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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

SALVO POR UMA ASPIRINA

O ácido acetilsalicílico, conhecido popularmente por marcas como aspirina, AAS, bayaspirina, bufferin (aspirina buferada) e outros, também está presente em inúmeras fórmulas vendidas como ‘antigripais’ e é, talvez, uma das mais antigas entre as maiores descobertas da medicina.


Papiro de Ebers
Tudo começou com o uso da casca do salgueiro usada contra diversas doenças no Egito antigo, de que há registros no chamado ‘Papiro de Ebers’ (de 1.534 a.C.) No papiro, havia referências a substâncias medicinais extraídas da casca do salgueiro que eram usadas contra dores e anti-inflamatório na antiguidade.

Friedrich Bayer (1863)
No princípio do século 19, cientistas iniciaram estudos para a criação de uma medicação sintética baseada nos mesmos princípios do salgueiro (ácido salicílico), o que veio a acontecer em 1850. Os cientistas Friederich Bayer e Johann Wescott modificaram a descoberta, sintetizando o ácido acetilsalicílico e batizando-o ‘aspirina’, em 1889, minorando alguns efeitos colaterais da medicação original.

Infográfico (Site oficial Dr. Dáuzio Varella)
Em matéria publicada na Folha há algum tempo, o conhecido infectologista Dráuzio Varella discorre sobre a descoberta da aspirina, com informações baseadas em seus sempre muito bem embasados estudos. Segundo ele, o mundo hoje produz 40 mil toneladas por ano do produto, que já foi objeto de nada menos do que 26 mil ensaios e teses científicas. Usada como antitérmico, analgésico e anti-inflamatório, a aspirina só teve o maior de seus segredos revelados em 1970, quando descobriram que sua maior propriedade seria impedir a agregação de plaquetas. Por conseguinte, a medicação passou a ser vista como recurso contra a formação de coágulos, assim evitando acidentes vasculares cerebrais (o AVC, ou ‘derrame’) e cardiovasculares (infarto). (Site oficial Dráuzio Varella: http://drauziovarella.com.br/) 

Ácido acetil-salicílico: fórmula estrutural
Ainda segundo Varella, uma quantidade de aspirina de até 325 mg (pouco mais de 3 comprimidos) antes de 24 horas após um infarto reduz em 50% o risco de morte ou de um segundo ataque! Quem está com sintomas sugestivos de infarto, ele sugere, deve tomar 2 a 3 comprimidos, enquanto aguarda o auxílio médico - ‘mal não fará’, disse.

Anderson Lima atingido:(UOL esporte)
Há coisa de 8 anos, fraturei a fíbula (quando estudei, chamava-se perônio), perto do pé - um ossinho poderoso, do qual depende a articulação do tornozelo, e até o equilíbrio do corpo. Essa ‘fraturazinha’ jogou ao chão o lutador Anderson Silva em uma luta, após um golpe do adversário, e mesmo podendo pagar os melhores médicos, hospitais e cirurgiões dos EUA, ainda está inseguro para lutar.

Pois eu fui pessimamente atendido em um hospital particular paulistano, cujos médicos não apenas exageraram no tempo de imobilização. Segundo um ótimo e conhecido ortopedista de Tatuí, não seria caso de cirurgia, como os colegas de São Paulo insinuaram (a clínica cirúrgica particular deles ficava a uma quadra do hospital onde atendem: uma ‘linha de montagem’ de fazer dinheiro. Fui imobilizado por tempo demais).

Consolidação da fíbula direita 
O ortopedista de Tatuí também me informou que, sem querer saber por quem ou onde fui tratado, nesse tipo de fratura, assim que começa a surgir no raios-x a consolidação, deve-se deixar a imobilização para que os movimentos sejam retomados, juntamente com acompanhamento fisioterapêutico. Nada disso foi feito, por falta de orientação, e fiquei com sequelas, sendo a pior, agora sob controle, um edema linfático e venoso, de que só passei a me cuidar depois de consultar outro ótimo especialista da cidade, que sugeriu um exame mais complexo.

Doppler venoso colorido: abril de 2014
Em abril de 2014 fiz um ultrassom com doppler colorido da parte afetada (ver ao lado). “Só para vermos se algum ‘vasinho’ foi afetado”, disse-me ele, sem querer antecipar nada. Foi aí então que descobri que eu tivera um trombo na veia femoral, e ele havia ficado retido em uma válvula do vaso até... dissolver-se!!!

Muito antes disso, meu antigo cardiologista de São Paulo, prof. titular da Unifesp, após exames de rotina, sugeriu-me uma aspirina infantil (100 mg) todas as manhãs. Isso foi há mais de 15 anos, e mantenho o costume até hoje, tomando o cuidado de suspender a aspirina alguns dias antes de uma cirurgia ou mesmo tratamento dentário – qualquer sangramento sob o uso da medicação dificulta a coagulação.

Embolia femoral e suas consequências possíveis
Pois no meu caso o trombo poderia ter seguido o caminho da veia femoral e subir, causando uma embolia (de ‘êmbolo’) pulmonar (ver ilustração ao lado), infarto ou outras complicações. O trombo ‘preso’ fora dissolvido graças à aspirina! Passei a interessar-me pelo assunto, li muitas matérias e artigos, textos científicos como o ‘Patient’ (UK), ‘Publimed’, ‘WebMd’ e o ‘Journal of Thrombosis’ (todos dos EUA), entre outros.

O famoso 'durão' Dr. House, ele próprio na cena um paciente , com seu mascote
Agora, ninguém deve se medicar continuadamente com aspirina – fora ocasionais simples dores de cabeça e febre baixa – sem orientação médica. Deve haver cuidado especial em pessoas portadoras de diabetes, insuficiência renal e hemofilia, entre outros, fora alguns efeitos e doenças colaterais, como irritações estomacais, a ‘síndrome de Reye’, reações alérgicas e outros.


Não vá cego pela minha opinião, de simples paciente salvo por aspirina, sem uma consulta ao seu médico especialista. Em tratamento prolongado por 5 anos ou mais, a aspirina pode salvar e prolongar vidas. Porém, apesar de simples e popular, ela não deixa de ser uma droga, e portanto somente deve ser usada preventivamente com a devida recomendação de médico especialista. E continuo com minha rotina diária de aspirina, minha fisioterapia por drenagem para reduzir o edema linfático e venoso, meias de compressão e controle médico. Mas o ponto final disso tudo é que fui salvo pelo uso diário do pequeno e em princípio inofensivo eventual comprimido infantil. 

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