neigung und beschloss, die Anpflanzung Kartoffeln Dude schicken. Und nicht, dass das Tier war? Und Auswuchs Pra über Par, begann ich zu essen Kartoffeln und nehmen das Hemd, Manga ohne mich durcheinander zu saugen. Plötzlich, ein verstärkter Befehl gab eine enorme Blitze und Kartoffeln wurden konfisziert für den illegalen Handel von Peãozada gelebt zu verkaufen Tasche.War ein Schlag Hündin in Unternehmen, das tausend, florierte, weshalb ich Vorsicht mit Ärmeln empfehlen, nicht das Hemd verwischen beim Anbau von Kartoffeln. (Do inglês para alemão)

Ici je que parmi les nombreux mangues, tuant aperreado temps, Middle, quand soudain donne une inclinaison et a décidé d'envoyer le dude plantation des pommes de terre. Et n'est pas que l'animal quoi ? Et pra germé sur par, j'ai commencé à manger des pommes de terre et de prendre les mess manga sans me la chemise de sucer. Soudain, une commande de vorgefertigte, a donné une formidable foudre et pommes de terre ont été confisqués pour commerce illégal de peãozada qui vécut à vendre sac.Ce qu'un coup de chienne dans l'entreprise qui a prospéré les mille, c'est pourquoi je recommande la prudence avec manches ne pas à étaler la chemise lors de la plantation des pommes de terre. (Do alemão para o francês)

Aqui, l'UE estava entre Aperreado muitos mangas, matar o tempo, médias, quando de repente deu uma inclinação e decidido un cara enviar plantação de batatas. E não é que o animale foi ? E un par conseqüência, comecei un comer batatas e PRA tirar un camisa, sem me chupar manga. De repente, um comando reforçado foi d'énormes clignote e batatas foram confisquées em ilegais Comércio de Peãozada viveu par vender bolso.Era uma cadela de golpe no qual mil, les prosperou, les kg.então UE recomendo ter cautela com mangas, não un desfoque camisa aucune cultivo de batata. (De volta ao Português, ou seja lá o que for)

1. BRASIL: COMPLEXO DE SOFRIMENTO E MANIA DE GRANDEZA

Muito se comemora termos sido alçados ao 6º lugar no ‘ranking’ da economia mundial -ultrapassando o Reino Unido! –,mesmo que a troco de aumento na inflação, queda nos juros para acelerar o consumo e moeda supervalorizada. (Mas nada se comenta sobre o contrastante 85º lugar em Educação, assunto de... ‘somenos importância’). Temos riqueza, pujança, as mais belas mulheres do mundo –mesmo para a imensa maioria que nunca foi à França, à Califórnia, às Filipinas ou à Rússia para ter como comparar. De primeira grandeza, com certeza, é a corrupção: o Brasil deve estar entre os primeiros, suponho, em que desvio de 1 milhão passou a ser visto como ‘cafezinho’.

2. O MAIS ALTO IMPOSTO DO MUNDO?

“O mais alto imposto de renda do mundo”, diz-se por aí. Porém, mesmo para nossa tarifa mais alta (27,5%), para um salário de R$ 4.087,85, descontado o INSS, que não é imposto, deduzidos da renda tributável R$ 756,53, o Imposto de Renda retido na fonte é de R$ 255,95, fazendo o percentual final cair para 6,26% da renda bruta, sem contar deduções por dependentes e outras, quando da declaração anual, fora eventuais restituições. Esse cálculo é para esse salário de R$ 4 mil, quando a renda média do trabalhador brasileiro (em 2009) foi de apenas R$ 634,65! Reclamam mais dos impostos os que mais sonegam, e quem reclama menos é o trabalhador acostumado a receber o imposto já descontado no contracheque, tornando impossível para ele sonegar - às vistas do ‘Leão’ moderno. Porém, mesmo os que ganham na faixa isenta de imposto (R$ 1.499,15) pagam a imensa carga tributária de todas as naturezas nos produtos e serviços. O grande vilão não é o Imposto de Renda, mas a estratosférica tributação geral que gira 4 bilhões por dia!

