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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

ROSA-ROCHEL: DUO DE VIOLÕES 'LEVA' 1o. LUGAR NO PRÉ-ESTREIA

ROSA-ROCHEL (OU PAULO-MARCELLY)
Grandes vencedores do concurso Pré-Estreia
(Foto: Kazuo Watanabe)

Como não podia deixar de ser, domingo passado (11/12), às 16h, pudemos curtir à vontade o programa “Pré-Estreia”, da TV Cultura, talvez o maior, mais completo e mais diversificado concurso de música clássica já criado no Brasil. A final foi vista por músicos de todo o país.

Uma das novidades é que o concurso foi feito para TV, o que exige muito da presença no palco, fora estar sendo visto e filmado por diversos ângulos. Outra, é que havia duas categorias: solista e música de câmera – no qual se encaixa nosso duo de violões. Marcelly Rosa, nascida em São Paulo, tem apenas 16 anos e reside em Tatuí há sete anos. Paulo Rochel, 20 anos, é de Angatuba e estuda na FATEC de Tatuí. Ambos são alunos do Conservatório, nas classes de Edson Lopes e Marcia Braga, a quem parabenizamos de coração.

O setor de violão clássico é um dos que mais tem crescido no Conservatório. Há mais de um ano com instalações adequadas, conforto, sala de ensaios e aquele silêncio que o instrumento exige, tem trazido rendimento cada vez melhor e diversos prêmios para os alunos.

O Duo mudou o repertório a ser apresentado na grande final, o que causa sempre alguma ansiedade; no entanto, foi talvez por esse desprendimento e por essa vontade de vencer que uma transcrição de um sexteto para cordas de Brahms (Op. 18) feita pelo virtuose inglês John Willimas, bastante difícil, tenha convencido os jurados – creio que por unanimidade – a entregá-los o polpudo prêmio de R$ 35.000,00, mais propostas de recitais, etc.

Como diz o título do programa – Pré-Estreia -, Marcelly e Paulo agora já estão na estreia da carreira de solistas profissionais. O Brasil é pródigo em grandes nomes do violão, como os Irmãos Assad, Sergio Abreu e Fábio Zanon; no popular, Laurindo de Almeida, Yamandu Costa e Baden Powell. O violão talvez só perde o lugar de instrumento favorito para nossas dezenas de pianistas premiados no exterior.

Vamos guardar o nome desses dois jovens e acompanhá-los -  há uma luta longa e inglória que eles deverão prosseguir, não vai ser nada fácil e eles sabem. Mas parece que ambos nasceram com aquela “estrela na testa” que só os vencedores têm. Obrigado, meninos!

FRANK BATTISTI MANDA SEU CARINHO

FRANK BATTISTI E AS IMPRESSÕES DE TATUÍ
Regente descreve visita e concerto

Maestro norte-americano, que será assunto de longa matéria na revista Ensaio, agradece em e-mail:

“A visita ao Conservatório foi uma experiência maravilhosa e completa para mim. Os músicos da Banda Sinfônica foram excelentes para se trabalhar, assim como todo o pessoal do Conservatório que me ajudou e à minha esposa. Nós nunca tivemos, em todas as viagens para tantas partes do mundo onde regi ou lecionei, visto tamanha hospitalidade. Foi magnífico!!! Obrigado pelo convite para reger a Banda. Charlotte e eu estendemos nossos melhores votos para que você e o Conservatório para um sempre crescente sucesso.

Feliz Natal e Boas Festas!”

Frank Battisti.

MÚSICA PARA OUVIR NO NATAL

O que existe para ser ouvido em todos os gêneros


As emissoras de TV preparam os mesmos shows de sempre, as mesmas vinhetas e jingles, só mudam os atores sorridentes e artificialmente alegres (façamos justiça: há uma bonita canção de um anúncio da Varig). Você é obrigado a ouvir péssimas adaptações das chamadas Christmas carols (canções de Natal) americanas, muitas delas de uma pobreza de tradução claudicante. “Toca o sino, pequenino / sino de Belém...” (Jingle bells) e não dá para esquecer aquela história famosa em que um jogador de futebol desce no aeroporto da capital do Pará, declarando estar “muito contente por conhecer a terra onde Jesus (sic) nasceu”. Velhinhos de barba postiça sofrem com o calor do verão brasileiro, vestindo túnica e gorro vermelho e branco, esperando as renas que não existem por aqui, a neve que aqui não cai e a árvore chamada “maple”, que só cresce em clima temperado - mas aqui pode ser substituída por pinheirinhos).

