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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

VENCEU O CURURU!
Votorantim leva o 1º Prêmio no III Torneio Estadual

Realizado pela primeira vez no palco do Teatro Procópio Ferreira, com um cenário perfeito do artista Jaime Pinheiro (uma perfeita ‘vendinha’ da roça), Andinho e Arlindo, de Votorantim, foram os vencedores, deixando Zé Pinto e Zacarias (Josué na viola), de Tatuí, com a terceira colocação. [Foto: Kazuo Watanabe]

Casa cheia, a grande maioria jamais havia colocado os pés no Teatro, mesmo vivendo há décadas em Tatuí; o cururu foi o apelo para que conhecessem a casa, que para eles sempre foi vista como ‘de elite’. Mas veja: uma doméstica que esteve presente – sentiu o apelo popular e tomou coragem – gostou tanto de estar ali que disse que virá ao próximo concerto da Banda Sinfônica! É o que queremos, todos assistindo.

Formar público, claro, sempre. Mas desta vez buscando nos peões, domésticas, comerciários, lojistas e periferia: mais público para o cururu e todo tipo de música de qualidade. É assim que se faz inclusão, não é apenas mote de discurso.

Parabéns aos nossos bravos Zé Pinto, Zacarias e o violeiro Josué. Vamos afinando para a versão do ano que vem, que contará simultaneamente com um concurso nacional de luteria (fabricação artesanal) de viola caipira, uma arte que tem inúmeros mestres Brasil afora.

Viva o Cururu vivo!

INDISPENSÁVEL: FABRICAÇÃO DE ARCOS

OFICINA DE FABRICAÇÃO DE ARCOS
Uma maratona inédita no Conservatório

Aconteceu de 21 a 25 de novembro a primeira oficina de fabricação de arcos de instrumentos de cordas do Conservatório de Tatuí. Os especialistas Renato Casara e José Carlos Rossoni Ramos, da tradicional cidade de João Neiva, no Espírito Santo, com larga experiência na fabricação dos artefatos, fizeram os 13 alunos do curso de luteria travarem contato intenso com a arte da ‘archeteria’ (fabricação artesanal de arcos), bastante diversa da fabricação de instrumentos. [Foto: Oficina de arcos em Tatuí. Kazuo Watanabe]

Muitos músicos consagrados dizem que preferem um ótimo arco e um violino medíocre do que um ótimo violino e um arco medíocre. Daí a importância do arco. Os mestres de João Neiva e os alunos do Conservatório estão reunidos diuturnamente no Setor da Luteria (para os que quiserem conhecer, as novas instalações ficam na  Av. Firmo Vieira de Camargo, 392, fone 15 3259-3835, com funcionamento de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h.

Por coincidência, minha tese de doutorado, que reverteu no livro do mesmo título, foi sobre ‘O arco dos instrumentos de cordas’ (Ed. Vitale, 2a. ed.), de forma que é especialmente gratificante ver introduzido, mesmo que por ora experimentalmente, o ensino da archetaria no Conservatório, o que pode vir a ser um projeto para o futuro.

O Brasil é especialmente rico no que existe de mais importante para a fabricação de um arco: a madeira da vareta. É universalmente aceito como o melhor material, desde o século 19, o ‘pau-brasil’ e algumas de suas variedades, como o ‘pernambuco’. Há uma dessas árvores (cuidado: elas são proibidas de serem cortadas sem replantio!) em frente ao Teatro Procópio Ferreira, plantada há 30 anos pelo motorista Durvalino Longanezzi.

A madeira contrabandeada para o Japão, Europa e EUA (e frequentemente apreendida pelo Ibama) chega no mercado externo a custar 100 dólares (R$ 180,00) a vareta crua, dependendo da qualidade. Um arco pronto, de boa qualidade, não sai por menos do que 2.000 dólares.

Já os feitos pelos grandes mestres do passado, principalmente os franceses, chegam a ser leiloados por 20, 40 mil dólares ou mais: Tourte, Voirin, Lupot, Vuillaume. Sem falar nos não-franceses de ponta, como Nürnberger, Pfretchner e Hill’s. Uma cópia de Pecatte feita por Vuillaume foi vendida pela casa Bonhan’s, de Londres, por 50 mil libras – ou seja, quase 150 mil reais. O recorde ficou em 150 mil libras: R$ 434.000,00. (Na foto, um 'Tourte')

O Conservatório mantém a arte da luteria tradicional, das ferramentas artesanais do passado, sem máquinas, das formas modelo italiano, pois os grandes instrumentos assim foram feitos. E, se é assim, com os arcos não poderia ser diferente. Ao final desta semana, cada aluno terá construído seu primeiro arco, abrindo-lhe caminho para aperfeiçoar-se e render-se ao enorme mercado de instrumentistas do Brasil (e quem sabe do exterior?).

VIAOESTE, IRMÃ DO CONSERVATÓRIO DE TATUÍ!

CONSERVATÓRIO RECEBE MAIS 150 MIL REAIS EM INSTRUMENTOS VIA LEI ROUANET.
Contrato foi celebrado com a Viaoeste, que forneceu o suporte financeiro para as compras.

Por meio da Lei de Incentivo Fiscal, o Conservatório vai adquirir ainda em dezembro um trombone alto (completando, assim, o naipe desses instrumentos), um contrabaixo sinfônico e um contrabaixo acústico preparado especialmente para MPB/Jazz. Com a ‘sobra’, serão adquiridos pelo menos mais 7 pianos Steinway/Boston de armário.