3. COMPARANDO O NOSSO IMPOSTO DE RENDA (cont.)

Basta comparamos nosso Imposto de Renda com o do cidadão norte-americano, cuja faixa mais alta chega a 40%, sem deduções, para o chamado ‘income tax’, ou seja, o imposto federal, que será somado às taxas estadual e  municipal (sim, nos EUA impostos e taxas saem separados na fonte, nos salários e nas compras!). Dirigir automaticamente esses recursos para estados e municípios faria de nossas Unidades da Federação e cidades regiões ricas e independentes. Na França, o imposto de renda chega a 41%, e na Alemanha bate em 45%. O ‘Leão’ brasileiro não é, nem de longe, o maior imposto de renda do mundo. Mas quanto à carga tributária, sim, é pornográfica para alguns produtos tidos como ‘de luxo’, como automóveis, e menor para outros itens, mas não cabe discutir a base de cálculo de cada um, assunto para especialistas. Mas ‘toco de ouvido’: um Toyota Corolla luxo nos EUA custa R$ 30.000,00, e aqui um mais simples R$ 70.500,00, mais frete. Essa é nossa ‘carga’.

4. ALUGUÉIS E REFEIÇÕES (cont.)

Na outra ponta, o aluguel de um apartamento de classe média de 2 dormitórios, em Londres, varia de R$ 1.312,50, em Bloomsbury, a R$ 3.557,00, em South Kensington, em média (fonte: London Property Watch). Em Berlim, custa de R$ 2.221,00, fora do Centro, a R$ 2.805,00 na região central. Em Nova York, nem se fala: não se aluga nada por menos de R$ 5.400,00 e um apartamento de 4 dormitórios em Central Park West chega a modestos... R$ 158.400,00 mensais! (fonte: New York Times, 13 janeiro de 2012). Um almoço em NY não sai por menos do que R$ 41,50, incluindo a gorjeta; um almoço modesto em Paris não sai por menos do que R$ 46,00, e em Berlim vai de R$ 20,00, em um local bem simplório, a R$ 93,00 em um restaurante médio, sem luxo.  Paga-se R$ 54,00 (30 dólares) por hora em um estacionamento em NY (foto à direita) e R$ 2.700,00 (1.500 dólares) mensais para alugar uma vaga na garagem de seu prédio -quando ela existe. Uma ‘buzinada’ na área central pode custar uma multa de nada menos que R$ 630,00 (ver foto acima)

5. UM PAÍS RIQUÍSSIMO! (cont.)

Aonde chegamos? Ao fato óbvio de que o Brasil é, realmente, um país riquíssimo! Porém, com os velhos polvos de sempre com seus longos tentáculos, as notas do dinheiro destinado aos municípios chegam ao seu destino já puídas, e em geral apenas parte da carteira. Existe um monstro (não aquele famoso do Lago Ness [ilustração], mas o do Lago Sul, na Capital Federal) que se alimenta dessa máquina poderosa -haja vista os últimos escândalos- de dotações obscuras, emendas parlamentares traiçoeiras ou nepóticas e outras práticas viciosas e nada bíblicas, para dizermos o mínimo. É um contraste: de riquíssimo a paupérrimo, dos Jardins e Ipanemas ao sertões do Piauí e do Ceará. Durante o chamado ‘milagre econômico’ da ditadura, o General Golbery, o homem que tudo manipulava sem aparecer, chegou a declarar: “a economia está ótima, o povo é que está muito mal”. Acertou ele.

6. NOSSO FADO: “NAVEGAR É PRECISO”

É possível mudar? Sim, o país já foi dividido em capitanias, foi colônia, foi monarquia, passou a república, viveu grande parte de sua história sob ditaduras – portanto, pode tudo: mudar todo o sistema tributário, criar controle externo para os 3 poderes, agilizar a burocracia e a fiscalização do trato com o dinheiro público, investir os resultados de uma política econômica honesta no bem-estar da população, distribuindo renda. Mas não parece este o nosso ‘fado’ (com sentido de ‘destino’).

