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sábado, 17 de novembro de 2012

A MARÍLIA DE JOSÉ DIRCEU - II

Lênin

O jovem Dirceu foi esquerdista, e sonhava em se tornar comunista, conforme ensinou o mestre Lênin: “o esquerdismo é a doença infantil do comunismo”. Dificilmente ele chegou a ser comunista, porém mesmo esquerdista já tinha traços do pior efeito colateral do comunismo: o stalinismo, o culto à personalidade, a prepotência, a censura, a manobra personalista da estudantada: “eu organizo o movimento / eu oriento o carnaval / eu inauguro o monumento no Planalto Central do país”, como festejou Caetano, em sua imortal “Tropicália”.
Pois o já adulto Dirceu inaugurou-se em Brasília, sob o manto acolhedor da democracia – regime que, para Stalin, era pernicioso para a classe operária e a causa comunista. Passados os anos, Dirceu logrou entranhar-se nos intestinos do poder, logo sendo mordido pela chamada “Mosca Azul” – aliás, título de um livro de meu primo Frei Betto (escrito após abandonar os círculos do poder palaciano). Fora do governo, dono de preciosas inside informations, Dirceu transformou-se em lobista do capital internacional que tanto combatera: a revista Piauí levou uma repórter em viagem de negócios com ele por vários países, viu as polpudas comissões para intermediar gordos contratos que manteriam por longo tempo o ex-enfant térrible muito bem de vida - não fosse a algazarra financeira do poder, no passado, que levou o ex-líder gauche às barras do STF, onde foi indiciado por graves acusações, sendo afinal condenado. Julgando-se um cidadão acima de qualquer suspeita e da lei, esbravejou que entregar seu passaporte seria uma ofensa aos seus direitos!  – esquecendo-se de que todos os demais cidadãos do país, por lei, podem ser obrigados a fazê-lo, mesmo antes de qualquer condenação.
Stalin: O "Guia Genial dos Povos"
Mas o impossível acontece: talvez Dirceu tenha sido o único no mundo que conseguiu ser ao mesmo tempo lobista do capital estrangeiro e arauto do discurso stalinista. Sim, porque Stalin foi um Luís XIV (“O Estado sou eu”) a brandir a foice e o martelo. Para Dirceu, o STF, a mais alta corte do país, que vai começar a virar a página do passado e é nossa salvaguarda moral, é “tribunal de exceção”,  seu julgamento é “político”, colocando até mesmo sob suspeição os ministros que o julgam (sob Stalin, apenas por isso ele já estaria na masmorra). E promete “recorrer” até à OEA (e quem sabe ao Vaticano ou ao Juízo Final, talvez?). Stalin foi mais coerente: cometeu genocídios, censurou, apagou das fotografias seus ex-companheiros expurgados, mas foi fiel aos seus dogmas absolutistas até o fim.
“A quanto chega a pena forte! / Pesa-me a vida, desejo a morte”, cantou o Dirceu de Marília, a Marília de um verdadeiro revolucionário, o poeta Tomás Antonio Gonzaga.
[Para quem se interessar por uma boa gravação das 12 modinhas compostas sobre poemas de Tomás Antonio Gonzaga sobre Marília de Dirceu, recomendo o CD Tempo Breve que Passaste, com a bela voz da soprano Marília (outra!) Vargas, e os excelentes Ricardo Kanji, sopros de época, Rosana Lanzelotte, pianoforte, Maria Alice Brandão, violoncelo barroco, e Guilherme de Camargo, cordas dedilhadas em instrumentos de época. O contato pode também ser feito pelo site www.mariliavargas.com]
 






















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