O ideal seria fazer como nas escolas americanas: um piano em cada sala de aulas, pois todos os instrumentos necessitam de um piano, seja para aulas ou para trabalhar sonatas, peças acompanhadas, etc. Talvez já estejamos no início deste processo.

A MÚSICA AGRADECE À JUSTIÇA FEDERAL!

JUSTIÇA FEDERAL ENTREGA MAIS 15 MIL
EM INSTRUMENTOS A ALUNOS CARENTES
Juiz Federal confirma decisão do Desembargador De Sanctis

O Juiz da 6ª. Vara da Justiça Federal, Dr. Douglas, que sucedeu o Dr. Fausto de Sanctis (hoje Desembargador) no posto, confirmou e determinou o direito de compra no valor de R$ 18 mil, ‘resto’ da verba doada para a compra dos 11 instrumentos já entregues aos alunos.

A sobra foi obtida por negociação nos preços com os fornecedores, sendo que um deles ofereceu descontos de até 40% nos preços de tabela. Desta vez, os novos instrumentos - que já estão comprados – são um xilofone, uma trompa e uma flauta transversal.

O processo de escolha se dará pelo apontamento de um nome por cada professor da área contemplada, e dentre eles serão doados cada um dos instrumentos, tendo como critério o aproveitamento nos cursos e a carência financeira. Como sempre, o aluno terá a guarda provisória dos instrumentos, e deverá comprovar bom rendimento nos estudos até a conclusão do curso, quando terá a propriedade definitiva.

Dr. Fausto discursa em homenagem feita pela ALERJ


E por falar em De Sanctis, dia 5 de dezembro ele estará na Câmara Municipal de São Paulo, às 19h30, para receber a mais alta láurea paulistana: a Medalha Anchieta. Alguns alunos que receberam instrumentos irão homenageá-lo na cerimônia – tocando, é claro.

O STF E A MARCHA DA MACONHA: O RETORNO

SUPREMO AVANÇA NA QUESTÃO DA LIBERAÇÃO DAS MARCHAS PELA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA
Ministro Celso de Mello endossa voto de Ayres Britto

Pela segunda vez este ano o tema é julgado pelo STF. Na primeira, o relator Ministro Celso de Mello votou (e foi acompanhado pelos colegas) pela liberação das marchas. Desta vez, em outra ação, o relator Ayres Britto reafirma a posição pró-marcha, inclusive a movimentação pela liberação de entorpecentes.

Celso de Mello afirmou que “nada impede que esses grupos expressem livremente suas ideias”. Gilmar Mendes questionou Mello sobre a possibilidade da organização também de marchas em favor da pedofilia, mas Celso de Mello saiu-se com essa: “Podem ser ideias inconviventes, conflitantes com o pensamento dominante. Mas a mera expressão de um pensamento não pode constituir objeto de restrição”.

A livre manifestação popular, cada vez mais, desde que ordeira, pacífica e sem ataques à honra e dignidade de pessoas ou autoridades, tem sido vista como inevitável. A sociedade, ainda ‘verde’ no assunto, geralmente tem reações radicais contra essas manifestações, especialmente a classe média mais conservadora. Cabe aos pais, igrejas, escolas e a saúde pública educar.

A discussão caminha no âmbito correto: legal, social, psicológico, e principalmente de saúde pública, muito embora no Brasil ela esteja em fase ainda muito embrionária. Somente o tempo vai levar a conclusões mais esclarecedoras e a soluções que minimizem o problema.

Os Ministros entenderam que os protestos pela legalização da maconha não constituem apologia ao crime (desde que não o façam, claro), e o considera constitucional. Já nos tempos de Woodstock, da guerra do Vietnã e outros (idos dos anos 1960), era comum ver nos EUA camisetas, bottoms, bandeiras com palavras de ordem de todos os tipos, como ‘burn pot, not people’ (‘queime fumo, não pessoas’). O Brasil, sempre foi pudico (mas só nas aparências: muitos pais, incluindo aí os que se dizem conservadores, sabem das ‘trangressões’ de seus filhos, das drogas, dos abortos, das ‘baladas’, etc.). Mas segue rumo à discussão do que é ‘um Direito’ e o que é direito, no sentido de correto. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, como se diz por aí.

[Nas fotos acima, um jovem porta um cartaz: “Legalizem a cannabis, não somos criminosos”. No outro, um pôster popularmente vendido: “Legalizem a maconha. Esvaziem as prisões, terminem com o Estado Policial”. Não tenho notícia de que alguém tenha dado muita ‘bola’ para essas manifestações... nas últimas décadas (!!!), nos EUA]

ASFALTO EM PORTIMÃO

NÃO PRECISA SER IMPIEDOSO COM NOSSO POVO IRMÃO
Poderia ter acontecido em qualquer lugar. Mas foi em Portimão, Portugal, e é divertida a cena.
O Prefeito da cidade de Portimão, região do Algarve, muito empreendedor, mandou arrancarem os paralelepípedos do centro e asfaltar as ruas. Muito impacientes por causa do asfalto que trabalhadores da Prefeitura acabaram de pavimentar, os afoitos pedestres resolveram atravessar.
Os portimenses, blogando aqui e ali, dizem que Portimão já era asfaltada, e que aquele vídeo na verdade tinha sido gravado em Coimbra. En passant, Portimão é uma cidade linda, com uma praia maravilhosa.
As imagens falam por si. Não é hoax, é notícia mesmo.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ANA, DILMA E OS LOBOS
Filme de Carlos Saura (1973) parece uma alegoria sobre a crise com o Ministro Lupi

Estrelado por Geraldine Chaplin, no papel principal, “Ana y lo lobos” é uma obra-prima de Saura. Ana se transfere para o interior da Espanha, onde deverá ser babá de 3 crianças. No entanto, o que ela encontra é uma família desagregada, com uma idosa de pensamentos mórbidos e neurótica, cujo filho vestiu-se com lingerie e roupas femininas sob as roupas de sua primeira comunhão - e possui espírito militarista. O pai das meninas tem instinto pornográfico e pedófilo, enquanto a esposa tem instintos suicidas e o irmão dela, Fernando, sofreu flagelo na infância e passou a morar em uma caverna. Os três irmãos caem na mais pura degradação, recheada de tragédias a partir da chegada de Ana.