O fado do brasileiro (agora no sentido musical) vai continuar a ser aquele cantarolado sobre os lindos versos do poeta português Fernando Pessoa na voz de Caetano Veloso: “navegar é preciso, viver, não é preciso...” (abaixo, com a gloriosa Elis, completando 30 anos que nos deixou. Elis, “vada a bordo, cazzo”!!! Que falta você faz!)



quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

‘E JÁ É RUÍNA’: SOBRE A CRACOLÂNDIA

Artigo de Raul Juste Lores na Folha sobre a Cracolândia (6 dez, pág. 3)

Lores analisa (ler trecho do artigo abaixo) como o problema do consumo do crack é resolvido em outros países e como é conduzido no Brasil:
“Nas grandes concentrações de usuários e traficantes de drogas em Baltimore (EUA), quadras esportivas foram estrategicamente instaladas e funcionam até à noite -nelas, os serviços sociais se aproximam de quem busca ajuda para sair dessa.

Em Bogotá, na Colômbia, usuários de crack e de heroína que se inscrevem em programas de desintoxicação têm direito a receber doses de seu vício com agentes de saúde. Ninguém abandona a dependência química da noite para o dia.

Em ambas as cidades, a ideia foi atrair os usuários e logo tratá-los. Aqui, as operações preferem dispersá-los. Longe da cracolândia, eles magicamente desapareceriam”.

Obs.: De fato, 4 dias depois, o Agora on line confirma nosso (brasileiro) despreparo para cuidar do drama:

10/01/2012
Usuários de crack ficam sem tratamento após esperar 8 h
Léo Arcoverde
do Agora
Levados em vans da Secretaria Municipal da Assistência Social para a AMA (Assistência Médica Ambulatorial) Boracea, na Barra Funda (zona oeste), usuários de crack esperaram ontem por oito horas para serem transferidos para clínicas de tratamento.
Como não conseguiram vaga, voltaram para a cracolândia. Verifique a íntegra: http://www.agora.uol.com.br/saopaulo/ult10103u1032192.shtml
[foto: blog serraabaixo.blog´spot.com]

MÚSICA: A NECESSIDADE DE ENTENDER PARA TOCAR

A diferença entre quem conhece e quem simplesmente toca
O público leigo, quando vê o artista no palco, talvez não compreenda que o que lhe é mais agradável ao ouvido não é necessariamente o melhor. Não existe o ‘serrador’ (cordas), ‘batedor’ (piano, percussão) e o ‘soprador’ (madeiras e metais), esse mito pode servir para outras áreas, mas cada vez mais também na MPB/Jazz se exige mais conhecimento.

Já foi a época do ‘músico intuitivo’: o mercado, cada vez mais competitivo, impõe não apenas uma técnica mais refinada, mas também um gosto apurado e um conhecimento mais profundo sobre como tocar.

Pode-se pegar qualquer grande interpretação como exemplo, mas uma escolha excelente é a do Pau Casals (o regime franquista obrigou o catalão a usar o nome espanhol: Pablo) para o canto Kol Nidrei, do rito judaico que dá início ao Yon Kipur. Entoado pelo chamado Kantor, é uma lamentação de caráter fúnebre que teria o apelo de pedir perdão pelos votos não cumpridos.

No filme abaixo, o Kol Nidrei é cantado em uma cerimônia na Sinagoga. Os que não conhecem a cerimônia apenas tocam a versão instrumental sem saber do contexto original da oração. No caso de Pau Casals, com certeza ou ele tinha intimidade com a cultura judaica – o sobrenome catalão tem origem na França, e em várias formas tem origem judaica. Não tendo sido judeu, fica claro que o mestre do violoncelo seguiu o caminho correto: estudou sobre a origem da obra e ouviu o canto lamentoso e cheio de ‘portamentos’ (mudanças de posição deixando o ‘deslizar’ os dedos sobre as cordas, como fosse a voz humana). Confira o tema cantado pelo Hazzan Sholom Mendelssohn:




PAU CASALS E A COMPREENSÃO DO GÊNIO DO VIOLONCELO SOBRE O KOL NIDREI

O Kol Nidrei para violoncelo e orquestra (ou piano) de Max Bruch consiste em variações sobre dois temas de origem judaica, cantado pelo hazzan com grande melancolia na abertura da noite do Yon Kipur na Sinagoga. Bruch era protestante mas familiarizou-se com a cultura judaica pelas mãos de Abraham Lichtenstein. Bruch não escreveu música judaica, e muito menos religiosa, apenas empregou os dois temas em suas variações, hoje repertório não apenas do violoncelo, mas também do contrabaixo e da viola.

Abaixo, o vídeo com a gravação emocionante de Casals com a London Symphony Orchestra, sob a batuta de Landon Ronald. Se puder comparar com outras versões, grande maioria se esquece de que na segunda parte o tom continua lamentoso, mesmo tendo a tonalidade passado para ‘maior’. A maioria não resiste, toca ‘allegro’ (mais rápido), quer fazer alguma coisa virtuosística – que a música não tem. Confira a beleza da interpretação melancólica de Casals:

CDMCC-ETEC GANHA A CAPA DO DIÁRIO OFICIAL DE SÃO PAULO

Matéria divulga acordo entre CDMCC e FATEC


Quando um feito na área de música ganha a primeira página (capa) inteira do Diário Oficial do Estado, é porque a notícia é da maior importância. Publicada no sábado, dia 7 de janeiro, a matéria circulou por todos os gabinetes do executivo, legislativo e judiciário. Talvez, em jpg (na foto), não esteja bem legível, mas é possível localizar a íntegra em formato pdf, com ótima qualidade – o Blogspot não carrega páginas em pdf - , clicando em (ver link abaixo): http://diariooficial.imprensaoficial.com.br/doflash/prototipo/2012/Janeiro/07/exec1/pdf/pg_0001.pdf

RECORDE EM CONSTRUÇÃO DE PRÉDIO: 15 DIAS

EMPRESA CHINESA LEVANTA PRÉDIO-TORRE DE 30 ANDARES EM 15 DIAS

Empresa quebrou seu próprio recorde, levantando uma torre de 30 andares em 15 dias – ou seja, 2 andares por dia. Um levantamento fotográfico disponível no youtube (link abaixo) levantou mais de 1 milhão de acessos em 5 dias.
Destinado ao um hotel, perto do grande lago Donting, um dos maiores do país, a construção emprega materiais que preservam o meio-ambiente, e já é considerada uma revolução na engenharia mundial.

Quanto à expectativa de segurança, os técnicos responsáveis garantem que o prédio resiste a terremotos da mais alta magnitude (9 na escala Richter). Se for assim, é mesmo um marco. Veja:


quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

LÍVIA RÉV, 90 ANOS, EM PLENA FORMA

A música como exercício físico, mental e espiritual

Idade, em música, não é limitação, quando não se deixa levar pelo tempo. Livia Rev, pianista com diversos álbuns gravados e extensa carreira, dá o exemplo. Enquanto os dedos se moverem, parece que a chance de continuarem em forma é muito maior. Vi o mesmo exemplo em Louis Kraesner, a quem Alban Berg entregou para estreia seu concerto para violino “À memória de um anjo”, partitura dedicada à jovem Manon Gropius, falecida precocemente. Kraesner lecionava e tocava aos 90, assim como David Walter, da Juilliard School, e, o mais impressionante: fui ver Nathan Milstein, um dos maiores violinistas do século XX, impecável na execução da integral das sonatas e partitas para violino solo de Bach – isso, por volta de 1980, aos 76 anos de idade – a integral gravada por Milstein, que comprei depois da apresentação, tem uns 4 discos. Haja resistência.

Manter a memória em exercício constante, e os dedos e braços em exercícios diários, permite superar as perdas naturais do envelhecimento e proporcionam uma vida muito mais recompensadora para o músico na chamada melhor idade.

No filme abaixo, Livia mostra sua arte e técnica ao completar... 90 aninhos! Impromptu 4, de Chopin, na Sinagoga de Szeged

(colaboração de Roberta Galvão):


RETROSPECTIVA 2011 - PUBLICADO NA REVISTA CONCERTO

A COCA-COLA E A 'PEGADINHA' DA HONESTIDADE

Como uma mega-empresa encontra uma solução de marketing sem precedentes
A Coca-cola fez uma grande jogada de marketing em Portugal, com absoluto sucesso. Antes do jogo Sporting x Benfica, no Estádio da Luz, em Portugal, a empresa deixou cair propositalmente perto dos guichês da bilheteria várias carteiras de sócios do Sporting Club com um ingresso para o jogo do fim de semana.

Várias câmeras ocultas filmaram as cenas e, pasme, 95% das carteiras foram devolvidas. (Detalhe: para completar, as carteiras foram jogadas no chão com uma carteirinha do clube rival, da outra entrada!) Todo o processo foi filmado desde o ‘achado’ das carteiras à recompensa: ingressos para o jogo no sábado seguinte. Neste sábado, antes do início da partida, o vídeo foi exibido nos telões do Estádio, levantando aplausos de mais de 60 mil pessoas. E a Coca-Cola, em uma jogada fenomenal de marketing, divulgou que “há razões para acreditar em um mundo melhor”. Assista ao vídeo abaixo para ver que o marketing pode não ser tão pernicioso assim como se pensa. E que o povo pode não ser genericamente bandido como muitos falam. Não sou exatamente fã da Coca-Cola, muito pelo contrário, mas a ideia das carteiras ‘perdidas’ e da comprovação de que “pode haver um mundo melhor” com honestidade, essa foi um achado.

Há alguns anos, em São Paulo, a Rádio Eldorado FM promoveu uma brincadeira semelhante – só que os alvos foram soldados da PM em serviço nas ruas. Repórteres paravam seus carros e entregavam a cada PM uma carteira com R$ 50,00 e um cartão de visitas dentro, com nome e telefone. Pediam que fossem entregues a quem de direito e encaminhadas para os proprietários. Pois de 10 carteiras, 9 foram devolvidas intactas após telefonemas recebidos pelos repórteres! Há os nichos, sim, mas não são todos. Os que achacam agem em grupo e sabem onde procurar desvios e propinas.

O Brasil precisa parar com a mania de que ‘todo mundo é bandido’, ‘o brasileiro gosta de levar vantagem em tudo’... É preciso crer, especialmente neste início deste novo ano, que “há razões para acreditar em um mundo melhor”, como diz a bela peça de marketing montada com muito bom gosto pela Coca-Cola. Veja abaixo

(colaboração de L. A. Galhego Fernandes):

O CONSERVATÓRIO E A CERTIFICAÇÃO DA ETEC*

 [artigo escrito para o jornal O Progresso]

Para melhor compreender o recente acordo Conservatório de Tatuí/Etec (foto à esquerda: Fábio Barros) é fundamental conhecer uma breve história das instituições de ensino das chamadas artes performáticas – teatro, dança, e principalmente música. O primeiro modelo de ensino musical completo remonta a Nápoles, Itália (1537), o mais antigo de todos. Dali, formou-se um paradigma para diversas outras escolas, consolidando-se no modelo do Conservatório de Paris (1795), a que se seguiram os de Bolonha (1804), Milão (1807), Praga (1808), Genebra (1835), São Petersburgo (1862), Moscou (1862),  New England, de Boston (1867), onde estudei, e vários outros com a denominação ‘Conservatório’. (continua)

O CONSERVATÓRIO DE TATUÍ (cont.)

A ideia de uma escola de música com o currículo completo – instrumento, voz, teoria e percepção, harmonia, contraponto e história da música, além de outras, como orquestras – ganhou terreno e espalhou-se pelo mundo. Com esse intuito - formar músicos completos e bem preparados -, e modelado por essa herança universal, foi criado por lei em 1951 em Tatuí um Conservatório, com o intuito de preparar músicos bem forjados na mais sólida formação. Com certeza, não há como ‘reinventar a pólvora’, ou seja, criar algo muito diferente do resto das escolas do gênero mais bem sucedidas do mundo. A novidade ficou apenas por conta da inclusão mais recente da música popular e do jazz na maioria dessas escolas mundo afora.