Muitos esbanjam, competem na decoração da casa, esnobam roupas caras, comem gulosamente, empanturram-se e se embriagam, trocando presentes e ‘amigos secretos’ – que nada mais são do que uma invenção da classe média para baratear os custos dos antigos e generosos Natais. No meio da farra, que nada difere daquela do réveillon ou de um churrasco de fim de ano na empresa, não param um segundo sequer para pensar que a data comemora o nascimento do Salvador – para os que crêm ou não (o sofrimento do filho de Deus foi para todos), o símbolo, o anúncio da Paz que um dia virá.

Penso que a grande maioria não conhece, ou apenas acha familiar alguns dos grandes clássicos natalinos. Para quem gosta do ‘pop’ de bom gosto, há o Merry Christmas, CD com linda interpretação de Mariah Carey, os CDs de Elvis Presley, com a antológica Blue Christmas, ou ainda John Lennon, com Merry Christmas (com subtítulo “a guerra acabou”, celebrando o final do conflito do Vietnã): “Então é Natal / e o que você fez? / um ano a mais / e um ano novo / acabou de começar / Então é Natal / espero que você se alegre / e  ao próximo e aos queridos / o velho e o novo / um feliz, feliz Natal / e um feliz ano novo / que seja um bom ano / sem medo algum” (trad. livre).  Tem também um lindo álbum inteiro do Bob Dylan, Christmas in the heart (Natal no coração) – apesar de ser judeu, Dylan sempre comemorou o Natal.

(No link abaixo, Elvis canta Blue Christmas, de 1968)



MEU NATAL BRASILEIRO...

Na tradição natalina popular brasileira pouco se criou em música. A maior parte do que se canta (se é que ainda se canta) são versões dos carols americanos. Há exemplos que me abstenho de comentar, como uma música do Carlinhos Brown e Xuxa. É esse tipo de coisa que se toca. Mas todos se esquecem de “Presente de Natal”, de Alvarenga e Ranchinho, “Meu Natal”, de Ary Barroso, “Papai Noel esqueceu”, de Nasser e Herivelto, “Dia de Natal”, de Hervé Cordovil, e “Boas Festas”, de Assis Valente. Por serem da terra, são esquecidas. Perde o país.

(No link acima, “Meu Natal”, do Ary Barroso, por Jamelão).

NATAL CLÁSSICO

MÚSICA CLÁSSICA DE NATAL

Entre os clássicos, Tchaikovsky (1840-1893) é um dos mais tocados. Vale a pena ouvir a “Suíte Quebra-nozes”, do último balé do compositor. A suíte é uma espécie de adaptação de danças para execução instrumental – porém, se alguma vez na vida souber de uma encenação completa, com bailarinos, vá. São imperdíveis momentos de beleza! Com direito a palácios, princesas, sonhos, fantasias e alegrias. Destaque especial, como cena e música, á a “Dança da fada açucarada” (ver link do Youtube abaixo: "O Príncipe e a fada açucarada"), em que se destaca a celesta – que é um instrumento de percussão (parece um piano de brinquedo), e leva esse nome por ter um som... celestial. O personagem “Quebra-nozes", presente de Natal do padrinho de Clara, no final se transforma em Príncipe, e é apresentado por ela ao Rei e à Rainha. Claro, claro.

O ORATÓRIO DE NATAL

A OBRA-PRIMA: O ORATÓRIO DE NATAL, DE J. S. BACH

Johann Sebastian Bach (1675-1750), como bom compositor de igreja (foi “Kantor”, ou ‘mestre de capela’), deixou duas obras-primas monumentais em louvor ao sofrimento Cristo pela salvação de seu povo na terra: a “Paixão segundo Mateus” e a “Paixão segundo São João”. Porém, é grandioso, envolvente, sublime, o “Oratório de Natal”, narrado pelo personagem Evangelista, que faz os chamados ‘recitativos’. O “Oratório” de Bach leva aproximadamente três horas, e é composto de seis partes: ‘Nascimento’, a ‘Anunciação dos pastores’, a ‘Adoração dos Pastores’ (em celebração ao ano vindouro), a ‘Circuncisão de Jesus’ (da prática judaica), a ‘Jornada dos Reis Magos’ e a ‘Adoração dos Reis Magos’. Essa talvez seja a obra que mais aproxima o homem do espírito do Natal, da adoração ao Criador. Bach a compôs em devoção a Deus, inspirado em seu Filho na terra.