Lupi é sobrenome que vem da mesma raiz de lupus, ou lobo, em latim. Oportuno. Há várias impressões na crise instalada em Brasília e nos Ministérios (a de Lupi é o sétimo a tremer). Uma das impressões que se tem é que Dilma se encontra refém, que os Ministérios têm ‘donos’, etc. Essa a mais fácil. Outra, a de que Dilma quer tirar Lupi mas o PDT ‘segura o Ministro’ com força. Também equivocada. Por fim, o que parece claro na imprensa de hoje é que o único que quer ficar é o próprio Lobo. Dilma, aparentando ser dócil como a Ana dos lobos, aguarda mais provas, enquanto o partido já quer a troca, o que parece deverá acontecer depois do comparecimento de Lupi ao Senado, hoje (17 de novembro), para comprovar o que não pode ser comprovado e defender-se do que não há como se defender. O rei, ou melhor, o ‘lobo’, está nu.

Qualquer administrador, em qualquer nível, que ouve ‘daqui só saio a bala’ de um subordinado em cargo de confiança – chamado ‘de livre nomeação e exoneração’ – teria sido menos ‘Ana’ e mais ‘Lobo’. Não se esconderia em uma caverna e não se autoflagelaria em prolongado sofrimento. Só sai ‘a bala’? Qualquer um diria na hora: então vai com uma de prata, daquela de matar lobisomem, e que já está ‘na agulha’ (como diz o jargão): bum!

CRISTÃOS QUEIMADOS VIVOS: UMA FRAUDE

‘CRISTÃOS QUEIMADOS VIVOS NA NIGÉRIA’
Um ‘hoax’ perigoso ressurge em português exibindo foto um monte de corpos queimados “na Nigéria”

O texto traz uma foto aqui por mim adulterada de propósito, mas que serve para se ter uma ideia da dimensão dos corpos empilhados - mas é uma mentira: os corpos são de vítimas de um caminhão-tanque que explodiu em uma aldeia do Congo, e não da Nigéria, e nunca um assassinato em massa por muçulmanos. Não foram vítimas de sunitas, isso é invenção pura. E cuidado: os que espalharam este 'hoax' o fizeram isso em nome dos “cristãos” (sic).

Pergunta: quem ganha com isso? Incitar o ódio contra os muçulmanos por meios fraudulentos e criminosos serve a quem? A matéria original (acidente no Congo), de 4 de julho de 2010, pode ser lida em algumas versões nos sites:

Explosão de caminhão-tanque mata 230 e fere 100 no Congo (Estadão)

Explosão de caminhão-tanque mata mais de 230 no Congo (O Globo)

Cristãos queimados vivos por muçulmanos sunitas da Nigéria (Senza)

CHEGOU A HORA DO CURURU!

O CURURU NÃO MORREU, MORREU NÃO!
17, 18 e 19 de novembro, às 16h
Teatro Procópio Ferreira

Ele corre nas ruas, botecos e igrejas, nos caminhos do cidadão, nas trovas e nas carreiras nos versos em devoção, na voz e viola do jovem, do adulto ou do ancião. Verve sorto como assum preto, que é passarinho que avoa no céu como fosse avião, cantando até com voz rouca, sem carecer rouquidão. Noel, Chiquito, obrigado! E salve, Paulinho seresteiro, Nogueira raiz deste chão, e tantos que já se foram, e honraram esse cantochão (e aos os que aqui continuam e que depois de nós ficarão).

Tatuí, lar do Torneio, um dos berços da tradição, recebe hospitaleira esta terceira edição, depois de dois dias de ‘Esquenta’ (‘amistoso de seleção’), palco de louvar ou lutar, como leva o coração, guarzinho o rumo da água, que segue sem direção, nos versos escorrem palavras, seja rival ou irmão, no rio do cururu, no leito da prosação. A  ponta da língua é faca, é trova, poesia ou facão, pois canto é coisa de macho, como na rinha o esporão, e a rima do boiadeiro, ou mesmo roceiro ou peão, é ouro de prosador, verso de pura invenção.

Recebam de braços abertos esta terceira edição (do cururu deste Estado, que é festa de invenção!). Venham Cesário e Agudos (de dupla de campeão), Botucatu e Tatuí, que honra com este chão, Pardinho, linda e pequena, São Manuel da oração, sem contar Votorantim, indústria da construção, e Porto Feliz que é bem-vinda, na primeira participação.

E digam aos quatro cantos, pros ventos de todo rincão, que o cururu está vivo, tá forte como garanhão, e se espalha como o fogo (em cana seca no chão). E se perguntarem se viu, diga com muita emoção: o cururu está vivo, ele não morreu, morreu não!


Video de 2010 em Tatuí, com a saudações e saúde ao mestre João Mazzero

REESCREVENDO NAPOLEÃO E BEETHOVEN


Napoleão Bonaparte assumiu a liderança da Revolução Francesa, tendo em 1804 recusado vender-se à nobreza em troca do título de Imperador. Ao contrário, fiel aos seus princípios, proclamou a República, tendo sido eleito o primeiro Presidente francês por esmagadora maioria de votos. O fato repercutiu imediatamente pelo mundo inteiro, e seus ecos propagados em efeito dominó, a começar pela Itália.

Em 1815, a República Francesa venceu a sangrenta batalha de Waterloo, e em seguida as forças prussianas. Ato contínuo, Napoleão invadiu o Reino Unido, ajudando os rebeldes ingleses a instalar um regime provisório, sob a liderança de Lord Byron, que queimou seu título de nobreza para juntar-se e aderir à causa. Farrista e mulherengo (seu último livro, “Don Juan”, é quase uma autobiografia), Byron foi eleito presidente da República Bretanha Unida. A Câmara dos Lordes foi convertida em Senado e a dos Comuns em Câmara dos Deputados. Acossada pelo povo, a família real inglesa foge para as Ilhas Virgens, deixando suas jóias, pertences e fortuna, o que exterminou a miséria do povo britânico, logo tornado o mais rico da Europa, sob uma justiça social sem precedentes.

Os revolucionários também derrubaram a monarquia na Áustria e na Hungria, para evitar que esses países líderes se aliassem no futuro em um busca de um novo e fortalecido Império, que abarcaria diversos outros países; essas nações vizinhas transformaram-se igualmente em repúblicas.

Encantado, Beethoven risca na partitura de sua sinfonia ‘Eroica’ o nome do Príncipe Lobkowitz, passando a dedicá-la a Napoleão, que foi visitar em agradecimento o gênio de Bonn em Viena, capital da República Austríaca, encontro que contou com outro admirador de Bonaparte, Wolfgang von Goethe.

Porém, antes de tudo isso, já estava consolidada a República dos Estados Unidos da América, sob a presidência de George Washington, tornada pátria independente. No Brasil, um grupo liderado pelo alferes Xavier, de alcunha ‘Tiradentes’, iniciou em Minas o estopim de uma rebelião nacional, e declarou a Independência, libertou os escravos e proclamou a República, que o elegeu Presidente. A Família Real, já sem medo de que um forte Império se instalasse na Europa e invadisse Portugal, aceitou o exílio em seu país, o que foi feito com a condição de colaborarem com a proclamação das repúblicas portuguesa e espanhola.
As Forças Republicanas Europeias Unidas (FREU) criaram uma nova e fortíssima moeda continental, e levaram os ideais republicanos aos países do Leste Europeu, notadamente a Rússia, cujo Czar, suas famílias e  nobreza foram perseguidos, fugiram ou simplesmente desapareceram: o povo libertado estava ensandecido.

O mundo chega em 1929 debelando uma crise econômica nos EUA com o auxílio do poderoso FRI, Fundo Republicano Internacional, que salvou a economia global de um desastre sem precedentes. Dissolvidos os impérios, evitara-se uma guerra de proporções mundiais cuja sombra parecia inevitável; um segundo conflito mundial mal chegou a ser cogitado. Com a riqueza dividida, o mundo conheceu a paz e a prosperidade.  

Napoleão morreu envenenado em 1824, e Beethoven a ele dedicou uma das maiores obras-primas já concebidas pelo homem, sua Nona Sinfonia, cujo último movimento inova com um coral, conhecido como “Ode à alegria”, música sobre um poema de outro admirador dos feitos napoleônicos, o grande poeta alemão Schiller. A “Ode”, no cortejo fúnebre de Napoleão, foi cantada por mais de 5 mil vozes, conclamando o mundo à alegria, ao amor à natureza e à paz entre os homens, à imagem e semelhança de Deus.

Este texto não é um “samba do crioulo doido” (música de Stanislaw Ponte Preta) internacional. É um sonho, é um sonho só. Se todos os líderes que fizeram mal para o mundo, especialmente depois de atacados pela ‘mosca azul’ do poder, tivessem mantido o prumo em direção ao bem comum, hoje seríamos um planeta próspero, justo, em diálogo, pacificado e feliz.
E se tudo isso tivesse acontecido, o chinês Mao-Tsé-Tung teria sido um presidente democraticamente eleito, fazendo vivo um de seus pensamentos: “sonho que se sonha só é somente um sonho, é um sonho só. Mas sonho que se sonha junto não é só um sonho: é realidade”.



terça-feira, 8 de novembro de 2011

TATUÍ EM WI-FI E A IDEOLOGIA

TATUÍ TERÁ A CIDADE COBERTA POR REDE WI-FI
Projeto de autoria do Vereador Vicente Menezes (PT)
é sancionado Lei pelo Prefeito Gonzaga (PSDB)

O Prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo sancionou a Lei 4583/2011, cujo projeto é de autoria do Vereador Vicente Menezes, que estende a cobertura gratuita, no limite de 128 Kbps, a todas as residências e estabelecimentos comerciais. O munícipe deve se inscrever na Prefeitura (em datas e prazos a serem divulgados), para ter direito ao acesso via rádio. Em contrapartida, o contribuinte não pode ter débitos com o Tesouro Municipal, e se obriga a manter sua residência conforme os padrões exigidos pela Municipalidade.

O alcance desta lei será enorme, especialmente para a população de baixa renda e os que poderão acessar a internet por meio de totens fabricados em parceria pela FATEC e o Juizado Especial Criminal da Comarca.