Os conservatórios de Moscou, Paris e New England adquiriram status superior adequando seus currículos, mas mantendo os cursos preparatórios para o nível básico. O de Genebra somente foi guindado ao status universitário em 2009 – razão pela qual diversos excelentes músicos brasileiros não tiveram seus diplomas de lá reconhecidos no Brasil. (continua)

OS CURSOS SUPERIORES DE MÚSICA NO BRASIL (cont)

Em 2005 criei um curso superior em música (Faculdade Cantareira), com um time de campeões no corpo docente. Em dois anos, cansei de trabalhar com os grilhões do MEC pesando nos pés e mãos (foto do prédio do MEC no Rio). É difícil formar músicos em um curso superior, no país. Como professor da USP desde 1988 (hoje em afastamento), compreendi o porquê de alguns colegas, desde aquela época, já frustrados e desanimados, dizerem que música no Brasil era para conservatórios, e a universidade, amarrada e emperrada, era para musicólogos e pesquisadores. Um curso superior de música não é como os de medicina, engenharia ou direito, em que se pressupõe que o aluno ingressante nunca– ou raramente - tem  o mínimo conhecimento na área. Não se forma um músico em 4 anos -  por isso, com maior flexibilidade curricular, os cursos de violino ou piano, nos conservatórios, podem chegar aos 12 anos de duração e as demais especialidades oscilam entre 6 e 8 anos. Na universidade, ao ingressar despreparado e defrontando-se com enormes dificuldades de organização didática e burocracia, é tarefa inglória formar o músico de que o país precisa - até o dia em que o Governo Federal modificar radicalmente as estruturas - e as universidades, por sua vez, suas normas. Mas não parece de longe ser essa a vontade política do MEC, nem parece que se pretenda mudar a inércia corporativa atual. (continua)

“HARVARD, QUEM DIRIA, FOI PARAR NO IRAJÁ” (cont.)

Já que tocamos no assunto ensino de música em nível superior no Brasil, cabe lembrar um artigo publicado há alguns anos na revista Veja por Claudio de Moura Castro (mestre em Economia pela Universidade de Yale, especialista em educação), intitulado “Harvard foi parar no Irajá”, brincando com uma peça de teatro - “Greta Garbo, quem diria...”, de Fernando Mello (1973). Em tom de anedota, Castro conta que Mr. Larry Summers, então presidente da renomadíssima Harvard University (ver foto do alojamento de alunos ao lado), teria ido ao Rio de Janeiro assistir ao desfile das escolas de samba, e... apaixonou-se. Logo quis criar uma ‘Harvard brasileira’, e para isso injetou uma fortuna em busca de excelentes espaços, bibliotecas e os melhores professores. O resultado, segundo Castro, foi (ou teria sido) que em 6 meses o MEC fechou a ‘Harvard brasileira’.  E não é engraçado, é triste! (continua)

O DIÁLOGO COMPETENTE DA ETEC (cont.)

Abrir um curso técnico de música via MEC é tarefa estafante e de perspectivas nada interessantes, em termos de qualidade - haja vista a experiência vivida (e felizmente abortada) pela Escola Municipal de Música de São Paulo. Por essas diferenças, ao sair da esfera do MEC, os estudos feitos pelo Conservatório em parceria com o Centro Paula Souza, do Governo do Estado de São Paulo, levaram apenas dois anos para serem concluídos, aproveitando nosso currículo e possibilitando ao aluno selecionado um certificado do Conservatório e um diploma técnico Etec-CDMCC.  O acordo não mexe uma vírgula na grade curricular do Conservatório, mas mediante a aprovação de apenas 4 disciplinas na Etec, no final do curso, o aluno que concluir a grade ajustada com o CEETPS receberá seu diploma técnico.  A dimensão dessa conquista somente será compreendida em sua amplitude real daqui a alguns anos, após formadas as primeiras turmas.

Um possível curso superior de música por aqui, dadas as dificuldades burocráticas impostas pelo MEC, tem sido por ora uma ideia na gaveta. Porém, diante do sucesso da parceria com a Etec do Centro Paula Souza, há horizontes para sonharmos algo à parte do Conservatório - mas dentro dele - em nível superior de música.  Só o tempo dirá, e, quem viver e quiser ver, verá.

(foto: instalações da Etec-Tatuí. Foto: CPS)