Presentear alguém com um CD desta obra é deixar uma lembrança para todos os anos! Há também um lindo DVD (da Deutsche Gramophon), com Harnoncourt regendo solistas, coro e orquestra. É para assistir e se envolver, impossível não gostar, está acima de gostos e preferências. É uma música que aproxima os que a ouvem do Criador. Cada parte do Oratório termina com uma exclamação de júbilo: ‘Ah, Jesus Menino’, ‘Meu coração se rejubila’, ‘Alegre-se e cante’, e ‘O triunfo está completo’, são os últimos versos de quatro dos seis Coros. Para dividir e compartilhar com alegria.

No link do Youtube abaixo, John Gardiner rege o Coro de Monteverdi e os Solistas Barrocos Ingleses, com a soprano Bernarda Fink na ária "Schafe, mein Liebster". Oratório de Natal de Bach (BWV 248), Parte II. Os instrumentos usados são reproduções de modelos de época.


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

'HOAX' NOVO: “ERRO 404: EU JÁ FUI UM ‘ILLUMINATI’”

Hoax’ na internet ‘denuncia’: Steve Jobs está vivo, é um ‘conspirador’, estamos sendo controlados pelo mal, e... você sabe...

Antes de discorrer sobre os “Illuminati”, no plural, vamos nos divertir com as ilações mais loucas do internauta. Ele se refere a uma “Nova Ordem Mundial” (título subtraído do livro “New World Order”, de William T. Still), que estuda as sociedades secretas norte-americanas desde suas origens. Porém, antes de falar disso, que dá trabalho, primeiro o lazer:

O erro começa logo no título do ‘hoax’: ‘Illuminati’ (‘Iluminados’, no plural) é uma organização secreta, portanto ninguém pode ser uma organização plural. No texto, daqueles com aparência bem ‘verídica’, uma “invasão do mundo” de Orson Welles de baixíssima estatura, aprendemos que o autor – que se disse saído da organização, correndo portanto risco de vida (ou morte, os dois estão corretos) – fala em tom ameaçador. Ou seja, saiu mas não saiu da ‘sociedade’. As abobrinhas são divertidas, como a seguir:

GOOGLE E FACEBOOK (cont.)

O PODER DOMINADOR DO GOOGLE
E DO FACEBOOK

Fala que o ‘Google’ é uma ferramenta de busca utilizada por todos e que é por aí que eles, os ‘Illuminati’, filtram as informações que chegam até você. E, continua: se reparar bem, segundo ele, os dois ‘O’ no meio da palavra mostram os ‘óculos’ com que estamos sendo observados. Muito bom. Quando nadamos na piscina, também: “swimming pOOl”; ou quando nosso filhos vão à escola, ‘SchOOl’, e por aí vai. Ah, sem esquecer o Mr. Magoo, que não enxergava nada!

Quando você tuíta “vou tomar banho”, “estou jantando”, ‘nós’, diz ele, estamos (os “Illuminatti”) te vigiando. Além de ser uma grande besteira você ficar contando tudo o que está fazendo a cada minuto, fazendo um ‘strip-tease’ virtual dos seus passos, se você tem medo do ‘mal’, apenas pare. Os “Illuminati” não vão mais seguir seus passos se você estiver desplugado!

Depois, como não poderia deixar de ser, o “Facebook”, “uma das formas de controle mais eficientes que criamos (sic) até hoje”. Haja.

A ‘APPLE’ E A MAÇÃ-SÍMBOLO DO 'PECADO' (cont.)

Steve Jobs criou a maçã? Nunca...

Agora, a “Apple”, segundo o autor “o maior exemplo de condicionamento de massas que conseguimos criar até o momento”. E, pasme, “Steve Jobs está vivo!!!” Provavelmente, eu deduzo, junto com Elvis Presley, o verdadeiro Paul Mc Cartney, Hitler e outros. Jobs utiliza o símbolo do proibido como sua logomarca. Ora... Nova York é a “Big Apple” desde os tempos do avô de Jobs, existiu (existe ainda?) uma companhia aérea cujo símbolo era... a maçã. Não a do pecado, mas da maçã do amor símbolo da metrópole norte-americana.