Tatuí mostra que se pode fazer política de forma muito saudável, e que, quando se reverte para a população, todo projeto é importante, e todo o calor dos debates deve ser arrefecido pelo bem comum. Que o diga a sanção desta Lei pelo Prefeito. Ao contrário do que acontecia no passado, a questão da ideologia hoje já é a de menor importância (Cazuza já reclamava: “Ideologia, quero uma pra viver!”. Ouça e veja o video abaixo, há quase 30 anos!). O eleitor vota em quem o beneficia, ou ao seu bairro, cidade, estado ou ao país. A disputa político-partidária, cada vez mais, fica reservada a eles mesmos: políticos e partidos.

LEIS QUE 'PEGAM' E LEIS QUE NÃO 'PEGAM'

‘A LEI? ORA, A LEI...’ (citando Getúlio Vargas)
Artigo de Hélio Schwartsman gera quiprocó

Em “Maconha, leis e bom-senso” (‘Folha’, 4 de novembro, pág. A2, ‘Opinião’), o articulista discorre sobre a aplicação cega das leis e a hipocrisia da leitura dos textos legais, à maneira do ‘fariseus e doutores da lei’ de que falam os escritos bíblicos. O tema era a prisão de alunos por uso de maconha no Campus, prática talvez tão velha quanto o surgimento dos primeiros prédios da Cidade Universitária no Butantã. Que o digam as vielas perfumadas da ECA, da Poli e entornos...

Compara o fato do cumprimento cego da Lei à necessidade de se construir 5,5 presídios femininos – por dia - com 500 vagas cada somente para prender 1 milhão de ‘ex-futuras mamães’ que praticam aborto anualmente. Fala também em, ao pé da letra, exercício ilegal da medicina em caso de uma pessoa passar para um amigo um anti-inflamatório para curar uma dor de cabeça violenta (Infração ao Art. 282 do Código Penal).

Schwartzman lembra que existem leis esdrúxulas no mundo como uma da Tailândia, que proíbe pisar em dinheiro, e outra, no conservador estado da Virginia, EUA, que proíbe caçar animais selvagens aos domingos, exceto guaxinins (ver foto), “que podem ser abatidos até as 14h”.

Isso remete a uma postagem que fiz há uns meses sobre outras leis nos EUA que são ‘obsoletas’, mas que ainda existem porque ninguém se importa com elas. Citei duas: a da Florida que proíbe amarrar jacarés nos hidrantes e outra, da outrora puritana Massachusetts, que veta o uso de salto alto além de 5,5 cm, pois evidenciaria as formas femininas ao andar.

Enquanto isso, em São Paulo, alguém extingue de uma golfada só um monte de leis, entre elas a que deu vida ao Conservatório de Tatuí, criado pela Assembleia Legislativa em 1951, por iniciativa do então Deputado Narciso Pieroni. A justificativa da revogação das leis, pelo Deputado Cândido Vaccarezza, fala por si: “leis obsoletas e que não têm mais utilidade no dia a dia do cidadão”. Durma-se com um barulho desses. Ou melhor,faça-se música até que o Projeto de Lei do Deputado Samuel Moreira (PL 654/2011) desencante na CCJR para seguir em frente e ir a plenário. (A placa na imagem ao lado é comemorativa da Lei 997 de 1951). Ela continua, até que a Lei de criação seja ‘ressuscitada’ pelo projeto do Deputado Samuel Moreira.

SEMANA DA MÚSICA

CONSERVATÓRIO DE TATUÍ RETOMA UMA ANTIGA PRÁTICA
Apresentações da ‘Semana da Música’ terão alunos como solistas

De 20 a 26 de novembro, sempre às 20h30, os grupos artístico-pedagógicos (Banda Sinfônica, Orquestra, Jazz Combo, Big-band, etc.) e pedagógicos se apresentam celebrando o dia do músico, que é festejado no dia 22, de Santa Cecília, sua padroeira (foto do blog: Teatro Procópio Ferreira).

Durante o ano inteiro, artistas nacionais e internacionais se apresentam, seja como solistas, em grupos de câmera, ‘masterclasses’, etc. Desta vez, volta-se à idéia original, da forma com que a ‘Semana’ foi concebida pela itapetininguense Yolanda Rigonelli, quando assumiu a direção do Conservatório: os alunos são os solistas. Esta será a 51ª ‘Semana da Música’, que deve a Yolanda a iniciativa de criação.

É muito difícil ter uma oportunidade para se apresentar como solista à frente de uma orquestra ou conjunto. Neste ano, e daqui por diante, selecionamos por meio de concursos internos os solistas da ‘Semana’, o que não apenas ajuda os alunos a se prepararem para a vida de concursos e competições mas também para a difícil arte de se portar e tocar à frente de um conjunto – sem falar na experiência enorme que isso traz, e como marca importante no currículo de quem está dando a largada para o início de uma carreira que desejamos brilhante.

Penso ser este um grande avanço ao futuro - curiosamente olhando para trás. Schoenberg, grande compositor, professor e musicólogo, disse que “a grande tarefa do educador é buscar no passado o que foi feito, para saber trilhar os caminhos do presente e apontar para o futuro aquilo que, presumivelmente, deverá acontecer” (tradução bem livre, de memória). É por aí.

