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sábado, 9 de fevereiro de 2013


MACHADO DE ASSIS, O CONSERVATÓRIO E A ÓPERA DE SATANÁS II
Capitu (Fernando Lago)
Essa alegoria da ópera em Dom Casmurro nada mais é do que uma reflexão machadiana sobre a Criação. Apesar das imposições maternas para se tornar padre, Bentinho amargava um conflito enorme em seu coração, que pertencia à sua amada menina, Capitu - e nada de seminário. Fica claro certo distanciamento do cristianismo que tinha Machado, mais especificamente da tradição católica do Rio de Janeiro da transição Império-República. É marcante também a influência de outro autor sobre ele: Blaise Pascal (1622-1662), mestre da ironia e da sátira. A única grande certeza do livro é a dúvida, a ironia da dúvida maior, o chamado enigma de Capitu.
Machado, ao usar a fala de um personagem fortuito introduzido no livro Dom Casmurro, um velho tenor italiano, brinca que Deus, já enfastiado, permitiu a Satanás que encenasse um libreto (texto de uma ópera), desde que longe do Céu – na terra, teatro especial, obviamente sob a regência do capeta. O escritor carioca faz essa introspecção no momento em que a dúvida, personagem virtual, vai sendo armada até o desfecho, perdendo-se nos olhos dissimulados de Capitu.
Tenore
Uma descrição de Deus como o criador que entregou seu “palco” a Satanás, maestro das coisas ruins do mundo, não era exatamente o que a fé católica pregava naqueles tempos. Tudo deveria estar nas mãos do Criador. Porém, muitos duvidaram da existência Dele porque, se Ele tudo pode, por que então o dilúvio, as perdas em família? (ou, atualizando, por que tragédias como a de Santa Maria aconteceram e continuarão acontecendo?). Se ele é bom, pensa o incrédulo, por que então não evita todos os males? Lembrando o velho tenor de Machado, parece que a ópera tem a  partitura composta e regida pelo mal. Deus apenas criou o libreto.
Dom Casmurro, de Machado de Assis, é muito mais do que um simples livro. Machado é o mestre da pena e do tinteiro, mas vai muito além deles. Perdi a conta de quantas e quantas vezes vi meu pai, na cadeira de balanço, relendo a obra completa de Machado, livro após livro, parecia-me que pela undécima vez. É possível lê-lo e relê-lo, aprofundar-se, pensar, aprender sempre mais. A cada leitura, coisas novas, ideias novas. É viver lendo, relendo e aprendendo. 

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