NY é uma cidade repleta de macieiras, daí a “Big Apple”. Era assim que os músicos de jazz dos anos 1920 chamavam a cidade, quando se reuniam em ‘jam-sessions’ (sessões de ‘jazz after midnight’: ‘Jam’) após os trabalhos regulares em casas noturnas. O livro “Tales of the jazz age” (“Contos da era do jazz”), de Scott Fitzgerald (1922), bem retratam a explosão musical da época da “Big Apple”. Nem o pai de Jobs, com certeza, havia nascido. O símbolo é mais velho do que o jazz nova-iorquino.

SIRI E O IPHONE 4S (cont.)

Sistema existia antes de Jobs comprá-lo

A próxima diz respeito ao Iphone4, e aos sistemas que eles, “Illuminati da Apple”, criaram – hilariamente, para os smartphones de todas as empresas rivais de Jobs: o “Find my friends” e o “siri”, cujo GPS você ativa ou desativa quando quiser. O mais divertido fica por conta da tradução do sério  autor dessa baboseira para “siri”: “Steve is rest inside” (Em péssimo inglês, by the way...). Ora, por fazer parte de organização internacional tão poderosa, o “Iluminado” deveria ao menos saber um pouco de inglês: a frase está escrita absolutamente errada. (Deveria ser, mesmo que soe absurdo, “Steve rests inside” (“Steve descansa dentro”) ou “Steve is resting inside” (“Steve está descansando dentro”). Ambas horríveis.

Como se não bastasse, Jobs comprou o SIRI (foto) em 2010. Mas ele já existia desde 2007, portanto longe de Jobs e da Apple, pelas mãos de Dag Kittlaus (CEO), Tom Gruber (CTO/VP) e Cheyer Adam (VP). E já levava este nome.

Antes de ser um instrumento de dominação de massas, o SIRI é um sistema acionado por voz que, além de obedecer a comandos no Iphone responde a perguntas gerais – teria algumas de dezenas de milhares de respostas prontas. O jornal USA Today publicou a resposta do SIRI a uma pergunta difícil: “qual o significado da vida?”. A resposta do aparelho: “tente ser bom para as pessoas, evite ingerir gordura, leia um bom livro quando der, caminhe, e tente viver em paz e harmonia com pessoas de todos os credos...”. Não parece coisa de quem quer dominar o mundo.

Há uns 10 anos meus filhos ganharam uma bola de plástico, claro que de tecnologia bem inferior, que ao ouvir uma pergunta acendia uma janelinha com a resposta. Como o resultado quase sempre servia para tudo, as crianças diziam “ohhh”. E não tinha Jobs ainda.

O NOVO RG E O ‘CONTROLE DOS HABITANTES’ (cont.)

O computador do filme ‘Alphaville’ (Jean-Luc Goddard, 1965) dizia: “Eu sou o Alpha 60, o controle dos habitantes”.

O sujeito vai em frente, especulando coisas horríveis, como o novo RG com ‘chip’. Isso, para o seu controle, cidadão, porque o “Big brother (personagem do romance “1984” de George Orwell) está observando você”. Ora, desde sempre os norte-americanos têm somente um número: o “Social Security”, e ele serve para tudo. E nada a ver com Jobs, mas toda vez que você usa seu passaporte nos EUA e Inglaterra, por exemplo, você “está sendo seguido” pelo país inteiro. Nos quartos de hotel, nos prédios comerciais, ao passar a chave eletrônica (cartão), idem. Temos cartão de banco com chip, de crédito idem, mas o Jobs (acho que o tal sujeito pensa assim) fez um ‘conluio’ com o Governo Federal, para controlá-lo. Esquecendo-se de que dessas organizações (“Illuminati”) não participam mulheres – portanto, Dilma não pode entrar.

AGORA, FALANDO SÉRIO (cont.)

Quem são (ou foram) os “Illuminati”?

Criado pelo professor alemão Adam Weishaupt em 1776, o “Illuminati” foi uma sociedade secreta que supostamente teria atraído a atenção de Karl Marx, anos depois. Criado em escola jesuíta, Weishaupt revoltou-se contra a igreja, achando que o cristianismo deveria ser substituído por uma religião ligada à razão.