CONSERVATÓRIO DE TATUÍ ESTRELA NO PRÉ-ESTREIA

SEMIFINAIS DO “PRÉ-ESTREIA” ACONTECERAM EM TATUÍ
Conservatório recebeu equipe de 30 pessoas da TV Cultura

Aconteceram no sábado, dia 5, as gravações das duas semifinais para a etapa ‘solistas individuais’, no Teatro Procópio Ferreira. A platéia estava muito ansiosa, alegre, e acompanhou a apresentação do maestro João Maurício Galindo, sempre simples e didático, em sua estréia na TV – Galindo tem dois programas na Rádio Cultura (103,3 FM): “Pergunte ao maestro” e “Aprendiz de maestro”.

Um ‘truck’ (do inglês, termo usado por caminhoneiros, significando um supercaminhão) e um outro ‘baú’ (foto) formavam um verdadeiro estúdio ligado por dezenas de cabos que levavam à mesa de som, microfones de gravação, câmeras fixas e móveis, iluminação especial, além de uma grua espetacular, de perto de 10m de comprimento, que ‘passeava’ por cima e pelos lados, girando em todos os ângulos por controles eletrônicos. O entrosamento entre a equipe da TV Cultura e a produção da casa foi tão bom, tão perfeccionista, que o diretor do programa chegou a dizer que nunca uma ‘externa’ foi tão fácil.

Os olhos do mundo da música do Brasil estarão, quando as semifinais (27/11 e 4/12) forem ao ar, voltados para o Conservatório de Tatuí. Na final, em dezembro (dia 11), desta vez na Sala São Paulo, torcendo para nosso Duo Rosa-Rochel, formado por dois violonistas de 19 e 16 anos (Paulo e Marcelly), que enfrentarão um trio de profissionais. O 2º prêmio já é uma glória imensa, mas em música nunca se pode querer menos do que primeiro: nos concursos para emprego, a vaga costuma ser uma só...

Todos os domingos, até o dia 17 de dezembro, a partir das 16h, Pré-estreia na TV Cultura. Boa música e um programa bem feito em um dia e horário em que a TV aberta só despeja o pior de todos os lixos!!!

Veja em UHF (aberta), canal 14; na NET, canal 16; SKY, canal 114; Telefônica Digital, 221, ou pela Internet, em http://cmais.com.br/aovivo . As transmissões acontecerão nos dias 27/11 e 4/12, semifinais gravadas em Tatuí, ou a grande final, dia 11/12, na Sala São Paulo, sempre às 16h. Tenha domingos inteligentes!!!

FAUSTO DE SANCTIS RECEBERÁ A MAIOR HONRARIA PAULISTANA

FAUSTO DE SANCTIS VAI RECEBER A MEDALHA ANCHIETA
Desembargador que, quando Juiz Federal concedeu doação de instrumentos recebe a maior honraria paulistana

Exatamente por seus feitos notáveis, como a luta contra o crime de colarinho branco o debate sobre o avanço da Justiça contra os poderosos intocáveis e, claro, sobre as ações que fez, quando Juiz Federal, para causas como a doação de instrumentos para alunos carentes do Conservatório de Tatuí, no dia 5 de dezembro, às 19h, haverá sessão solene no Palácio Anchieta. (Foto de Drauzio Milagres).

O Conservatório não poderia deixar de contribuir para esta justíssima homenagem a um homem sem medo, íntegro, inovador, e deve levar alguns de seus alunos agraciados com instrumentos de qualidade pelo então Juiz para abrilhantar a cerimônia que Fausto, pianista nas horas vagas (ver foto), tanto gosta.

JUSTIÇA FEDERAL: MAIS DOAÇÕES

JUSTIÇA LIBERA ‘SOBRA’ DE CAIXA PARA NOVAS DOAÇÕES
O Juiz em exercício da 6ª. Vara Criminal autorizou a compra

Quando da aquisição dos instrumentos já doados em cerimônia no dia dos pais (14 de agosto passado, ver foto de Kazuo Watanabe), foi obtido bom desconto a partir da cotações iniciais, especialmente da Yamaha, por intermédio do Assistente Artístico Erik Heimann Pais. Com essa ‘sobra’ de R$ 18 mil, já foram adquiridos uma trompa Yamaha top de linha, um xilofone e, como ‘rapa do tacho’, uma flauta para iniciante. A escolha se dará pela avaliação de carência pela Assistente Social e por um concurso interno entre os aspirantes às doações. Os valores foram liberados, dentro do mesmo processo em que Fausto de Sanctis destinou a verba aos alunos, pelo Juiz que o sucedeu, o Dr. Douglas.

MAESTROS X SOLISTAS

MAESTROS E SOLISTAS: UMA BRIGA DE FOICE
Claudio Abbado, ex-poderoso da Filarmônica de Berlim,
rompe parceria com Hélène Grimaud

Os desentendimentos começaram quando Abbado não gostou de saber que Hélène tocaria a cadenza (parte do concerto em que a orquestra para e o solista exibe sua criatividade e virtuosismo) original de Mozart, em um concerto do compositor (o de No 23), e sim aquela escrita por Busoni, que o grande Horowitz havia gravado. Houve discussões, e enfim Abbado pediu para ouvi-la depois no piano do camarim. Helène foi, e cumpriu com a vontade do maestro, tocando só para ele, no piano do camarim, a cadência original.

Mal sabia ela que Abbado mandara gravar a cadência que preferia, para montagem no CD da prestigiosa Deutsche Gramophon. Deu zebra. O CD foi para o espaço, o contrato foi rompido e assim as duas estrelas descruzaram seus caminhos. Disse Hélène: “cadenza é território do solista e eu não negocio”. Aconteceu em maio deste ano.

