LIVROS

LIVROS
CLIQUE SOBRE UMA DAS IMAGENS ACIMA PARA ADQUIRIR O DICIONÁRIO DIRETAMENTE DA EDITORA. AVALIAÇÃO GOOGLE BOOKS: *****

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

DIA DO SACI? ORA...

DIA DO SACI, GENUÍNA LENDA BRASILEIRA?
Ufanismos à parte, não é a verdade, ou é meia-verdade

Não sei o porquê desse pretenso ufanismo, muitas vezes creditando aos 'ianques imperialistas' (deve ser isso) o Halloween, quando a festa tem origens remotas na cultura celta. O Saci-Pererê, minha gente, foi trazido pelos portugueses no final do século XVIII! O gorro do Saci nada mais é do que o ‘barrete vermelho’, que povoa as lendas dos elfos e duendes do mal, como na lenda brasileira – e viria do ‘barrete frígio”, que, segundo meu consultor Antonio Ribeiro, vem de mais longe, do império romano. E foi usado durante a ocupação da Bastilha, na Revolução francesa, como 'barrete da liberdade. A origem do Saci é tão celta quanto o Halloween! A Iara foi trazida pelos alemães, a partir da Lorelei, a sereia do rio Reno (estátua à esquerda). ‘Nossa’ Iara é loira e de olhos claros, o que certamente não lhe dá a cidadania brasileira, apenas o visto permanente (ilustração da direita, abaixo). A mula sem cabeça tem origem espanhola, e certamente para lá foi ‘importada’ da cultura árabe durante a ocupação dos mouros na Península Ibérica.

Havia um programa da Rádio Cultura que eu apresentava com o Marcelo Tas – isso, no tempo em que ele ainda respondia telefonemas e e-mails. Um dos concertos foi gravado com a regência do maestro Lutero, à frente da saudosa Sinfonia Cultura. O tema daquele domingo foi exatamente “Lendas brasileiras”, e tinha músicas do Ernst Mahle, Villani-Côrtes e Villa-Lobos. Custou alguma pesquisa em fontes confiáveis (como os livros do Câmara Cascudo) e consultas a gente do ramo.

As lendas e superstições foram criadas, em sua maioria, para provocar medo: ‘tomar leite misturado com manga mata’, por exemplo. Inventada pelos senhores de engenho para que os escravos comessem as mangas, que se multiplicavam e caíam sobrando, ao invés de beberem o leite, que deveria servir apenas às famílias dos senhores.

Para a Iara, por exemplo, eu poderia fazer uma ilação divertida: ao ver que os índios ficavam na espreita quando sua esposa tomava banho na pedra do rio, o alemão disse, para espantá-los, que aquele que chegasse perto ou fosse seduzido pelo canto da sereia seria arrastado pela correnteza e afundaria nas profundezas do rio. Seria esta explicação real? Tanto quanto as lendas. Acontece que ainda hoje elas sobrevivem, e há os que nas roças ainda acreditam nelas piamente. Felizes são eles!



Um comentário: