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sexta-feira, 13 de abril de 2012

O SOM DO SILÊNCIO - Parte 2

Os silêncios de Beethoven e Leboyer

Essa linda letra da música de Paul Simon e Art Garfunkel (The sound of silence) bem demonstra a força, o poder do silêncio. Não foi à toa que Beethoven um dia disse que “o som é prata, mas o silêncio é ouro”. É no silêncio que se encerra o mistério maior, o universo, o vácuo, o antes e o depois da vida. Silêncio tem a ver com reflexão, contemplação. Porém, contraditoriamente, o silêncio não existe de fato para nós. 


Neste exato momento em que escrevo, com o ar condicionado silencioso de minha sala em casa ligado (e nada mais), um aplicativo instalado em meu celular mede absurdos 60 dB – sessenta decibéis (medida de volume sonoro), apenas 30 abaixo do limite para o início de uma perda neurossensorial (nome elegante para surdez parcial), se exposto diariamente por mais de 8 horas.
Então não existe o silêncio? Ora, conceitualmente sim, claro, mas na realidade não. Explico: experiências feitas com voluntários confinados em uma câmara virtualmente à prova de som demonstraram que, ainda assim, o ser humano ouve basicamente dois ruídos: um bem agudo, que é produzido pelo sistema nervoso, e outro grave, o da circulação sanguínea. Leboyer, pesquisador com experiências pioneiras em partos, colocou recém-nascidos em espécies de banheiras com água morna, em quartos quase escuros. O ambiente possuía caixas acústicas com um som grave, suave e oscilante, como que reproduzindo, nessa ‘transição’ gradual do saco amniótico para a vida exterior, o que os bebês deviam sentir quando ainda nas barrigas de suas mães (foto acima). Mais ainda: um homem lançado ao espaço ouve seus próprios sons internos, embora um desses aparelhinhos (decibelímetros) possam acusar nível zero dB, uma vez que no vácuo não existe material por onde o som possa se propagar. O silêncio, pasme, a rigor não existe para os seres vivos, e nem mesmo para os surdos. “No princípio era o verbo, e o verbo era Deus, e o verbo estava com Deus” (Jo 1:1-3): o verbo, a palavra (lat.: verbis), o som do silêncio, portanto, sempre existiu, e muito antes de nós - e continuará a existir para sempre.   

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