Birgit Nilsson , famosa soprano sueca, também estrelíssima, não gostou quando o poderoso Herbert Von Karajan mandou-a seguir o tempo dele. Birgit não aceitou, dizendo que ela simplesmente era a solista, e o andamento musical era dela. Para encerrar a pendenga, Karajan perguntou: “quem paga quem? Eu pago você, ou você me paga?”. Virou-se para a orquestra, disse “outra vez” e nem se importou com a cantora.

Eleazar de Carvalho, nossa estrela maior da regência (15 anos de falecimento este ano, 100 anos de nascimento em 2012), simplesmente conduzia a orquestra no seu tempo, obrigando o solista a acatá-lo.

Já Leonard Bernstein (que, aliás, foi co-assistente de Koussevitzky juntamente com Eleazar, na Sinfônica de Boston (ver reprodução da capa de programa de concerto em Tanglewood, com o nome de ambos), fez um divertido discurso dizendo o porquê de acatar o andamento de Glenn Gould, um dos maiores pianistas da história. Bernstein saiu-se bem e cedeu ao capricho do solista. Mas deixou uma pérola: “vocês vão ouvir uma interpretação não-ortodoxa do Concerto de Brahms, uma peformance totalmente diferente, com a qual eu jamais sonhei e nunca ouvi (...) Não posso dizer que concordo com a concepção de Gould, e isso me leva a uma questão: o que estou fazendo aqui? Apenas uma vez na vida me submeti a um solista que tinha um conceito incompatível com as minhas convicções, e este solista foi o próprio Glenn Glould. Então, eu me pergunto: por que estou aqui regendo? Porque me fascina ter a oportunidade de presenciar uma nova visão de uma obra muito executada”.

A gravação deste divertido depoimento está disponível (em inglês) neste vídeo:

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A DOENÇA DE LULA E A VISTA ESTREITA DE ALGUNS

DOENÇA DE LULA É FATOR DE ATENÇÃO
Lula é um nome na história, é símbolo da redemocratização

O tumor na laringe de Lula, exposto sem ‘véus’ e mentiras, deve ser considerado de várias maneiras: como ser humano, merece que acompanhemos com o coração a luta que terá pela frente a partir de hoje. Como líder brasileiro, um dos maiores deles, Lula perfila com Ruy Barbosa, Getúlio, Juscelino e Luís Carlos Prestes, entre outros. Lula é  símbolo vivo da redemocratização do país. Se hoje ele é uma espécie de ‘eminência parda’ de Dilma, Juscelino também tinha a sua, Augusto Frederico Schmidt, assim como Getúlio tinha o General Góes Monteiro e alguns militares os seus Golberys; o próprio Lula teve Dirceu e Frei Betto. Como ele não deve se afastar da política, dada a sua personalidade e seu histórico de lutador, haverá ao menos certa diminuição de intensidade na sua vida pública e o previsível arrefecimento físico durante o tratamento com fármacos e depois radioterapia, Dilma vai ser jogada de vez ao centro das decisões.

Resta saber como Dilma agora vai tratar as forças políticas que a pressionam, a avidez e a ambição por cargos de seus apoiadores e, claro, as possíveis futuras crises - com menor auxílio de Lula, ao menos por algum tempo, terá de assumir de vez seu papel de líder.

Um tumor ‘não muito grande’, segundo um relato oficial de um médico à imprensa acerca de um ex-Presidente da República, é uma forma sutil de dizer que se trata de um tumor ‘grande’. Não muito grande é maior do que simplesmente ‘grande’. “Não é muito agressivo” quer dizer que é agressivo. Para quem conhece casos como o dele, é situação delicada, pois se avizinha de importantes vasos e órgãos vitais. Vale torcer por ele pela importância da participação dele na vida nacional em muitos momentos, independentemente de partidos ou ideologias.

BATTISTI EM DUAS LIÇÕES: MÚSICA E VIDA

FRANK BATTISTI DEIXA MARCA HISTÓRICA NO
CONSERVATÓRIO DE TATUÍ
Regente traz exemplo de vigor musical e de vida

Pela primeira vez no Brasil, maestro Battisti traz uma lição que vai muito além da música. Quando apresentei o maestro à Banda Sinfônica, sugeri, pois o conhecia, que prestassem atenção à batuta, porém mais ainda nos olhos dele e no coração. Por ter trabalhado com ele por mais de um ano, em Boston, sabia que o maior nome da regência de conjuntos de sopros e bandas abriria seu coração. Frank é capaz de reger com os olhos, e seu carisma se impõe não pela força da autoridade, mas pela força da presença, quase que uma aura que traz uma mensagem de amor.

Suas palestras emocionaram até leigos. Não foram poucas as lágrimas derramadas, pois o coração de Frank é muito maior do que ele mesmo, e quando transborda coloca as pessoas em uma espécie de dimensão especial. Não gastou palavras em vão nos ensaios, suas exigências desciam aos menores detalhes – o que fazia em tom não-professoral, mas era sempre entendido como uma grande lição. Esses detalhes, somados, proporcionaram um concerto em que a Banda se mostrou em sua melhor forma, como conjunto e capaz de articular sons e frases com sutileza e sofisticação.

A recepção foi calorosa: é fato raro – ao menos entre os ‘mortais’ - um maestro ser recebido de pé por platéia e músicos logo à entrada, o que foi visto não de forma gradativa, uns e outros puxando a plateia, pareceu uma reação instantânea dos presentes.