Alguns preceitos básicos: abolição da monarquia e todos os governos organizados; abolição da propriedade privada e do direito de herança; abolição do patriotismo e do nacionalismo; abolição da vida familiar e do casamento e educação comunitária das crianças; por fim, a abolição de todas as religiões. Em 1786, o “Illuminati” foi extinto na Bavária. Nos EUA, não prosperou senão na cabeça de uns poucos, e nunca chegou ao poder. Ao contrário da ‘Freemasonry’ (maçônica), que fez dezenas deles, como Truman, Washington, Madison, Monroe, Jackson, Polk, Buchanan, Lindon Johnson, Ford e Reagan, entre outros. Porém, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa... Mas vamos e venhamos, como saiu na ‘Folha’ esta semana, malucos especularem que Madonna e e Lady Gaga são da ordem... ah, é demais. O Eminem deve ser o número um.

Para não fazer como o alarmista que denuncia a “conspiração de Steve Jobs” (sic), para ocupar a mente vazia de alguns incautos, cito algumas fontes: (1) Robison, John. Proofs of a Conspiracy”. Boston: WI Edition, 1967. (2) Webster, Nesta H. “Secret societies and subversive movements”. Hawthorn, CA: Christian book publishing of America,1924. (3) Still, William T. “New World Order”. Louisiana: Huntington House Publishers, 1990. Talvez haja traduções para o português.

[foto de Truman com o apron maçônico. Disponibilizada pela Biblioteca do Congresso dos EUA]

HOMENAGEM A STEVE JOBS (cont.)

Legado de Jobs não pode ser dimensionado

Todos os que trabalham com estúdios de som e imagem agradecem a Jobs: nenhum sistema chega perto do ‘Mc Intosh’ da Apple nessas atividades. Filho de milionário sírio com filha de alemães católicos da Califórnia, Steve foi entregue para adoção a um mecânico, Paul Reinhold Jobs, e recebeu do pai biológico, milionário, um fundo de reserva que pudesse sustentar o menino até a universidade. O resto, todos sabem.

No sentido mais subjetivo da palavra, Jobs foi uma pessoa ‘iluminada’. Cheio de sabedoria: ajudou a encurtar distâncias, colocou ferramentas da mais alta tecnologia em nossas mãos e bolsos. E, entre muitas outras coisas, me possibilita falar todos os dias – de graça – com minha filha em Londres.

Quem vê o demônio por trás da tecnologia, também viu quando surgiu a primeira TV, o primeiro Sputnik, a chegada do homem à lua, o telégrafo, etc. etc.

Uma coisa é certa: o pobre, que não pode comprar essas bugigangas (coisas da ‘Apple’), nem tem escola que lhe permita ler e mesmo ‘arranhar’ o inglês, etc., está fora dessa maléfica dominação. É coisa de classe média, no mínimo, para cima.

Agora, se você quer ler o texto integral desse suposto “Illuminati” denuncista sobre os “Illuminati” de Jobs dominando o mundo, dá para se divertir:

www.tecmundo.com.br/15539-Erro-404-Eu-ja-fui-um-Iluminatti.htm

O ESTADO, AS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E O CONSERVATÓRIO

Em 1998, FHC sancionou a Lei 9648, que autoriza o Poder Executivo a contratar associações civis, fundações (e outros sem fins lucrativos), para a gestão de equipamentos públicos.  Contratada a entidade pelo chamado ‘Contrato de Gestão’, ela é declarada Organização Social e passa a ter inúmeras metas a cumprir, sob rigorosas avaliações periódicas. Em nosso caso, o primeiro efeito prático disso é que, desligados da gestão da chamada administração direta, os artistas foram desvinculados da figura do servidor público, que melhor serve à burocracia administrativa, mas engessa a produção artística.

Cabe aqui debelar o primeiro mito imposto por aqueles que, comungando do ‘estatismo absoluto’ do passado, buscam tachar as OS como ‘privatização’, lembrando os arautos do velho pensamento kafkiano. Privatizar é simplesmente vender empresas públicas, é torná-las privadas. Associar privatizações às Organizações Sociais é iludir ou desconhecer: as Organizações não têm lucro, todos são assalariados, e eventuais receitas são reinvestidas nas atividades contratadas. Os Governos não perdem o controle em momento algum. Privatização e Organização Social são tão semelhantes quanto um refrigerante e um pé de jaca.

Segundo mito: ‘particulares’ estariam cuidando do dinheiro ‘do povo’ (ora, muitos dos que assim falam são exatamente aqueles que mais confundem uma coisa com outra!). A Lei da Improbidade Administrativa (8429/92), dispõe que todo aquele que, concursado, eleito ou em cargo de confiança, exerce função com ou sem remuneração em qualquer entidade para cujo custeio o Estado concorra com mais de 51% das receitas é um ‘agente público’! E está sujeito às mesmas – e mais outras - penalidades eventualmente impostas ao servidor no mau uso ou desvio de verbas públicas.

Terceiro mito: contratam empregados como em empresas particulares, sem concurso. Fora os cargos de confiança, portanto de livre contratação e demissão (similar ao serviço público), todos os demais são obrigados a prestar seleção pública, que pouco ou nada difere de um concurso. Prevalecem os mesmos princípios da isonomia, imparcialidade, impessoalidade e publicidade, e todos os documentos dos processos de seleção são encaminhados posteriormente ao Ministério Público.

Como se não bastasse, alardeia-se um quarto mito: a ‘compra sem licitação’. Ora, a Lei estabelece que cada OS deve possuir (e tornar público) seu manual de compras; pelo do Conservatório, o que se pratica são limites ainda mais baixos para cada modalidade emanada da chamada 8666, a Lei das Licitações. Até as compras que cabem no chamado ‘pronto pagamento’, por serem de pequeno valor, são cotadas para maior economia. Valores maiores estão sujeitos a processo licitatório – só que com muito mais agilidade e clareza, tornando virtualmente impossíveis os ‘ralos’ nada incomuns, como os que lemos nos jornais. 

Um hospital paulista gerido por uma OS teve seu tomógrafo inutilizado acidentalmente. Em 3 semanas, licitação concluída, o novo aparelho estava lá, salvando vidas – na época, um ex-diretor do mesmo hospital declarava em entrevista que, nos tempos dele, uma aquisição dessas não sairia antes de 6 meses. Ah, e os pacientes, como ficavam, então?

Por fim, cai o argumento da tal ‘falta de transparência’ (termo que não uso porque é muito empregado também pelos que mais gostam da ‘obscurescência’ – com o perdão pelo neologismo). Todos os relatórios trimestrais e anuais das atividades do Conservatório passam por um Conselho, pela UFC da Secretaria de Cultura, pela fiscalização semestral da Secretaria da Fazenda, por uma auditoria externa, pela Comissão de Avaliação das OS, pelo Tribunal de Contas e, quando necessário, pelo Ministério Público.

Em 1998 o Partido dos Trabalhadores arguiu a constitucionalidade da Lei das OS, encabeçando para isso uma ação no STF (a ADI 1923). É um direito sagrado que assiste a qualquer partido, em respeito à sua orientação programática (embora hoje o Governo Federal queira leiloar aeroportos e já contrate ONGs). Mas o processo trilha um longo caminho, e, após 13 anos, o tempo ‘caçou’ esses ‘mitos’ criados: o Ministro relator, Ayres Britto, em um documento brilhante cuja leitura no Plenário do Supremo durou 1h05 (disponível no ‘Youtube’), vota pela modernidade, e aponta a necessidade de encontrarmos novas soluções para o futuro. O voto do novato Luiz Fux cortou ainda mais fundo, mostrando que deveria ser mudada a relação OS/Estado, que passariam a partes conveniadas, e não mais contratante e contratada. A ADI 1923 transborda dezenas de volumes de papéis, mas parece que chega à ‘morte anunciada’. Porém, vejamos o embate pelo lado positivo: o STF deverá não apenas declarar a constitucionalidade da Lei das OS, mas lhe trará aperfeiçoamentos inéditos. A Corte envolve-se na causa pública, e isso é ser republicano!

Voltando ao Conservatório, uma vez revogada acidentalmente em 2006 a Lei 997/51, que criou a escola em Tatuí há 57 anos, o que teria acontecido com a instituição sem a OS? Pois é exatamente o Contrato de Gestão celebrado entre ela e o Estado que tem sobrevivido a esse ‘hiato’ incólume. O Conservatório é do Estado –  portanto, de todos os cidadãos -, e necessita de ter existência legal, e não apenas um contrato temporal. Em estágio de preparação para ir a Plenário, o Projeto de Lei 654/2011 restaurará a vigência da Lei de criação do Conservatório, retroagindo à revogação para que se produzam todos os efeitos legais.

É exatamente uma OS que conduz com versatilidade e eficiência o ensino artístico de qualidade rumo ao futuro. As OS se multiplicam, mesmo para ‘aqueles que não querem ver’.

[PUBLICADO EM O PROGRESSO DE 3 DE DEZEMBRO DE 2011]