A emoção havia tomado conta do público, e isso colaborou para o espírito harmonioso que se espalhou: o maestro titular da Banda, Dario Sotelo, dedicou, em nome do Conservatório, o concerto à memória das três alunas falecidas na sexta-feira, dia anterior da apresentação. Ao invés de um minuto de silêncio, Dario pediu uma salva de palmas - e foram longas palmas - para as três alunas. Era o que poderíamos fazer de melhor por elas.

FRANK BATTISTI E A HOMENAGEM ÀS ALUNAS FALECIDAS EM ACIDENTE

ACIDENTE NA SP-127 TIRA A VIDA DE 3 ALUNAS
Choque com uma carreta provocou morte instantânea

Dia lindo, ensolarado, pista dupla, 9h da manhã, excelente estrada, três jovens responsáveis. Mas foi em uma fração de segundo que a reação do motorista da carreta, ao tentar desviar de um carro que saía perigosamente do acostamento, levou a um golpe de direção que dobrou a articulação entre a cabine e a parte traseira, fazendo a imensa carreta ser jogada na pista contrária, o que fez com que o automóvel das alunas se chocasse de forma violenta e dificilmente evitável.

Marcia Regina Rodrigues de Moraes Oliveira Costa, Tatiane Miranda da Conceição Almeida e Miriam de Lima Eugênio, vinham de sua Itapetininga, como de costume, para as aulas do curso de Musicalização para Educadores, no Conservatório de Tatuí. Quis o destino tirá-las da convivência de seus familiares, amigos, colegas, alunos e professores.

Para homenageá-las, o Conservatório de Tatuí dedicou um dos mais importantes belos e concertos da temporada às moças e suas famílias: Frank Battisti regendo a Banda Sinfônica.

'PRÉ-ESTREIA': DUO DO CONSERVATÓRIO VAI À FINAL

DUO ROSA-ROCHEL DE VIOLÃO É FINALISTA!
Jovens Marcelly Rosa e Paulo Rochel vencem a barreira da idade

Com apenas 16 e 19 anos, ambos enfrentaram competidores de todo o país, muitos deles bem mais velhos e experientes. A escolha se deu por unanimidade, e o duo vai para a final, na Sala São Paulo, com uma certeza e uma ambição: primeiro, no mínimo o segundo lugar no concurso Pré-estreia, e no coração a disposição para arrebatar o primeiro lugar e o polpudo valor de R$ 35 mil.

Vamos torcer para que o troféu seja o maior, mas se o Conservatório tiver Marcelly e Paulo como vencedores em segundo lugar, já será uma enorme vitória! Agora é torcer para que ambos se entreguem, dando o melhor de si.

CRIANÇA DESAPARECIDA

SEM MAIS PALAVRAS: MENINA DESAPARECIDA
Ajude a localizá-la. Isso já aconteceu antes!

DIA DO SACI? ORA...

DIA DO SACI, GENUÍNA LENDA BRASILEIRA?
Ufanismos à parte, não é a verdade, ou é meia-verdade

Não sei o porquê desse pretenso ufanismo, muitas vezes creditando aos 'ianques imperialistas' (deve ser isso) o Halloween, quando a festa tem origens remotas na cultura celta. O Saci-Pererê, minha gente, foi trazido pelos portugueses no final do século XVIII! O gorro do Saci nada mais é do que o ‘barrete vermelho’, que povoa as lendas dos elfos e duendes do mal, como na lenda brasileira – e viria do ‘barrete frígio”, que, segundo meu consultor Antonio Ribeiro, vem de mais longe, do império romano. E foi usado durante a ocupação da Bastilha, na Revolução francesa, como 'barrete da liberdade. A origem do Saci é tão celta quanto o Halloween! A Iara foi trazida pelos alemães, a partir da Lorelei, a sereia do rio Reno (estátua à esquerda). ‘Nossa’ Iara é loira e de olhos claros, o que certamente não lhe dá a cidadania brasileira, apenas o visto permanente (ilustração da direita, abaixo). A mula sem cabeça tem origem espanhola, e certamente para lá foi ‘importada’ da cultura árabe durante a ocupação dos mouros na Península Ibérica.

Havia um programa da Rádio Cultura que eu apresentava com o Marcelo Tas – isso, no tempo em que ele ainda respondia telefonemas e e-mails. Um dos concertos foi gravado com a regência do maestro Lutero, à frente da saudosa Sinfonia Cultura. O tema daquele domingo foi exatamente “Lendas brasileiras”, e tinha músicas do Ernst Mahle, Villani-Côrtes e Villa-Lobos. Custou alguma pesquisa em fontes confiáveis (como os livros do Câmara Cascudo) e consultas a gente do ramo.

As lendas e superstições foram criadas, em sua maioria, para provocar medo: ‘tomar leite misturado com manga mata’, por exemplo. Inventada pelos senhores de engenho para que os escravos comessem as mangas, que se multiplicavam e caíam sobrando, ao invés de beberem o leite, que deveria servir apenas às famílias dos senhores.

Para a Iara, por exemplo, eu poderia fazer uma ilação divertida: ao ver que os índios ficavam na espreita quando sua esposa tomava banho na pedra do rio, o alemão disse, para espantá-los, que aquele que chegasse perto ou fosse seduzido pelo canto da sereia seria arrastado pela correnteza e afundaria nas profundezas do rio. Seria esta explicação real? Tanto quanto as lendas. Acontece que ainda hoje elas sobrevivem, e há os que nas roças ainda acreditam nelas piamente. Felizes são eles!